Todo mundo está insatisfeito, mas ninguém reage. É essa premissa que leva o instrumentador cirúrgico Samuel a tomar coragem, pegar uma arma e invadir o hospital onde trabalha.
"O Dia em que Sam Morreu", que entrou em cartaz nesta sexta (17) no Sesc Consolação (centro de São Paulo), mostra não apenas esse surto do rapaz, cansado da maneira asquerosa com que é tratado pelo cirurgião-chefe Benjamin, mas também aborda outras histórias que questionam a ética.
"Cada um tem um limite. O que te faz aceitar uma situação? Todo mundo tem interesses, mas a qualquer preço?", indaga Otto Jr., que interpreta Benjamin, um médico turrão, com ego inflado e que faz o que for preciso para subir na carreira. "Muitas pessoas, embora incomodadas, se identificam com ele, outras ficam com raiva", diz o ator. "A peça é política sem ser panfletária."
Nos relatos paralelos —e que se cruzam no dia fatídico da invasão no hospital— estão as histórias de uma juíza criminal doente que tem a chance de burlar a fila de transplante e a de um velho palhaço que sofre do mal de Alzheimer, entre outras. O desfecho do drama vai e volta, levantando questões duras sobre um sistema corroído. Como três personagens têm apelido de Sam (o instrumentador, a juíza e o palhaço), o enredo fica ainda mais interessante.
Esse espetáculo da Armazém Companhia de Teatro, dirigido por Paulo de Moraes —que é autor ao lado de Maurício Arruda Mendonça—, estreou em abril em Curitiba e foi premiado nos festivais internacionais de Avignon (França) e Edimburgo (Reino Unido).
No elenco também estão Jopa Moraes, Lisa Eiras, Marcos Martins, Patrícia Selonk e Ricardo Martins. Os ingressos custam de R$ 12 a R$ 40.
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