Rita Lee: conheça a São Paulo retratada pela cantora em suas músicas e autobiografia

Lugares como o Ibirapuera e a Liberdade estão no roteiro da estrela do rock, que morreu aos 75

São Paulo

Em seu livro "Verdade Tropical", Caetano Veloso escreveu que viu em Rita Lee a "mais completa tradução" da cidade de São Paulo, como fixou na letra de "Sampa". A cantora morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos.

Rita Lee durante seu último show em São Paulo, no vale do Anhangabaú
Rita Lee durante seu último show em São Paulo, no vale do Anhangabaú - Julia Chequer/Folhapress

Além de deixar um legado no rock brasileiro com suas músicas, Rita Lee viveu a cidade como ninguém.

E colocou São Paulo, onde nasceu, sob os holofotes nos anos 1960, quando a metrópole ainda consolidava sua fama entre outras cidades brasileiras. A artista, inclusive, se autodenominou Santa Rita de Sampa, em um álbum homônimo de 1997.

Veja a seguir um roteiro que relembra, em marcos da capital paulista, a produção e a vida de Rita Lee.

Aeroporto de Congonhas
Aos sábados, o divertimento da família de classe média da cantora era ir a Congonhas, "ver avião subir e descer", como Rita conta em sua biografia. O aeroporto foi inaugurado em 1936 com vista para a avenida Washington Luís, com construção em art déco. A mãe, Romilda Padula, tinha origem italiana; o pai, Charles Jones, era dentista e descendente de americanos.
Av. Washington Luís, s/nº, Vila Congonhas, região sul


Bairro da Liberdade
Em 1985, Rita Lee gravou um clipe noir de "Vítima" no bairro da região central da cidade, com seus característicos postes de luz. Além de descrever uma paixão arrebatadora por "um jeito estranho de cara normal", a letra também fala de um frio em São Paulo "que me faz transpirar".
R. Galvão Bueno, Liberdade, região central


Cine Metrópole
Rita Lee costumava ir ao Cine Metrópole, na avenida São Luís, no centro da cidade —filmes sobre os Beatles estavam entre os títulos assistidos. O cinema já não existe mais: virou uma balada do grupo The Week em 2012 e fechou dois anos depois. A Galeria Metrópole, que o abrigava, passou tempos com pouco movimento, tomada por agências de viagens. Hoje, artistas e designers renovam o espaço.
Av. São Luís, 187, República, região central


Instituto Biológico
O endereço aparece com frequência na autobiografia de Rita Lee. Surge como parada em direção aos piqueniques feitos no parque Ibirapuera e também como local onde a artista adotava bichinhos de estimação. O instituto funciona como um centro de pesquisa e abriga o maior cafezal urbano de São Paulo. Ali, o público pode participar de eventos esporádicos e visitar um museu, que conta com exposição permanente.
Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1.252, Vila Mariana, região sul


Liceu Pasteur
Rita Lee estudou no colégio franco-brasileiro Liceu Pasteur, localizado até hoje no bairro da Vila Mariana, zona sul da cidade. Lá, a aluna ia mal em matemática e era expulsa da sala de aula por conversar demais —além de aprontar poucas e boas, como jogar tinta vermelha na caça das meninas de quem não gostava.
R. Mairinque, 256, Vila Mariana, região sul


Museu do Ipiranga
Rita Lee diz, em seu livro, que conhecia bem o museu. Parte da memória afetiva dos paulistanos, o espaço passou por uma reforma e foi reaberto no ano passado, após quase dez anos fechado. É possível conhecer 11 exposições permanentes, que exibem em torno de 3.500 itens, além de um mirante com vista panorâmica e o parque da Independência, nos arredores do prédio.
Parque da Independência, s/nº, Ipiranga, região sul


Parque Ibirapuera
A artista conta em sua autobiografia que aos fins de semana fazia piqueniques familiares no parque, inaugurado no quarto centenário da cidade, em 1954. O lugar, aliás, é citado em "Vírus do Amor", de 1985: "Bizarros casais/ Restos mortais do Ibirapuera". O parque também aparece na vida de Rita quando fotografa a capa do terceiro álbum com a banda Tutti Frutti, "Entradas e Bandeiras", em 1976.
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, Vila Mariana, região sul


Pompeia
Foi na Rua Venâncio Aires, em Pompeia, região oeste, que os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias cresceram e travaram contato com o rock e com canções dos Beatles. Nos anos 1960, Rita Lee entraria na história dando origem à banda Os Mutantes. Considerada uma das ruas do berço nacional, lá foi onde os primeiros álbuns do grupo foram compostos.
R. Venâncio Aires, Pompeia, região oeste


Rua Augusta
Na canção "Hey Boy", lançada em 1970 pelo grupo Os Mutantes, Rita Lee caçoava dos garotos que viviam de mesada e desfilavam pela rua Augusta com roupa importada em seus carros. Na rua, ela também frequentava a "única loja de discos atualizada em São Paulo", chamada Hi-Fi. Muitos anos mais tarde, a via ganhou fama por suas baladas, com jovens frequentando a noitada em casas noturnas.
R. Augusta, Consolação, região central


Rua Joaquim Távora
Foi em um casarão do anos 1920 na rua Joaquim Távora, na Vila Mariana, zona oeste da cidade, que Rita nasceu. É com carinho que ela retrata o imóvel, cujo porão era forrado com fotos de artistas de cinema, e que hoje é sede da Igreja Presbiteriana do Parque Americano.
R. Joaquim Távora, 670, Vila Mariana, região sul


Viaduto do Chá
Em sua biografia, Rita Lee retrata uma São Paulo de 50 anos atrás em que o viaduto do Chá era lugar de passear —mas assim como antes, o local continua sendo rota cotidiana de pessoas indo e voltando do trabalho. Outro ponto que fez parte da vida da cantora fica ali perto: o vale do Anhangabaú, onde fez o último show antes da aposentadoria, no evento do aniversário de 459 de São Paulo.
Vale do Anhangabaú e Viaduto do Chá, Centro

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