Medeia, personagem imortalizada pelo poeta grego Eurípedes no século 5º a.C., está diferente —a imigrante abandonada pelo próprio marido agora é uma mulher contemporânea na peça "Terra Medeia", que estreia neste sábado (22), com encenação que ocorre em três países ao mesmo tempo.
Com direção de Bim de Verdier, o espetáculo é feito a partir do texto da autora sueca Sara Stridsberg e apresentado pelo aplicativo Zoom, numa disposição geográfica dos atores que só as apresentações virtuais permitem. No espetáculo, eles se dividem entre Brasil, França e Suécia.
O projeto é feito após uma peça encenada a partir de outro texto da mesma autora e também idealizado pela dupla Bim de Verdier e Nicole Cordery em 2015, o "Dissecar uma Nevasca", que teve até tecnologia sueca para reproduzir neve a partir de plástico picado.
Nesta versão atualizada do mito grego, a protagonista ingere soníferos, é encontrada inconsciente e reclama como Jasão, com quem teve seus dois filhos, nunca gostou de nenhum dos seus amigos.
Mais do que uma Medeia sanguinária e vingativa, ela surge como uma pessoa rejeitada e apartada da sociedade na tela do computador.
Aliás, a montagem não é a primeira do texto clássico feita durante a pandemia de coronavírus. Em janeiro deste ano, Bete Coelho também apresentou uma versão criada pela dramaturga Consuelo de Castro no final dos anos 1990, em uma versão que os realizadores chamaram de "teatrofilme".
Em "Terra Medeia", percebe-se uma dinâmica que também se encaixa nesse conceito. Apesar de ser um produto audiovisual e apresentado na tela do computador com edições, as transmissões são feitas ao vivo, em mais uma tentativa de aproximar o público dos palcos de teatro em tempos de Covid-19.
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