Novo rooftop no shopping Light tem restaurante, bar e mirante para o Theatro Municipal

Chamado de Priceless, espaço marca estreia do chef Onildo Rocha em São Paulo

O mirante do Priceless recebeu o nome de Botâma; espaço tem vista para o edifício Martinelli e o Theatro Municipal

O mirante do Priceless recebeu o nome de Botâma; espaço tem vista para o edifício Martinelli e o Theatro Municipal Wesley Diego Emes/Divulgação

São Paulo

No nada fotogênico estacionamento do shopping Light, no centro de São Paulo, tubos cor de laranja compõem uma instalação artística que cria uma espécie de portal. Ali, uma pessoa recebe quem chega e encaminha os visitantes para um elevador da década de 1920. Ele tem destino único —o terraço do prédio, que tem um novo inquilino.

O topo do edifício Alexandre Mackenzie, concluído em 1929 e vizinho do vale do Anhangabaú e do Theatro Municipal, abriga agora o Priceless. O novo espaço conjuga restaurante, bar e mirante, tem arquitetura moderna e é cheio de intervenções artísticas pontuadas por elementos brasileiros. As cores que predominam por ali são o cinza e o laranja.

O renomado chef paraibano Onildo Rocha comanda a cozinha, que marca sua estreia em São Paulo. O espaço começa a receber o público na quinta, dia 21, e as reservas já estão abertas. Já será possível conhecer tanto o bar Abaru como o Botâma, nome do mirante que fica no terraço —ou rooftop, para usar mais uma palavra da moda em São Paulo.

Pode causar estranhamento para quem acompanha a carreira de Rocha, cujo trabalho tem fortes raízes na identidade local, que o novo espaço tenha sido batizado com um nome em inglês —"priceless" aqui surge no sentido de algo que não tem preço. É como naquele famoso slogan da companhia de cartão de crédito que diz que "existem coisas que o dinheiro não compra, para todas as outras existe Mastercard". Pois é a marca que está por trás da empreitada ao lado do chef, assim como a empresa Bem São Paulo, que entrega passeios e experiências pela cidade.

O projeto não é inédito, porém. Já existe um restaurante com o mesmo perfil em Nova York e outro no aeroporto de Milão —o paulistano é, portanto, o terceiro endereço da iniciativa. Todos têm o mesmo nome, mas cada um tem identidade própria. E é aí que entra o chef Onildo Rocha.

Rocha é conhecido pelo Cozinha Roccia, em João Pessoa, restaurante que usa a frase "cozinha no prato, Paraíba no peito" para se apresentar nas redes sociais. Ali, ele entrega algo que chama de cozinha armorial, que tem como inspiração o movimento armorial, que se tornou nacionalmente conhecido com o escritor Ariano Suassuna, conterrâneo de Rocha. Sua proposta é criar uma arte brasileira a partir de raízes populares, como o steak tartare de carne de sol.

Já a cozinha do Priceless tem outra proposta. "Vamos trabalhar por temporadas temáticas, que devem durar até seis meses", explica o chef. A ideia é que cada uma explore os sabores de uma parte do país. "A pessoa vai ver o menu e pensar 'nossa, onde mais eu comeria isso aqui?'", diz.

No Abaru, o capitão de feijão verde recheado com carne de sol custa R$ 34 (com quatro unidades); receita é uma das mais conhecidas do chef Onildo Rocha
No Abaru, o capitão de feijão verde recheado com carne de sol custa R$ 34 (com quatro unidades); receita é uma das mais conhecidas do chef Onildo Rocha - Tatiana Frison/Divulgação

Chamado de Sertões, o primeiro cardápio surgiu depois de uma expedição de duas semanas pelas margens do rio São Francisco. O chef explica que o menu começa na foz do rio ("assim consegui ter uma entrada para o mar e incluir peixes") e termina na região da Canastra —onde, na verdade, fica a sua nascente. "Então conseguimos [com o menu] contar uma história." A viagem, inclusive, rendeu um documentário de dez episódios, que serão lançados em uma plataforma da empresa de cartões.

Rocha conta que durante a jornada descobriu receitas, ingredientes e, principalmente, histórias. Ele cita como exemplo a saburica, um "minicamarão". "Quando me trouxeram a pesquisa, eu pensei que ele fosse aviú. E me disseram que não é aviú, é um camarão especial que só tem em Sergipe e é pescado por mulheres. Eu já fiquei encantado".

"Eu fui pescar e, depois, cozinhar a saburica com eles na casa da dona Ana", continua. A receita da anfitriã, que preparou o camarão com mamão verde, serviu de inspiração para um prato que o chef apresenta em São Paulo, que combina papaia verde com saburica. "Lógico que ele vem de outra forma, mas é uma homenagem. É um dos pratos que mais me deixou emocionado".

Ambiente do Abaru, bar do Priceless, no terraço do shopping Light, no centro de São Paulo
Ambiente do Abaru, bar do Priceless, no terraço do shopping Light, no centro de São Paulo - Wesley Diego Emes/Divulgação

O cozinheiro viajou na companhia de outros especialistas –o mixologista Alê D'Agostino, a sommelière Andrea Vilas-Boas, o cervejeiro Junior Bottura e o barista Boram Júlio Um–, que também fizeram suas pesquisas para o menu atual da casa nas margens do São Francisco.

Tanto bar como restaurante trabalham com horários e menus próprios. Enquanto o bar Abaru tem serviço à la carte, programação de música e horário estendido, o restaurante, batizado de Notiê, só trabalha com menu-degustação em sete ou 11 tempos, também com versão vegetariana. O restaurante começa a receber o público a partir do dia 27, quarta-feira.

Devido à pandemia, os espaços funcionarão com a capacidade reduzida e preferencialmente com reservas, exclusiva para clientes Mastercard, que já podem ser feita no priceless.com. Apesar de dividir o imóvel com o shopping Light, a entrada é feita exclusivamente pela garagem. Os carros entram pela rua Formosa, número 157.

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