No popular e tradicionalíssimo teatro Kabuki-za, em Tóquio, dá para fazer refeições inteiras durante a apresentação, levando comida e bebida de casa ou comprando lá mesmo. O costume vem do teatro ao ar livre no período Edo, séculos 17 a 19.
Na Londres de Shakespeare, séculos 16 e 17, os espectadores da geral, que ficavam em pé diante do palco, comiam frutas, ostras, nozes, fazendo barulho. Mas hoje no West End londrino, com suas salas apertadas erguidas na era vitoriana, não se come nas apresentações, só nos intervalos —e, de preferência, sorvete em potinhos, vendidos nos corredores.
Em São Paulo, onde comida, bebida e a projeção de anúncios vão se tornando comuns, sobretudo nos teatros de shoppings, a influência maior parece vir da Broadway. Nas salas do distrito teatral de Nova York, vende-se de tudo , mas principalmente comida e bebida . E, há dez anos, alguns teatros passaram a admitir que o façam durante as apresentações.
Vinhos espumantes ganharam taças de plástico com tampas para abafar ruído e não vazar, mas nada segura o mastigar barulhento e a disputa por pipoca na primeira fila —denunciada pela estrela Patti LuPone quando ela fez “Sweeney Todd”.
Mas há outra vertente, que vê o ato de comer no teatro não como fonte de receita e sim como parte do rito. É o que fazem, entre muitos outros, a diretora francesa Ariane Mnouchkine, quando traz espetáculos como "Les Éphémères", a Cia. Hiato, com a recente “Odisseia”, ou a atriz Valéria Arbex, neta de sírios, que em “Salamaleque” já recebia o público na cozinha.
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