Vanessa da Mata homenageia Tom Jobim em show gratuito; leia entrevista

Em 2012, Maria Rita revisitou músicas da mãe, Elis Regina, na turnê Viva Elis. Agora, o projeto Viva foca o maestro Tom Jobim, na voz da cantora mato-grossense Vanessa da Mata, que se apresenta em show gratuito no parque da Juventude (zona norte de São Paulo), neste domingo (dia 26), às 16h30.

Crédito: Jaqueline Machado/Divulgação A cantora mato-grossense Vanessa da Mata, que se apresenta no parque da Juventude (zona norte de SP).
A cantora mato-grossense Vanessa da Mata (foto) se apresenta no parque da Juventude (zona norte) neste domingo (dia 26)

"Fiquei surpresa com o convite para fazer o show e pensei muito pouco antes de aceitar", diz Vanessa. Para essa nova turnê, a artista contou com uma equipe ilustre: além do produtor Kassin, Vanessa teve o apoio da diretora Monique Gardenberg e do músico Eumir Deodato, que trabalhou com Tom Jobim e encarregou-se dos arranjos do show.

"Nós ficamos muito felizes com a participação do Eumir. Fizemos o convite, e ele veio de Nova York. Deixou um monte de coisas lá para nos ajudar", conta. "O trabalho com ele foi ótimo. No estúdio, ele contou muitas histórias sobre o Tom. Foi delicioso."

O trabalho de seleção do repertório foi árduo: a lista inicial de 150 músicas foi reduzida para 60 e, depois, para as 24 canções de Tom Jobim que compõem o programa do show, entre as quais "Chega de Saudade" e o clássico "Garota de Ipanema".

As obras --que receberam novos ritmos e nova interpretação de Vanessa, mas preservam a harmonia de Jobim-- serão compiladas em um disco, que deve ser lançado nos próximos meses.

Informe-se sobre o show


LEIA ENTREVISTA COM VANESSA DA MATA:

Guia Folha - Como você recebeu o convite para cantar Tom Jobim?
Vanessa da Mata - No ano passado, fiz um show com repertório de Luiz Gonzaga, e foi muito gostoso. Foi diferente, porque passei 12 anos só fazendo coisas minhas. Eu fiquei muito surpresa com o convite para fazer o show, e pensei muito pouco antes de aceitar. Tom Jobim foi um compositor que acompanhei a vida inteira. Ele é uma referência, foi um maestro de alta sofisticação. Aprendi muito com ele.

Como foi a escolha do repertório do show?
Foi bem difícil no começo porque nós tínhamos uma média de 150 canções. Depois, a Monique deu uma ajuda enorme, me entregou uma lista de 60 canções. Foi uma coincidência, porque, entre as 60 canções, estavam aquelas que eu tinha dito que faria. Ela resumiu para mim. E eu e o Kassin fomos tirando canções, tirando, até chegarmos nas 22 do repertório, com muita dor, porque cada música tirada é uma sensação ruim. Mas era necessário, porque é um show que precisa lidar com a saudade.

Você já trabalhou bastante com o Kassin, inclusive ele produziu o seu álbum "Sim". Como foi a entrada de Eumir Deodato nessa parceria?
Bom, o Kassin é meu companheiro há muito tempo. É meu marido sem sexo. Acho que não poderia falar isso para um jornal, mas agora já foi [risos]. Mas ele é bem meu marido mesmo, às vezes, a gente briga, arranca o cabelo do outro. Mas a gente conversa muito, e muitas vezes eu vejo que ele tem razão e concordo com ele. Nós convidamos o Eumir, e ele veio de nova York. Deixou um monte de outras coisas lá para nos ajudar. E foi ótimo. O Eumir trabalhou com o Tom, então, no estúdio, ele nos contava histórias sobre ele. É delicioso.

O Deodato parece trabalhar em uma linha mais clássica, enquanto o Kassin está sempre de ouvidos abertos para o novo. Como ficaram as músicas do Tom? Vocês decidiram inovar, trazer coisas novas, ou deixaram as canções exatamente como elas são?
A gente não interferiu muito. Algumas canções eu não mudo mesmo, só faço uma interpretação do meu jeito. As harmonias são as mesas. Mas, muitas vezes, mudamos os ritmos.

A gente tinha um clássico, o Eumir, e tínhamos gente nova no estúdio. Fomos fazendo uma releitura nova, nossa, do que a gente entendia de cada canção. Pensamos no que poderíamos trazer de ritmo, como o bolero. A bossa-nova, claro, continua. Foi muito prazeroso pensar em outros ritmos, coisas novas, já que tínhamos esse convite e essa autorização.

Mas a bossa-nova fica. Ela foi uma revolução, criou vertentes no mundo inteiro... o próprio Tom era assim.

O projeto Viva também homenageou Elis Regina, com shows da Maria Rita. Depois do sucesso, a Maria Rita lançou um CD e continuou com a turnê. Você pensa em transformar essa turnê do Tom em um novo trabalho? Um disco ou uma outra leva de apresentações?
É, não tem como não resultar em algo novo. Eu já estou com o disco pronto, que deve ser lançado nos próximos meses.

Foi tudo muito gostoso. Esse show é um presente para a minha carreira. Acho que Tom e eu nunca mais vamos nos separar, no sentido figurativo. Acho que ele é meu outro marido sem sexo [risos].

Mas não dá vontade de parar, é delicioso cantar Tom. É um exercício de interpretação. É incrível estar dentro de um mundo tão bonito como o do Tom, um mundo muito positivo, cheio de imagens de amor. E tem também essa coisa que ele faz tão bem, de juntar melodia e letra. É impressionante como tudo é harmonizado. Acho que ele devia estudar muito.

É um aprendizado enorme, como cantora e compositora. É muito bonito o jeito como ele define uma situação com a letra, e a melodia acompanha esse sentimento. É genial. Ele junta a intelectualidade com os sentimentos, a definição das palavras junto com as sensações. A música sozinha faz o espetáculo inteiro.

Então, além do disco novo, você pretende continuar com os shows?
Sim, e temos essa possibilidade. Estou muito feliz. Já recebemos vários convites, até para shows em outros países... até para a Polônia! Não significa que a gente vá mesmo, mas existe a possibilidade.

Crédito: Juliana Coutinho/Divulgação A cantora Vanessa da Mata ao lado da partitura de "Garota de Ipanema", de Tom Jobim
A cantora Vanessa da Mata ao lado da partitura de "Garota de Ipanema", de Tom Jobim

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais