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Avenida Paulista, famosa pelos casarões e por centro financeiro, firma-se como corredor cultural

Sesc Avenida Paulista, inaugurado em abril, junta-se a locais como IMS e Japan House

São Paulo

Com a inauguração da unidade do Sesc, no fim de abril, a avenida Paulista consolidou a sua fama de corredor cultural. Sete grandes instituições ajudam a formar esse polo, com atrações para todos os públicos, de idades variadas.

“Conseguimos reunir uma riqueza muito grande. Tem cultura japonesa contemporânea na Japan House, literatura na Casa das Rosas, fotografia no IMS, a diversidade de atrações do Sesc e da Fiesp. Cada um tem a sua especialidade. Cada endereço tem algo único”, pontua Natasha Barzaghi Geenen, diretora cultural da Japan House, casa que foi inaugurada em maio do ano passado e que já recebeu quase 800 mil visitantes.

Um pouco antes da abertura do Sesc Avenida Paulista, também foi inaugurado o IMS (Instituto Moreira Salles). “Lembro que, quando pensávamos no projeto, foi citado que o local tinha em seu entorno 54 salas de cinema, o Masp, a Casa das Rosas, o Conjunto Nacional, e que a tendência é que a avenida se tornasse um corredor cultural. Felizmente, essa previsão se tornou real”, conta Flavio Pinheiro, superintendente-executivo do IMS.

Em março deste ano, todas essas instituições se uniram no projeto “Paulista Cultural”. “Essa iniciativa foi inspirada no ‘Museum Mile’, de Nova York, onde há um quarteirão só de museus que se reúnem com uma programação especial. Funcionou muito bem aqui. Nossa ideia era exatamente que um sediasse alguma atração que fosse especialidade do outro. Então, houve mostra de fotografia na Japan House e música japonesa aqui no IMS, entre outras atividades”, lembra Pinheiro. “Essa mistura só reforça a marca de diversidade da própria avenida, onde circulam pessoas de toda a cidade e que é famosa por abrigar manifestações sociais de todo tipo”, conclui.

A intenção é que o projeto entre no calendário da cidade como um evento anual. “As pessoas começaram a usar a avenida com outro propósito. E o ‘Paulista Cultural’ foi um bom termômetro para sentirmos que a avenida é mesmo a nossa praia”, opina Natasha.

A abertura da avenida para pedestres aos domingos –com a interrupção do trânsito de veículos– foi um ganho, segundo as instituições. “Estamos aproveitando para testar nosso projeto do bulevar, que transformará a rua Leôncio de Carvalho em uma praça”, afirma Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc.

Endereços antigos ganham novo perfil de visitantes

Instituições que já estão há mais tempo na avenida Paulista, como a Casa das Rosas, o Centro Cultural Fiesp e o Itaú Cultural, sentiram um melhor fluxo de pessoas nos últimos meses. De acordo com os centros culturais, as mudanças foram gradativas, mas a região sempre teve potencial para ser um corredor cultural.

"Desde os anos 1980, a avenida vem ganhando uma vida cultural que ia além dos negócios com os cinemas e com o fluxo que vem da rua Augusta. As instituições culturais perceberam isso. Com a abertura do Sesc, do IMS e da Japan House nós só ganhamos. O fluxo de pessoas aumentou”, diz Ana de Fátima, gerente de Comunicação do Itaú Cultural. “As pessoas passam de bicicleta, circulam mais a pé e se sentem convidadas a entrar onde há portas abertas”, avalia ela.

Entre as atrações mais antigas da avenida está a Casa das Rosas, construída na década de 1930. “Ela já foi galeria de arte e, desde 2005, passou a ser dedicada à literatura. A própria construção da Casa das Rosas já conta a história da avenida, que foi ocupada por casarões dos barões do café no século 19 até virar um polo cultural. Hoje, a casa representa todas as transformações da cidade”, diz Marcelo Tápia, diretor da Casa das Rosas.

O fluxo de pessoas mudou muito no endereço com a chegada de novas instituições. “O perfil dos frequentadores mudou bastante. Recebemos, por exemplo, famílias com crianças, e não só quem se dedica à literatura. Conversei com muita gente das periferias que nunca tinha ido à avenida Paulista. Nossa cidade é muito grande”, destaca Tápia.

Avenida reúne a pluralidade de SP

Quando não sabe exatamente o que fazer no seu dia livre, o numerólogo Paulo Madjarof, 26 anos, vai para a avenida Paulista. “São Paulo é uma cidade diversa, mas a Paulista reúne toda essa variedade em um lugar só. Gosto de encontrar amigos lá, porque sei que agradará todo o mundo”, diz Madjarof. “Eu gosto de ver os artesanatos à venda e os músicos de rua. Como pastel em frente ao parque Trianon e levo meu cachorro para passear”, diz o numerólogo, que adora a energia do lugar aos domingos. “É cheio de música, de famílias, é como se fosse uma grande festa!”

A chegada de novos endereços culturais foi boa para o publicitário Fernando Miranda, 34 anos, que mora e trabalha na região. “Surgiram até mais endereços para comer. Já gostava de ir ao restaurante do Masp, agora tem o do Sesc e o do IMS com boas opções também”, afirma Miranda.

Já a gerente de seguros, Vanessa Justo, 42 anos, gosta mesmo é de ir aos domingos para aproveitar a avenida fechada para os carros. “O clima está melhor, dá para patinar com as crianças e ainda curtir uma exposição”, diz Vanessa.

Há alguns pontos que precisam ser melhorados, segundo o frequentador Mario Machado. O músico de 44 anos já tocou algumas vezes na avenida e também utiliza a região como passeio. “A falta de educação de alguns artistas acaba promovendo confusão e muita poluição sonora no local, principalmente aos domingos”, lamenta Machado

Prefeitura cria regras para shows

Com liberdade e espaço para receber artesãos e artistas de rua, a avenida Paulista pode até ficar muito cheia de atrações em alguns dias, como ocorreu durante a Virada Cultural, no fim de semana passado, e como acontece aos domingos, quando é fechada para carros. Às vezes, a distância entre um músico e outro não é suficiente, e os sons acabam se misturando.

A prefeitura divulgou em 2015 uma cartilha com algumas regras para que artistas convivessem de forma harmônica. É preciso manter o local da apresentação limpo, estar atento à altura do som e ter pelo menos dez metros de distância de outra apresentação sonora, entre outros quesitos.

Para Alexandre Pflug, diretor do Centro Cultural Fiesp, é saudável dar espaço a artistas de rua. “Nós temos um palco aberto na avenida. Mantemos uma programação com artistas convidados, mas, em um domingo por mês, abrimos espaço para artistas de rua, que podem se apresentar aqui, em um palco maior, com estrutura de som melhor”, explica Pflug.

Ele conta que a instituição poderia fazer apresentações musicais aos domingos durante o dia, mas a ideia é que haja espaço para todo o mundo mostrar sua arte. “Por isso, definimos que só teríamos o show das 16h. Há artistas surgindo a todo o tempo e é preciso estimular isso”, afirma o diretor. “Quem passa por aqui acaba entrando para conhecer”, avalia Pflug.
 

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