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Cinema

Petra Belas Artes é primeiro cinema a voltar às atividades em São Paulo

Sala tradicional define data de retorno, desde que o governo mantenha autorização

São Paulo

O Petra Belas Artes é o primeiro cinema de São Paulo a definir uma data para a retomada das atividades: 6 de agosto. E, claro, a decisão só permanece se as autoridades governamentais mantiverem a autorização da reabertura.

Essa retomada faz parte da gradativa flexibilização das atividades que integram o Plano São Paulo. No dia 3 de julho o governador João Doria (PSDB) anunciou que cinemas e teatros poderiam voltar já a partir do dia 27 de julho (segunda), assim como museus e outros centros culturais.

Até agora nenhum cinema da capital havia se pronunciado abertamente sobre essa data. O Belas Artes é o primeiro a fazê-lo, com retorno marcado para a primeira quinta do mês de agosto (dia 6).

Um grupo de exibidores enviou um protocolo para a prefeitura. Entre as medidas sugeridas estão o uso obrigatório de máscara de pano e outra, de material plástico, álcool em gel disponível em todos os locais (portaria, salas, bombonnière e banheiros), banners com orientações de conduta para os frequentadores, indicações no chão de distanciamento para evitar filas e intervalo maior entre as sessões para uma higienização mais completa das salas.

Com o tempo máximo determinado de seis horas, cada sala receberia apenas duas sessões diárias. Um ponto, porém, ainda causa discussão. André Sturm, que comanda o Petra Belas Artes, pediu ao governo que derrubasse o veto da bilheteria fechada (com ingressos vendidos apenas de forma online).

"Todos os setores comerciais fazem uso da maquininha, com pagamento na hora, bancos, feira, até entregador. Por que só os cinemas não podem usar a bilheteria? Para se ter uma ideia, em 2019, 92% dos ingressos vendidos no Brasil foram na bilheteria, só 8% foram online", afirma Sturm. "É uma questão de isonomia com todas as atividades", completa.

Os cinemas estão fechados em São Paulo desde meados de março. "Foi [um período] muito difícil. Cinema não tem delivery, então realmente a renda foi a zero, e tem muitos funcionários. Eu estabeleci que não demitiria ninguém, mas fiquei muito preocupado", conta Sturm, lembrando várias ações que o Belas Artes fez, desde o crowdfunding até o drive-in. "O drive-in foi um sucesso, e foi fundamental, coloquei a equipe do Belas Artes para trabalhar lá e conseguimos pagar o salário de todo mundo com a receita do drive-in."

Sturm menciona também o sucesso do streaming Belas Artes à la Carte, mas lembra que ele não gera receita para ajudar o cinema.

Outro tradicional cinema de São Paulo, o grupo Espaço Itaú de Cinemas deve retornar no dia 13 de agosto, a depender da situação da pandemia nas próximas semanas.

Programação

Apesar de ter seis salas disponíveis no imóvel, praticamente na esquina da Consolação com a avenida Paulista, o Petra Belas Artes reabriria com quatro, e apenas 40% de ocupação máxima em cada uma.

Cada sala terá uma espécie de festival próprio. Em uma delas, uma homenagem ao diretor Federico Fellini, que faria 100 anos em 2020; em outra, filmes com cópia em 35 mm; na terceira, uma mostra com títulos que ficaram mais de um ano em cartaz no Belas, como "Relatos Selvagens", "O Filho da Noiva" e o icônico "Medos Privados em Lugares Públicos"; e, na quarta, seis filmes de Stanley Kubrick —as sessões com longas do diretor ficaram entre as mais disputadas no Belas Artes Drive-In, em cartaz no Memorial da América Latina.

Sturm adianta que no dia 13 o cinema deve exibir "Apocalypse Now - Final Cut", de Francis Ford Coppola, sucesso no drive-in e na plataforma de streaming.

Na retomada, o ingresso terá valor especial: R$ 28 (meia, R$ 14). Haverá, ainda, um ingresso solidário, com meia-entrada para todos que levarem um quilo de alimento não perecível. "Na prática, a gente quer que todo mundo possa pagar R$ 14, mas também, ao mesmo tempo, que contribua de alguma maneira. Assim as pessoas podem ver até mais de um filme", diz Sturm.

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