Descrição de chapéu Crítica
Cinema

Com repetição de sustos, adaptação de Stephen King é previsível e simplória

'Cemitério Maldito' é baseado em um dos romances mais populares do escritor americano

Cemitério Maldito

  • Classificação 16 anos
  • Elenco Jason Clarke, Amy Seimetz e John Lithgow
  • Produção EUA, 2019. 101 min
  • Direção Kevin Kölsch e Dennis Widmyer

A obra literária de Stephen King já rendeu duas dezenas de adaptações para cinema e TV. "Cemitério Maldito", um de seus romances mais populares, ganha agora uma refilmagem, 30 anos depois do primeiro filme. E não chega para receber muita aprovação.

Alguns dos filmes feitos a partir de originais de King são considerados péssimas adaptações dos livros, mesmo no caso de produções cinematográficas elogiadas. Um exemplo é "O Iluminado" (1990). Pode ser um filme delicioso e perturbador com assinatura de Stanley Kubrick, mas fica muito longe das características do romance.

Já "Cemitério Maldito", dirigido em 1989 pela apenas competente Mary Lambert, traz o DNA do escritor para a tela. Captura temas caros a ele, que cria terror com crianças, animais e a vida em cidadezinhas no interior da América. Com roteiro do próprio King, condição provavelmente fundamental para essa fidelidade ao livro, assusta demais.

Nesta fase em que Hollywood parece ter pouco a oferecer em criatividade além da avalanche do filmes de super-herói, recriar "Cemitério Maldito" parecia uma barbada. Na verdade, trocar atores e talvez imprimir um ritmo um pouco mais ágil na narrativa seriam suficientes para garantir a bilheteria de uma nova geração.

Mas a dupla Kevin Kölsch e Dennis Widmyer, com vários filmes vagabundos de terror dirigidos a quatro mãos, mostra estar inserida na turma que confunde filme assustador com filme de sustos.

A trama vai repetindo a todo instante o recurso de jogar uma imagem inesperada, para fazer o espectador pular na poltrona. Usa tanto esse recurso que a partir de alguns minutos já é esperado um novo susto a cada cena. E, como ele efetivamente vem, o efeito é nefasto para a narrativa, não surpreende mais. Assim, um filme que já tem uma história conhecida de boa parte da plateia se torna ainda mais previsível.

Se a condução do enredo é rasteira, a direção de atores inexiste. Sorte da produção ter bons nomes interpretando personagens fundamentais.

Jason Clarke, australiano que fez entre outros "A Hora Mais Escura" e "O Primeiro Homem", segura bem o papel de Louis Creed, o médico que tenta fugir do estresse metropolitano se mudando com mulher e um casal de filhos pequenos para uma cidade menor.

Lá, seu vizinho é o viúvo Jud, vivido pelo veterano sempre ótimo John Lithgow. Quando o gatinho de sua filha morre atropelado na estrada ao lado de sua casa, repleta de caminhões passando em alta velocidade, Louis segue orientação de Jud para enterrar o bichano em um misterioso cemitério de animais isolado no meio da floresta.

Ali, o gato ressuscita. Louis vai aceitar com muito medo a história explicada pelo vizinho sobre o poder mágico daquela terra capaz de reviver os mortos enterrados nela. O terror começa mesmo quando a filha do médico morre atropelada. O pai, desesperado, enterra a menina ali, mas a criança ressuscitada não será exatamente a mesma garota fofinha que ele tinha em casa.

Sustos e sangue vão sustentar a ação até o final. Para quem já viu o filme de 1989, é inevitável decretar a refilmagem como versão inferior. Para quem está se deparando com a trama pela primeira vez, a curiosidade será mantida.

"Cemitério Maldito" oferece agora a uma terceira conclusão diferente. O final do primeiro filme já não copiava exatamente o desfecho escrito por King. Desta vez, é apresentada uma nova forma de encerrar a trama. E, verdade seja dita, esta é a mais divertida de todas, dando uma levantada na qualidade do filme.

No balanço final, o "Cemitério Maldito" de 2019 é opaco, simplório. Sorte dos produtores terem uma história tão boa nas mãos. O terror de King é tão certeiro que não conseguiram piorar muito o resultado, que é um filme sem sutilezas, na medida para plateias pouco exigentes.

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