Em 1998, o artista Guto Lacaz propôs, em editorial veiculado pela hoje extinta revista "Boom", quatro modelos de câmeras fotográficas imaginárias. Elas traziam lentes invertidas, sobrepostas, de costas uma para a outra ou confrontadas.
O objetivo seria criar, dizia o texto, "efeitos visuais sofisticados ou sofisticados efeitos visuais".
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Em 2014, a venda de smartphones no Brasil deve crescer 61%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Eletrônica. Ainda que o registro de imagem não seja a utilidade primeira desses dispositivos, já são populares os aplicativos que tiram fotos e produzem efeitos sobre elas -requintados ou não.
Dada a facilidade e quantidade desta produção, ainda há impacto na brincadeira de Lacaz?
A mostra "As Câmeras Duplas", que começa no domingo (dia 19), sugere a discussão desta questão.
Nela, fotógrafos de renome como Arnaldo Pappalardo, Bruno Cals, Cris Bierrenbach, Tuca Vieira e o coletivo Garapa exibem trabalhos em referência àquelas máquinas. "Esse editorial do Guto aborda fundamentos da fotografia. Vai ser sempre importante. Parte da câmera, mas trabalha o modo de olhar", diz Vieira.
Cals, por sua vez, chama a atenção para a releitura do projeto. "Foi uma coisa marcante na época e que hoje, apesar de parecer fácil, não é tão óbvio. O fácil é o óbvio", afirma.
"Destoa muito de uma brincadeira de aplicativo, que não tem o mesmo sabor", compara Pappalardo. "Tem a ver com a cabeça do Guto, com a relação lúdica que ele cria com os objetos", encerra.
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