Irmão gêmeo de Eriberto Leão no teatro, Otto Jr. está com duas peças em cartaz

Na peça "A Mecânica das Borboletas", o ator Otto Jr. interpreta um rapaz do interior que precisa bancar a família depois que seu irmão gêmeo (Eriberto Leão) foge com as economias da casa.

Vinte anos depois, ele volta, e isso tudo provoca uma série de sensações que variam entre a raiva e a vontade de ter feito igual, corrido atrás dos sonhos. A peça fica em cartaz só até domingo (27) no teatro do Sesc Consolação (centro de São Paulo).

Crédito: Guga Melgar/Divulgação Otto Jr. (esq.) e Eriberto Leão em cena de "A Mecânica das Borboletas", que fica em cartaz até domingo (27)

Otto também está nos palcos da capital com outra produção: "Outros Tempos", de Harold Pinter, no Teatro Augusta (centro). As sessões são às quartas e quintas.

Na história, o autor "abre possibilidades" e promove uma "relativização do passado e de um possível conceito de verdade", segundo o ator.


LEIA ENTREVISTA COM OTTO JR.

"Guia Folha" - Sobre "Mecânica das Borboletas", você acha que sempre é mais feliz quem se joga nos sonhos e não fica acomodado?
Otto Jr. - O primeiro impulso diante dessa pergunta é responder rapidamente que sim, claro. Mas sabemos que nem sempre é possível. Na peça, vemos que, por conta das circunstâncias, o meu personagem não consegue se jogar no seu sonho de adolescência que nutria juntamente com seu irmão gêmeo. Isso faz com que, de fato, ele se torne um homem um pouco amargo, fechado, duro. Ele então, mais que sonhar, começa a construir um segundo sonho, até mesmo para amenizar a aparente perda daquele seu primeiro.

A vida guarda surpresas, e esse segundo sonho acaba se juntando muitos anos depois ao primeiro... Acho que "A Mecânica das Borboletas" mostra que sim, existe mais felicidade em quem se joga nos seus sonhos. Mostra ainda que, mais importante do que sonhar, é desejar. Persistência. O desejo verdadeiro nos move, e nos faz viver com mais força e alegria.

Crédito: Divulgação Otto Jr. e Cristina Flores (foto) estão na peça "Outros Tempos", em cartaz quartas e quintas no Teatro Augusta

Já ficou em cartaz com duas peças ao mesmo tempo, como agora? É muito desgastante?
Sim, já aconteceu, mas dessa vez está sendo muito especial por ser em São Paulo. Eu admiro e respeito muito o teatro que é realizado aqui na cidade. O profissionalismo, a qualidade, a seriedade e até mesmo a quantidade. Não é desgastante, ao contrário, é motivante. É uma afirmação e confirmação do meu trabalho, da minha busca. O que me traz mais satisfação é que são dois trabalhos muito distintos, sobretudo na atuação.

Em relação a "Outros Tempos", o que você acha que mais chama a atenção do público?
A genialidade do texto do Harold Pinter. A maneira como ele abre possibilidades, de como ele amplia limites. A relativização do passado e de um possível conceito de "verdade". O confronto permanente entre nós seres humanos mesmo num ambiente aparentemente harmônico e cortês. E tudo isso com pitadas de humor. Ele coloca todos para trabalhar, os atores e os espectadores também. Todos entram no jogo. Esse é um texto que o próprio Pinter declarou ser um de seus prediletos (ele chegou a atuar em uma montagem ao lado de Liv Ullmann) e, estranhamente, salvo engano, só foi montado única vez no Brasil. Acho que esta montagem de "Outros Tempos" ("Old Times") estamos conseguindo defender e realizar com dignidade.

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