Depois de 16 anos, uma nova montagem do musical "Les Misérables" chega a São Paulo. A estreia será na próxima sexta-feira (10), no Teatro Renault ---mesmo local que recebeu o espetáculo em 2001. A produção segue o roteiro de uma montagem londrina de 2010, repaginada para celebrar o 25º aniversário do musical, inspirado no romance homônimo escrito no século 19 pelo autor francês Victor Hugo (1802-1885).
O enredo parte da história de Jean Valjean, que sofre a perseguição do inspetor da polícia Javert após quebrar sua liberdade condicional.
Apesar de as canções várias delas célebres, como "I Dreamed a Dream" serem as mesmas da criação original de Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg (aqui cantadas em português), há mudanças no espetáculo.
"Não é só uma representação mais literal do mundo sobre o qual Hugo escreveu; é um musical mais fílmico ---dentro dos limites do teatro", diz o inglês Adrian Sarple, diretor associado da montagem. "Entre outras novidades, o cenário usa pinturas do próprio Hugo".
O elenco tem nomes conhecidos dos musicais brasileiros, como Nando Pradho, que interpreta o inspetor Javert, e estreantes nos palcos daqui, caso do espanhol Daniel Diges (Jean Valjean). Kacau Gomes (Fantine), Clara Verdier (Cosette) e Filipe Bragança (Marius) também protagonizam a produção.
Ainda atores da montagem anterior, como Laura Lobo (Eponine). "Eu tinha nove anos, então tenho uma memória mais afetiva", diz. "Agora somos instigados a trazer a veracidade das personagens de forma mais natural".
Teatro Renault - Av. Brig. Luís Antônio, 411, Bela Vista, tel. 4003-5588. 1.530 lugares. Qui. a sáb.: 21h. Sáb.: 16h. Dom.: 15h e 20h. 160 min. Estreia 10/3. Até 30/7. Ingresso: R$ 50 a R$ 330. Ingr. p/ ticketsforfun.com.br.
ENTREVISTA
Adrian Sarple, diretor associado
"Guia" - Quais as diferenças entre esta montagem e a anterior?
Adrian Sarple - A mudança mais óbvia é o cenário. É um ambiente mais panorâmico, que usa pinturas de Victor Hugo. Também há novas orquestrações, que foram desenvolvidas ao longo dos anos acompanhando as novas técnicas musicais.
Como foi montar o espetáculo no Brasil?
Há uma sensibilidade aqui para se trabalhar duro e de forma coletiva. Além do mais, a cena política atual é muito pertinente para montagens como essa. Passamos bastante tempo conversando sobre as referências entre o mundo que Hugo escreveu e o que as pessoas estão vivendo aqui agora.
Isso influenciou a montagem?
Nos fez perceber que não existe uma paz histórica. Ela tem sido uma obra atemporal porque discorre sobre dilemas sociais e pessoais. São pessoas com guinada de mudança, algo com que qualquer um pode se identificar.
Critica-se a vinda de musicais estrangeiros ao Brasil, em detrimento do investimento em produções próprias. O que pensa a respeito?
É importante que qualquer país construa seu universo musical, mas a indústria aqui ainda é jovem. Acho que a crítica deve mirar o encorajamento, e não ser feita com o intuito de expulsar produções, porque aprende-se muito com essa troca.
CURIOSIDADES
> 31 perucas e 392 figurinos completos são utilizados em uma apresentação
> Ao sair de cena, a atriz Laura Lobo precisa lavar três vezes o cabelo para retirar o pó que o deixa com aspecto ressecado
> É um dos musicais mais antigos: comemorou em 2015 seu 30º aniversário
> Foi traduzido para 22 idiomas, entre eles japonês e húngaro
> Já foram realizadas mais de 51 mil apresentações profissionais do espetáculo
> Mais de 70 milhões de pessoas já assistiram à produção
> Ganhou 125 premiações teatrais, incluindo oito prêmios Tony
QUEM É QUEM
Conheça alguns dos protagonistas do espetáculo
Daniel Diges (Jean Valjean)
O espanhol já viveu o personagem na montagem de seu país. Desde dezembro, estuda português para conseguir interpretá-lo no Brasil
Nando Pradho (Javert)
Este é seu quinto protagonista em musicais. Entre outras referências, inspirou-se em John Malkovich, que viveu Javert em uma série (2000)
Laura Lobo (Eponine)
Participou da montagem brasileira anterior: aos 9 anos, estreava nos musicais como a jovem Cosette
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