'Rolezinho histórico': conheça 17 atrações pioneiras que fizeram a história de SP

São Paulo chega aos 460 anos em 2014 repleta de sinais do passado em suas ruas, especialmente na região central.

Para contribuir com que essa história não passe despercebida, o "Guia" indica nas páginas a seguir lugares e serviços pioneiros da cidade, como o primeiro parque, o mais antigo restaurante e outras atrações que podem ser visitadas nos dias de hoje e compõem um panorama das várias mudanças pelas quais a metrópole passou enquanto se tornava a grande cidade que conhecemos hoje.



1. Cinema
Entre os cinemas que recebem filmes do circuito comercial, o Marabá é o mais tradicional. Aberto em 1945, era vizinho de outros palácios cinematográficos capazes de comportar milhares de pessoas em cada sessão. O próprio Marabá teve sua sala de 1.655 lugares dividida em cinco ambientes na reforma concluída em 2009, o que deu ao local uma cara de "multiplex". A fachada e o saguão, tombados como patrimônio histórico, ostentam símbolos de outros tempos, como um enorme lustre e portas revestidas de couro. A programação é focada em filmes de ação e de animação em 3D, a preços mais em conta do que a média dos complexos de shopping. Entre os cinemas da vizinhança, apenas o Olido, de 1957, segue preservado e aberto ao público. O local foi adquirido pela prefeitura no começo dos anos 2000 e, após um período de obras, reabriu em 2004 com uma sala dedicada a mostras. A galeria que faz parte do complexo recebe exposições, dança e outras atividades.
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Informe-se sobre a programação do Cine Olido

2. Parque
O mais antigo parque da cidade foi criado em 1798, com o nome de Horto Botânico. A abertura ao público se deu em 1825, rebatizado como Jardim Público da Luz. Nas décadas seguintes, parte da área verde seria cedida para a construção da estação da Luz e do prédio que hoje abriga a Pinacoteca do Estado. Mesmo assim, restaram mais de cem mil metros quadrados de verde, que abrigam esculturas de Lasar Segall e Victor Brecheret, um lago em forma de cruz-de-malta, um antigo ponto de bondes e árvores centenárias. Uma ampla reforma recuperou a estrutura do lugar no começo dos anos 2000. Curiosidade: o parque foi o primeiro local da cidade a receber iluminação elétrica, em 1883.
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3. Museu
Mais conhecido como Museu do Ipiranga, o Museu Paulista é considerado o mais antigo da capital. Aberto em 7 de setembro de 1895, o local foi fechado às pressas em agosto do ano passado para obras que irão solucionar problemas estruturais e não tem previsão de reabertura. Além dos quadros e objetos que remetem ao período imperial, parte do acervo é dedicado à história de São Paulo. De hoje (dia 24) até domingo (dia 26), a fachada do prédio terá iluminação especial, que poderá ser vista dos jardins em frente, da área aberta ao público, assim como do parque da Independência. Entre os museus com visitação, a Pinacoteca é o que está aberto há mais tempo. Inaugurado em 1905, o espaço oferece a mostra
"Antonio Henrique Amaral".
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4. Unidade do Sesc
A primeira unidade do Sesc a oferecer atrações culturais e esportivas ao público na capital foi a da Consolação, que iniciou seus trabalhos em 1967, com o nome de Centro Esportivo e Cultural Carlos de Souza Nazareth. O prédio abrigava restaurante, lanchonete, ginásios e o teatro Anchieta. A primeira peça apresentada por lá foi "A Mulher de Todos Nós", texto de Henri Becque adaptado por Millôr Fernandes e dirigido por Fernando Torres, com Fernanda Montenegro e Ítalo Rossi no elenco. Em 1982, foi criado o Centro de Pesquisa Teatral, capitaneado por Antunes Filho. Atualmente, o diretor apresenta a peça "Nossa Cidade" no mesmo teatro Anchieta (leia na pág. 60). Em 1984, o espaço adotou o nome de Sesc Vila Nova, que seria mudado em 1993 para Sesc Consolação. Hoje, a estrutura conta com três ginásios cobertos, piscinas, espaços para exposições, lanchonete e espaço de leitura.

R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, região central, São Paulo, SP. Tel. (11) 3234-3000. Seg. a sex.: 7h às 22h. Sáb.: 10h às 19h. Livre. CC: AE, D, E, M e V.

Crédito: Editoria Arte/Folhapress/

5. Shopping
Primeiro shopping da cidade, o Iguatemi abriu as portas em novembro de 1966 com a presença de Chico Buarque, Nara Leão e Chico Anísio, como noticiou a Folha à época. "Não é apenas um grande supermercado. Reúne de tudo, desde gêneros alimentícios a eletrodomésticos e artigos de joalheria", explicava a reportagem, em uma tentativa de definir o que era o empreendimento, inédito na época no Brasil. Ao abrirem, os corredores contavam com 72 lojas. Hoje, são mais de 300. Nos anos seguintes, o shopping passou por ampliações, mas manteve as rampas na entrada que se tornaram um de seus símbolos. Ao longo das décadas, o Iguatemi se posicionou como um ambiente de luxo, onde marcas como Chanel e Tiffany & Co., exibem preços de até seis dígitos em suas vitrines. No fim do ano passado, o centro de compras ganhou uma unidade da Livraria Cultura.

Iguatemi São Paulo - av. Brig. Faria Lima, 2.232, Jd. Paulistano, região oeste, São Paulo, SP. Tel. (11) 3816-6116. Lojas: seg. a sáb.: 10h às 22h. Dom.: 14h às 20h. Pça. de alimentação: seg. a sáb.: 11h às 23h. Dom.: 11h às 22h. Dia 25: 14h às 20h. Livre. Estac. (R$ 10 a 1ª h). Grátis.

6. Monumento
O primeiro monumento da capital fica na ladeira da Memória. Trata-se de um obelisco erguido em 1814, chamado inicialmente de "Pirâmide do Piques", em referência à estrada do Piques, atual rua da Consolação. Relatos dão conta de que a obra pretendia celebrar o fim de uma seca ou o término do mandato de um bispo. Junto com o obelisco, foi criado um largo e um chafariz, alimentado por água do rio Saracuruna, hoje coberto pela av. 9 de Julho. O lugar era uma porta para a cidade, pois dali partiam as rotas de tropeiros para Santo Amaro e Sorocaba. O chafariz original foi retirado em 1872 e a versão atual, junto com o painel de azulejos, instalados em 1919.

Lad. da Memória, 1, esq. c/ r. João Adolfo e r. Quirino Andrade, região central, s/tel. Seg. a dom.: 24 horas. Grátis.

7. Padaria
Fundada em 1872 por descen­dentes de portugueses, a padaria Santa Tereza marca presença atrás da praça da Sé desde o tempo em que nem havia catedral (a principal igreja da cidade foi inaugurada em 1954). O ambiente mantém fotos antigas de São Paulo nas paredes e conta com um enorme balcão com bancos giratórios, à moda de décadas atrás, no qual são servidos refrigerantes em garrafas de vidro (R$ 2,90) e a coxa-creme (R$ 5,70), ícone do local. O extenso menu conta ainda com opções como a canja de galinha (R$ 19,90), sopas, pizzas, grelhados, sanduíches, baguetes e patês produzidos na casa.
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8. Carlino
O Carlino, de 1881, é considerado o restaurante mais velho da cidade. Porém, a casa mudou de endereço e ficou fechada por três anos. O início foi no largo do Paissandu, com um imigrante italiano vindo da região de Lucca e que era chamado de Carlino. Rosana Marino, 61, que hoje administra o restaurante junto com o marido, Antonio Carlos, 69, conta que os filhos do primeiro dono não quiseram seguir no ramo. O mesmo aconteceu com o segundo proprietário, que passou o negócio para o casal. Desta vez, a história deve mudar: os filhos de Rosana estudam gastronomia, com direito a especialização em uma instituição de Florença. Dedicada às massas, a cozinha do Carlino prepara o pappardelle com coelho à luchese (R$ 45) com uma receita criada há mais de cem anos. A fama do lugar atraiu até Paulo Maluf. Em 1995, o então prefeito escolheu o estabelecimento para viver um dia de fiscal.
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9. Bar
Há uma divisão do pódio entre duas casas que não ficam em pontos tradicionais da noite paulistana. O Bar do Léo, próximo à rua Santa Ifigênia, no centro, iniciou as atividades em 1940, mas ficou fechado por alguns meses em 2012 pela suspeita de vender chope Ashby (mais barato) como se fosse Brahma. Bem tirada, a bebida segue bastante pedida pelos frequentadores, que se acomodam nas mesas ou na calçada. Já o Amigo Leal, aberto desde 1967, fica na rua Amaral Gurgel, embaixo do Minhocão. Com ambiente inspirado em símbolos da Alemanha, a grande vedete do cardápio de lá são os pastéis individuais de bacalhau. Outra boa pedida é a saborosa carne
de sol com mandioca.
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10. McDonald's
São Paulo recebeu sua primeira unidade do McDonald's em fevereiro de 1981, dois anos após o Rio de Janeiro, em uma sexta-feira antes do Carnaval. O endereço escolhido a av. Paulista, 801, esquina com a al. Joaquim Eugênio de Lima. O restaurante tem fachada discreta, mesas ao ar livre e um salão no primeiro andar. De lá, é possível comer um Big Mac observando o movimento da principal avenida da cidade. O cardápio traz ainda sucos, sorvetes, cafés e saladas. Atualmente, a região da Paulista soma oito franquias da rede, espalhadas pelas ruas próximas.

Av. Paulista, 810, Bela Vista, região central, São Paulo, SP. Tel. (11) 3285-4045. 500 lugares. Seg. a dom.: 7h às 23h.

11. Arranha-céu
No começo do século 20, São Paulo era uma cidade repleta de construções baixas, com no máximo quatro ou cinco andares. Quando o projeto de um edifício de 12 andares foi anunciado pelo empresário Giuseppe Martinelli, em 1924, houve dúvidas se a obra pararia em pé. A expectativa da população fez com que os planos fossem ampliados e a construção atingiu 30 andares, ao somar a mansão construída no topo para ser a residência de Martinelli. Em 1929, ano em que a obra foi entregue, foi promulgada uma lei municipal que estimulava a construção de prédios altos no centro. Hoje sede de secretarias municipais, o condomínio recebe visitas guiadas

Condomínio Edifício Martinelli - r. Líbero Badaró, 504, São Paulo, SP. Tel. (11) 3104-2477. Seg. a sex.: 9h30 às 11h30 e 14h às 16h. Sáb.: 9h às 15h. Dom.: 9h às 13h. Visita monitorada p/ condominio@prediomartinelli.com.br.

12. Igreja
Fundada por jesuítas, São Paulo recebeu diversas igrejas, capelas e conventos nos seus primeiros séculos. A Ordem dos Beneditinos, por exemplo, fundou o Mosteiro de São Bento em 1598. Entretanto, como as construções, inicialmente feitas de taipa (mistura de argila e cascalho), eram frágeis, quase todas foram reconstruídas inúmeras vezes. De acordo com a Arquidiocese de São Paulo, a igreja preservada mais antiga da cidade é a capela de São Miguel Arcanjo, na zona leste, erguida em 1622. Uma restauração da década de 1930 encontrou obras de arte barroca no local.
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13. Cemitério
Mais antigo da cidade, o cemitério da Consolação foi inaugurado em 1858 em uma área considerada distante na época. Antes da abertura dele, havia outro cemitério na Liberdade, onde eram enterrados indigentes, escravos e criminosos executados na forca que havia no local. Para os cidadãos da elite, era comum o sepultamento em igrejas (muitas vezes dentro delas), o que facilitava o surgimento de doenças. Ao longo dos séculos 19 e 20, as alamedas do cemitério da Consolação ganharam mausoléus caprichados e esculturas de artistas famosos como Victor Brecheret. Visitas guiadas são oferecidas duas vezes por semana.
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14. Biblioteca
A primeira e maior biblioteca pública da capital foi fundada em 1925 na rua Sete de Abril, com livros que vieram da Câmara Municipal. No princípio, a aquisição de coleções inteiras que pertenciam a intelectuais ajudaram a ampliar o acervo. Por falta de espaço, foi preciso se mudar. O prédio atual foi aberto em 1942, ainda com o nome de Biblioteca Municipal. Nas duas primeiras décadas, o foco era a pesquisa: os empréstimos de títulos começaram em 25/1/1944. O nome de Mário de Andrade foi adicionado em 1960. Atualmente, soma três milhões de itens, entre livros, periódicos, mapas e mídias.
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15. Estádio
Aberto em 1925, o estádio Conde Rodolfo Crespi, na Mooca, é o mais antigo da capital ainda em atividade, de acordo com o Museu do Futebol. Com seus modestos 4.000 lugares, é conhecido apenas como estádio da rua Javari ou o campo do Juventus. O clube, que disputa ali seus jogos da série A3 do Campeonato Paulista, adquiriu a arena da família Crespi apenas em 1967. A próxima partida por lá será contra o Votorantim, em 5/2, uma quarta, às 16h.

Clube Atlético Juventus - r. Javari, 117, Mooca, região leste, São Paulo, SP. Tel. (11) 2292-4833. 4.000 pessoas. Em dia de jogo: qua.: 15h. Sáb.: 10h e 15h. Dom.: 10h. 90 min. Livre. Ingr.: R$ 20. Estac. (R$ 20). Visita monitorada somente c/ agendamento p/ 99960-5814 ou imprensa@juventus.com.br.

16. Estações
As estações Água Branca, Brás, Luz e Perus, na zona norte, foram inauguradas em 1867, junto com a abertura da linha de trem Santos-Jundiaí. Enquanto a de Perus segue no mesmo lugar e conserva parte da estrutura construída no século 19, a da Luz foi reconstruída diversas vezes. O prédio atual, de 1901, substituiu uma construção simples que ficava do outro lado da av. Prestes Maia. Na última reforma, em 2004, a cor creme foi devolvida às paredes externas. Da Luz, não partem mais trens para Santos, mas sim para Jundiaí, com paradas na Água Branca e em Perus. O trecho é a linha 7-Rubi da CPTM. As primeiras estações de metrô foram abertas mais de cem anos depois. Jabaquara, Conceição, São Judas, Saúde, Praça da Árvore, Santa Cruz e Vila Mariana receberam passageiros a partir de setembro de 1974

17. Linha de ônibus
De acordo com a SPTrans, a linha de ônibus 5318, que liga a praça da Sé à Chácara Santana, bairro próximo à estrada do M'Boi Mirim, na zona sul, é o itinerário atual que opera há mais tempo na cidade. Percorrido pela primeira vez em 9 de setembro de 1977, o trajeto passa pela marginal Pinheiros, pelas avenidas Santo Amaro, Ibirapuera e 23 de Maio e pelo largo São Francisco, numa viagem que pode levar até duas horas. O ponto final não fica na praça da Sé, mas na rua Benjamim Constant, a poucos metros do marco zero. Já a primeira linha de bonde da cidade foi a ligação entre o largo de São Bento e a Barra Funda, cuja estreia ocorreu em 7 de maio de 1900. No Museu dos Transportes, é possível ver bondes e ônibus pioneiros.
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