Conheça 18 botequins clássicos da cidade de São Paulo

Desde março de 2012, os boêmios paulistanos mais tradicionais estavam sem um de seus emblemáticos redutos: o Bar Léo, clássico botequim da década de 1940 que foi fechado devido a irregularidades com o chope vendido.

A agonia, no entanto, passou. Na última quarta-feira (22), o bar foi reaberto e agora está sob gestão dos mesmos donos do Bar Brahma, outro clássico da cidade que anima as noites do centro desde 1948.

Aproveitando a volta à ativa do Léo, selecionamos outros botecos paulistanos que se destacam não apenas pela idade avançada (veja no topo da página uma linha do tempo com o ano de abertura de cada bar), mas pela qualidade e carisma do serviço e também pelo charme nostálgico que dão à cidade -quase sempre ávida por novidades em detrimento das tradições.

A seguir, viaje no tempo em 18 botequins de todas as regiões de São Paulo e, após a leitura, escolha o seu clássico favorito para beber uma cerveja geladinha. Em copo americano e à moda antiga, claro.


CENTRO

Amigo Giannotti
Aberto na década de 1970, é um negócio familiar que ganhou fama por sua cozinha apurada, repleta de receitas caseiras inspiradas em cantinas italianas. Banheiros simples, mesinhas de botequim e bugigangas na decoração dão charme "kitsch" à casa. Não deixe de provar as fogaças de sabores como brócolis com queijo (R$ 15,90) e "pepperoni" (R$ 18,90), em tamanho que vale por uma refeição.
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Crédito: Daniel Ozana/Folhapress

Amigo Leal
Aberta em 1969 sob o nome de Amigo Léo, a casa é uma das "crias" do Bar Léo (era administrada pelo mesmo dono e, em 1982, tornou-se Amigo Leal). As tradições estão preservadas por lá: as mesinhas continuam cobertas por toalhas em xadrez, e o cardápio segue fiel à culinária germânica. Um dos pratos mais famosos é o Eisbein (R$ 58 p/ duas pessoas), joelho de porco servido com chucrutes e batatas cozidas.
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Bar Brahma
Na esquina mais famosa de São Paulo, a da avenida Ipiranga com a São João, o bar exala ares boêmios desde 1948. Se no passado era possível tomar um chope ao lado de personalidades da cidade como Adoniran Barbosa e Jânio Quadros, hoje ainda dá para curtir uma noite na animada companhia de "dinossauros" paulistanos. Cauby Peixoto faz show todas as segundas, e os Demônios da Garoa se apresentam às quintas. O chope correto com petiscos triviais, como os pastéis, é um dos segredos do sucesso da casa, que atrai de jovens e famílias a engravatados.
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Bar Léo
Fechado desde março após a polêmica do chope adulterado (vendia-se Ashby no lugar do Brahma), o botequim reabriu na última quarta (dia 22), agora sob o comando dos mesmos donos do Bar Brahma do centro. Com horário de funcionamento estendido, o local pretende resgatar os clientes que ficaram órfãos do cantinho boêmio. Nada mudou na decoração típica de boteco e, no menu, continuam presentes os canapés, os pratos germânicos e os bolinhos de bacalhau (servidos às quartas e aos sábados).
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A Juriti
O apelido da casa, "rainha dos aperitivos", não veio à toa. Entre as 32 opções para petiscar, há iscas de peixes e mariscos, além da famosa calabresa feita no álcool, apelidada carinhosamente de Joana D'Arc (R$ 18). Outros clássicos da baixa gastronomia, como rã (R$ 12) e codorna ao alho e óleo (R$ 7) também figuram no menu. Quem chega por lá já sente o clima informal. Na simplicidade, o dono, seu Norberto, indica o balcão de alumínio típico para os clientes tomarem o chope. As mesinhas espalhadas pelo salão, cujas paredes são cobertas por azulejos amarelados, abrigam os grupos de amigos.
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Crédito: Rogerio Canella/Folhapress Ambiente do bar Amigo Leal, no centro, que é um,a das "crias" do Bar Léo e mantém estilo germânico


ZONA LESTE

Bar do Vito
É daqueles botequins que, ao entrar, não tem como não se sentir no passado. Pequeno e simples, tem mesinhas e prateleiras de madeira exibindo garrafas de bebidas. Foi aberto em 1942 pelo imigrante Vitautas Tunnelis, o Vito, da Lituânia. Até hoje, preserva as tradições do país: um dos destaques do menu é o Vertiniai (R$ 15), prato feito com uma massa fina recheada com carne moída e cebola que lembra um ravióli. Há também sardinha típica e pepino em conserva, por R$ 2,50 cada um.

Av. Zelina, 851, Vila Zelina, tel. 2341-6994. Seg.: 16h às 22h. Ter. a sex.: 16h às 23h. Sáb. e dom.: 11h às 19h. Preço: R$ 6 (cerveja Original - 600 ml). Música ao vivo (qui., a partir das 20h30). r n m l

Elídio Bar
O caprichado balcão de acepipes é a vedete deste botequim, com cerca de 130 tipos de frios, azeitonas e salgadinhos diversos (o quilo sai por R$ 80). Tradicional entre os moradores da Mooca, o bar foi aberto em 1973 pelo seu Elídio, que morreu no começo deste ano deixando seu legado boêmio para os filhos cuidarem. Uma reforma na casa, em 2004, modernizou o local, mas as dezenas de camisas penduradas nas paredes, além de fotos antigas, continuam por lá, contando um pouco a história do futebol paulista. Na hora de beber, não hesite: o chope Brahma é tirado com maestria.
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Pilequinho
De portas abertas desde 1972, é um dos botecos mais tradicionais do Tatuapé. Hoje, depois de algumas reformas (a última foi há um ano), poucos resquícios do passado sobraram. Numa das 15 mesas na calçada, vale curtir uma noite com amigos saboreando cervejas em garrafa com porções como a de frango à passarinho (R$ 26) e a de bolinhos de bacalhau (R$ 17,50 com dez).
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ZONA NORTE

Bar do Luiz Fernandes
O segredo da fama deste boteco, conhecido em todos os cantos da cidade, é o atendimento familiar. E, claro, os famosos bolinhos preparados por dona Idalina, a mulher de Luiz. O local existe desde 1970 onde funcionou uma antiga mercearia e ostenta uma aura típica de boteco bairrista, tocado pela família Fernandes. Cerveja em garrafa e delícias como o bolinho de carne e a Surpresa da Dona Idalina (bolinho de berinjela com carne e tomate seco, por R$ 3,50) valem uma visita.
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Famoso Bar do Justo
Um clássico da zona norte, a casa ocupa o mesmo ponto desde 1949. Como em todo bom botequim clássico, a nostalgia impera por lá: mesinhas de madeira na calçada e um salão sem nenhum luxo são a marca. Os atenciosos garçons, com bandejas, servem os bolinhos de bacalhau (R$ 31 com dez) e os inusitados bolinhos de rabada com agrião (R$ 5,50 cada um). O hit da cozinha, no entanto, é a cestinha de pernil (R$ 39,90): massa de empada recheada com pernil, requeijão e gergelim.
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Crédito: Paulo Pampolin/Hype/Folhapress Porção de pasteizinhos do Bar Brahma, uma das porções clássicas do boteco que abriu as portas em 1948

Plínio Choperia
Apaixonado por pescaria, Plínio resolveu, em 1980, abrir o próprio negócio. A ideia foi montar um bar que fosse especializado em peixes do Pantanal, para fugir do lugar-comum e aliar seu hobby ao trabalho. Até hoje, é o próprio dono que vai pescar os quitutes servidos por lá. Pratos como traíra, aruanã, pacu e dourado são as estrelas do cardápio. A inusitada porção com pedaços de rabo de jacaré também tem seus clientes fiéis.
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ZONA OESTE

Aperitivos Valadares
Fundado por irmãos que vieram da cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais, na década de 1960, o local figura entre os botecos mais tradicionais da cidade. O sucesso da casa, frequentada por todo o tipo de gente, é a combinação de bons petiscos e cerveja gelada servida em clima para lá de informal, com garçons experientes e atenciosos. Os testículos de boi fritos (R$ 26,90) é uma escolha diferente para degustar nas mesinhas espalhadas pela calçada.
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Bar das Batidas
Por estar desde 1954 instalado atrás da igreja Nossa Senhora de Mont Serrat, no largo de Pinheiros, o botequim logo ganhou um apelido peculiar: "c... do padre". Administrado por Higor Bianchi e por seu pai há dois anos, já passou por duas gerações de donos e, hoje, mantém a aura de antigamente principalmente na decoração (a mesma desde a abertura), com prateleiras antigas cheias de bebidas e embutidos. Um clássico que nunca saiu do cardápio é o sanduíche de calabresa (com picles e queijo, R$ 10), servido no capricho, para ser degustado com cerveja em garrafa gelada ou com uma das batidas da casa, como a de morango com coco e vodca (R$ 10). Quem gosta de cachaça também pode pedir uns dos mais de cem tipos que há no local.

R. Pe. Carvalho, 799, Pinheiros, s/ tel. Ter. a dom.: a partir das 15h. Preço: R$ 7 (cerveja em garrafa Original - 600 ml).

Bar do Alemão
Apesar de ter o ambiente retocado com o tempo, o local ainda é um centro de resistência boêmia do passado (para se ter uma ideia, personalidades como Cartola e Clara Nunes tomavam seus "gorós" neste bar). Por lá, ocorrem animados shows de samba e chorinho, que atraem público fã de música e a clientela fiel que frequenta a casa desde a abertura, em 1968. Além de alguns pratos alemães (herança dos primeiros donos), a casa serve um colossal e saboroso bife à parmigiana (R$ 48 para duas pessoas), que dá para dividir em duas pessoas. O chope Brahma vem no capricho.
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Crédito: Divulgação

Botequim do Hugo
A casinha amarela, que durante 60 anos funcionou como um empório, mudou pouco desde 1987, quando se tornou um bar sob o comando dos irmãos Hugo e Emiliana Cabral (o empório era tocado pelos seus avós). O clima lá dentro é de nostalgia pura: os milhares de badulaques e garrafas exibidos nas estantes promovem uma verdadeira viagem no tempo para quem está bebendo uma cerveja por lá. A música reforça a "vibe", pois vem de uma charmosa vitrola. O cardápio, escrito à mão, tem opções simples e saborosas, a exemplo do buraco quente (um lanche recheado com carne moída, servida no pão francês sem o miolo).
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ZONA SUL

Bar do Luiz Nozoie
Hoje tocado pelos filhos de Luiz Nozoie, o botequim tem como sua marca principal o refrigerador de sorvetes onde são armazenadas as cervejas numa temperatura que beira os 20 graus negativos (seu Luiz desenvolveu uma técnica usando sal que não deixa as garrafas congelarem). Petiscos de origem nipônica, como os tempurás, dividem a atenção com os deliciosos pastéis. Tudo servido num ambiente bem simples e caseiro, para ficar à vontade com os amigos.
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Dois Irmãos
Os irmãos portugueses José e Manuel de Souza abriram este bar em 1958. Antes disso, o local era uma vendinha tocada por um gerente da Brahma que costumava reunir os amigos por lá. O ambiente foi reformado em 2004, mas ainda há registros da história nas paredes, como fotos em preto e branco dos antigos donos. Do cardápio simples saem petiscos como a linguiça de metro, que vem enrolada na chapa (R$ 23), e a porção de bolinho de mandioca com camarão (R$ 16). O chope Brahma é a estrela da casa e é tirado na chopeira mais antiga da cidade, com 54 anos. Numa varanda ao ar livre, apaixonados por futebol assistem a jogos num telão.
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Mestre das Batidas
Quem rege este bar é o "portuga" Armando Barros, que desde 1963 honra o nome do local fazendo deliciosas batidas de vários sabores. As mais famosas são a de morango, a de coco e a de maracujá, servidas com pinga (R$ 10) ou com vodca (R$ 13). Tem estufa clássica de "padoca", que exibe salgados e coxinhas fresquinhos, e mesinhas de madeira na calçada para apreciar o movimento agitado da rua, sempre cheia de baladeiros à noite. A linguiça portuguesa assada no álcool (R$ 38) é o petisco mais famoso por lá.
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