Quatro grandes musicais chegam a SP; veja curiosidades

Não é de hoje que os musicais invadem a agenda paulistana. Há cerca de uma década, a cidade tem recebido uma enxurrada de versões da Broadway e de produções nacionais.

Mas o mês de março tem superado a média e contabiliza sozinho quatro grandes estreias. Dois espetáculos já entraram em cartaz na última quinzena --"A Família Addams", no Teatro Abril (centro de SP), e "Tim Maia - Vale Tudo", no Procópio Ferreira (centro).

Outros dois chegam aos palcos neste fim de semana: "Um Violinista no Telhado", da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, vem de uma temporada carioca para o Teatro Alfa (zona sul), e "Priscilla, Rainha do Deserto", baseado no filme australiano de 1994, ganha o palco do Teatro Bradesco (zona oeste).

Confira a seguir detalhes e curiosidades sobre cada um:


Crédito: Lenise Pinheiro/Folhapress Atores Soraya Ravenle e José Mayer (ao centro) ao lado do elenco mirim do musical "Um Violinista no Telhado"

"Um Violinista no Telhado" - tradições judaicas marcam peça

Tradicional espetáculo da Broadway (a primeira montagem data de 1964), "Um Violinista no Telhado" ganhou, no último ano, versão da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. A montagem chega a São Paulo nesta sexta-feira (16) para sessões no Teatro Alfa.

Baseado em contos de Sholom Aleichem, o musical se passa em Anatevka, um fictício vilarejo judaico da Rússia czarista. Nele, o leiteiro Tevye (José Mayer) luta para perpetuar as tradições e lidar com a hostilidade de ataques antissemitas naquele país.

Em meio a belos números musicais --as composições de Jerry Bock e Sheldon Harnick e a coreografia de Jerome Robbins são inspiradas nas culturas russa e judaica-, o protagonista e sua mulher, Golda (vivida por Soraya Ravenle), entram em conflito com suas três filhas mais velhas.

As garotas Tzeitel, Hodel e Chava desafiam o costume local ao rejeitar casamentos arranjados e ao adotar comportamentos fora do padrão.
Aos poucos, entre discussões bem-humoradas com Deus e com sua mulher, Tevye começa a compreender as mudanças e a tentar se adaptar a elas.

"O espetáculo fala muito do olhar para o outro", explica Möeller, que assina a direção.

O violinista do título (atores mirins pincelam a peça tocando o instrumento) representa a leveza com a qual personagem principal lida com as adversidades.


Crédito: Maria do Carmo - 8.mar.12/Folhapress Cena do musical "Priscilla, Rainha do Deserto", que estreia no Teatro Bradesco

"Priscilla, Rainha do Deserto" - espetáculo tem músicas pop conhecidas

A história marcou o cinema em 1994 ao mostrar um grupo de drag queens que atravessam o deserto australiano. Em 2006, a trama virou musical em seu país de origem e, desde então, já fez temporadas em Londres e Nova York.

Uma versão brasileira chega ao Teatro Bradesco (zona oeste) e estreia neste sábado (17).

O musical conta as aventuras de Bernadette (Ruben Gabira), Mitzi (Luciano Andrey) e Felicia (André Torquato), um transexual e duas drag queens, respectivamente, que viajam no ônibus Priscilla, uma megaestrutura montada sobre o palco (leia mais abaixo).

No meio do caminho, o veículo quebra e elas são obrigadas a passar um tempo em uma cidadezinha do interior, onde conhecem o mecânico Bob (Saulo Vasconcelos).

A história é permeada por músicas pop bastante conhecidas --não faltam divas como Madonna, Cyndi Lauper e Gloria Gaynor--, quase todas cantadas no idioma original.

Segundo o diretor, Simon Phillips, só foram traduzidos trechos que fazem sentido à narrativa, já que boa parte das canções é meramente ilustrativa.

Logo no início da peça, dá para perceber o clima de balada que colore o enredo: um globo espelhado desce e ilumina a plateia. Em seguida, abre-se a cortina para um desfile de plumas e paetês.


Crédito: Sérgio Lima/Folhapress O neto do Slvio Santos, Tiago Abravanel, interpreta Tim Maia em musical

Tim Maia - Vale Tudo, o Musical

Tiago Abravanel mostra com propriedade o carisma e a malandragem de Tim Maia. A história do cantor, escrita por Nelson Motta e dirigida por João Fonseca, traz sucessos como "Vale Tudo" e "Primavera". Em muitos momentos, a sensação é a de que se está realmente assistindo a um show de Tim.


Crédito: João Caldas/Divulgação Cena do musical "A Família Addams", com Daniel Boaventura e Marisa Orth (à frente) como Gomez e Morticia Addams

A Família Addams

Marisa Orth e Daniel Boaventura interpretam o sarcástico e macabro casal Gomez e Morticia. Na trama, inspirada nos quadrinhos de Charles Addams, a filha Wandinha se apaixona por um jovem de uma família tradicional e decide se casar com ele. O acontecimento vira a casa de cabeça para baixo.


FATOS E CURIOSIDADES

  • 100 músicas são tocadas ao todo nos quatro musicais
  • 560 minutos são necessários para assistir a todas as peças
  • R$ 250 é o valor do ingresso mais caro
  • 500 figurinos são usados em "Priscilla"
  • Na temporada carioca de "Violinista", Julia Bernat, filha da atriz Soraya Ravenle, interpretava Chava. Em São Paulo, quem vive a personagem é outra Julia: Fajardo, filha de José Mayer
  • US$ 1,5 mi (cerca de R$ 2,7 milhões) é o valor avaliado do ônibus de "Priscilla"; o equipamento veio de Londres e demandou uma semana --e seis técnicos-- para ser montado. Para receber o automóvel de oito toneladas, o palco do teatro foi reforçado com vigas especiais
  • Para não incorrer em erros de detalhes, a equipe de "Violinista" contou com assistentes (na direção, no figurino e na coreografia, por exemplo) judeus
  • 700 kg é o peso aproximado da cortina do palco em "A Família Addams", um espetáculo à parte. São seis motores para dar vida ao objeto, que se move o tempo todo

Crédito: Lenise Pinheiro/Divulgação Fernanda Couto (centro) em cena do musical "Nara", que homenageia a musa da bossa nova

CONFIRA OUTRAS PEÇAS COM MÚSICA:

Os Boêmios de Adoniran
Dirigida por Milton Machado, a peça tem a presença de cinco músicos. A história conta a vida de João, que, após receber a carta de um amigo, retorna à rua onde morou quando era jovem.

Cambaio (A Seco)
O musical de Adriana e João Falcão é composto de canções de Chico Buarque e Edu Lobo. Na trama, uma moça cruza o caminho de um cambista que tem os últimos ingressos para
o show de um pop star.

Florilégio Musical
Dirigidos por Elias Andreato, os atores Mira Haar e Carlos Moreno interpretam canções da década de 1950, escritas por compositores como Lupicínio Rodrigues e Edith Piaf.

Hair
O musical adaptado por Claudio Botelho e dirigido por Charles Möeller se passa durante a Guerra do Vietnã e mostra uma tribo de hippies e seus dilemas.

Marulho: o Caminho do Rio
Escrita por Rudifran Pompeu, a peça do grupo Redimunho sobre o sertão mineiro tem músicas executadas pelos atores.

Nara
Com números musicais, a montagem retrata a trajetória de Nara Leão, musa da bossa nova. A protagonista é interpretada por Fernanda Couto, que assina o texto ao lado de Márcio Araújo.

Pelo Telephone
Tendo como fio condutor canções que citam o telefone, o musical de Claudio Simões mostra obras de compositores brasileiros.

A Saga Musical de Cecília Desde as Priscas Eras Até os Dias de Hoje no Pedaço de Terra Dividida que Carrega o Seu Santo Nome
O show musical do grupo Folias relembra a trajetória da trupe. O texto de Carlos Francisco (a partir de argumento de Dagoberto Feliz) tem direção de Danilo Grangheia.

A Travessia da Calunga Grande
Com vários versos cantados, a Cia. Livre, dirigida por Cibele Forjaz, reconstrói o passado escravocrata do Brasil. O texto de Gabriela Amaral Almeida teve a colaboração do grupo.

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