Dois cenários ocupam, lado a lado, o palco do Teatro Sesi em São Paulo. Neste espaço, o elenco da peça "O Vazio na Mala" explora situações do passado e do presente de uma família de judeus que fugiram da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.
A peça estreou na quinta-feira (21) e tem sessões gratuitas até o dia 30 de junho. Aos sábados e domingos, as apresentações contam com tradução em Libras e audiodescrição.
O espetáculo começa com a chegada ao Brasil do jornalista Samuel, personagem de Emílio de Mello, a fim de vender o apartamento onde ele e seus pais moraram. O homem aproveita a visita para se encontrar com a avó Esther, interpretada por Noemi Marinho. Na casa dela, ele encontra uma mala que ela sempre manteve trancada e escondida dos netos.
A trama é inspirada na história da família da atriz Dinah Feldman que, além de interpretar a cuidadora Ruth, é idealizadora da peça. A avó de um de seus primos teve de fugir do nazismo e por anos manteve uma mala com os seus documentos da época —hoje, eles estão preservados no Museu Judaico de São Paulo.
Na encenação, o objeto que dá nome ao espetáculo é o que conecta ficção e realidade. A partir dessas informações e de entrevistas que fez com familiares da idealizadora, a dramaturga Nanna de Castro optou por centrar a história na figura do neto impactado pelas memórias que a avó tentava prender dentro da mala.
Além da perseguição nazista aos judeus, a trama trata do período em que essa família viveu em Xangai no momento em que a cidade foi ocupada pelos japoneses. Esse evento histórico fez com que Esther, seu marido e seu filho Franz, vivido por Fabio Herford, viessem morar no Brasil.
A relação conflituosa de pai e filho e a perda de memória de Esther também acrescentam camadas à história.
O diretor Kiko Marques conta que a peça foi idealizada dois anos antes de o conflito entre o Estado de Israel e o grupo terrorista Hamas voltar a trazer o Holocausto para o debate público. O encenador lembra de uma fala da protagonista, Esther, para se referir ao evento e diz que ele precisa ser sempre lembrado.
As apresentações que acontecem no último domingo de cada mês são seguidas por debates. O primeiro, no domingo (24), conta com a presença de Carlos Reis, representante do Museu do Holocausto de Curitiba, e mediação da professora Anelise Froés. O último deles, programado para o dia 23 de junho, será comandado por Leando Karnal.
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