Crítica: Montagem de Cinderela tem protagonista negra, mas repete clichês

GABRIELA ROMEU
CRÍTICA DO "GUIA"

A peça Cinderela, em montagem do grupo Gattu, traz aos palcos uma princesa negra que protagoniza um dos contos de fadas mais populares entre as crianças. Mas, apesar de ser um chamariz de plateia, ele repete clichês e comete equívocos.

A ideia de romper com o reinado das princesas brancas e loiras tem a intenção nobre de buscar a representação do negro nas narrativas para crianças. A dramaturgia (de Eloisa Vitz, também na direção do espetáculo), no entanto, traz personagens aplainadas, passando longe de tratar do empoderamento de meninas negras ou de abarcar questões do imaginário afro-brasileiro.

Cena da peça 'Cinderela', do grupo Gattu
Cena da peça 'Cinderela', do grupo Gattu - Divulgação

A mocinha (Miriam Jardim) sonha com seu vestido rosa de cetim para encantar o príncipe Eugênio (Rodrigo Vicenzo), apresentado como um cientista, mas sem que isso tenha alguma relação com o enredo. Está à espera de um galã, branco, para salvá-la. Drasta, a madrasta, faz as vezes da vilã caricata e uma de suas filhas é loira e burra.

Na tentativa de introduzir elementos brasileiros, o príncipe tem um jegue, um macaco é amigo confidente da protagonista e a história se passa em uma floresta tropical, ambientada por flores e folhagens de plástico num cenário aquém até das festas infantis em bufês.

Para completar a montagem de produção bastante deficitária, um surto de histeria e gritaria desnecessário acomete o elenco, o que faz com que a fruição do espetáculo, em uma sala abafada, beire o insuportável.

Avaliação: ruim.

Indicação do Guia: acima de 5 anos.

Teatro do Sol - r. Damiana da Cunha, 413, Santa Teresinha, região norte, tel. 3791-2023. 60 lugares. Sáb. e dom.: 16h. Até 27/11. GRÁTIS 

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