Nesta edição, o Guia inicia uma série de roteiros em que vai revisitar, ao longo do ano, espaços públicos selecionados por serem parte da história da capital paulista e também por reunirem boa oferta de atrações em seus arredores.
É a sequência da série que desde 2017 dedica-se a ruas paulistanas —Augusta, dos Pinheiros, Joaquim Távora, Amauri e outras. Agora, praças e largos ganham a vez.
Começamos na região norte, na Freguesia do Ó, um dos bairros mais antigos de São Paulo. Em 2020, ele completa 440 anos.
Foi o bandeirante paulista Manuel Preto que iniciou a primeira ocupação além rio Tietê, a noroeste da Vila de São Paulo, que havia sido fundada 26 anos antes pelos jesuítas. Devoto de Nossa Senhora da Expectação do Ó, dedicou a ela a capela erguida no lugar.
No fim do século 18, a área ganhou a honraria de Freguesia —até então exclusiva da Sé— e uma nova igreja, decretada paróquia e destruída por um incêndio após cem anos.
Foi então que, para sediar a atual igreja, de 1901, o largo da Matriz mudou-se para o local onde está até hoje. Pertinho do antigo largo, ele é o coração do bairro e, quase 120 anos depois, inspira o roteiro a seguir.
Roteiro das batidas
O largo da Matriz é diverso. Tem comes e bebes para gostos e bolsos distintos, música ao vivo de estilos variados, mescla ambientes simples a alguns mais sofisticados.
Nada, no entanto, marca mais presença por ali que os bares de batidas. No mapa acima, o número 1 reúne seis deles. Coladinhos uns aos outros, eles são minúsculos —exceto o pioneiro Bar do Gallo’s, de 1997— mas, enchem a calçada com cadeiras plásticas viradas para o largo.
Dali, veem-se turmas, casais, famílias e crianças que tomam a praça —lotada nos dois dias de visita do Guia.
O clima é de interior, e a presença constante da polícia dá mais segurança. Encare uma batida de frente, aproveitando as indicações que o Guia traz a seguir.
Matrix Bar (nº 23)
De 2000, é conhecido como bar do Romélio, o fundador. Peça a Espanhola (vodca, vinho tinto, abacaxi e leite condensado, R$ 12).
Ter. a dom.: 17h à 1h.
Irmãos do Ó (nº 23B)
Nidão e Iremar tocam o bar desde 2017. Vá de Manda Nudes: vodca, leite condensado e amendoim (R$ 12).
Ter. a dom.: 17h à 1h.
Batidas do Ó (nº 33)
As irmãs Lú e Sabrina, além das batidas, servem pastel. Sugestão é a Loca (vodca, sorvete de morango e leite condensado, R$ 12).
Ter. a dom.: 17h à 1h.
Bar do Vitão (nº 45)
Filho do Nidão, Vitão toca o espaço com a mãe, Laura, desde 2018. Tem batida, sim, mas é o único entre eles a alugar narguile.
Ter. a sex.: 17h à 1h. Sáb.: 15h à 1h. Dom.: 14h às 23h.
Bar do Gallo’s (nº 47)
Pioneiro e o maior entre eles. Às sextas, têm pagode. Dica: Tiazinha (conhaque e drops de menta).
Seg. a sáb.: 16h à 1h. Dom.: 14h às 24h.
Bar do Negão (nº 55)
O bar é de Kleber Ribeiro desde 2012. Além das batidas tem copos de minissalgados. Vai bem a Tesão (conhaque, licor de cacau e leite condensado, R$ 10).
Ter. a sex.: 17h à 1h. Sáb.: 15h à 1h. Dom.: 14 às 23h.
+ Bares e restaurantes
Gruta Rock Bar (nº 37)
Exatamente entre os seis espaços de batidas está este bar. Parece pequenino como os outros, mas quem entra descobre o salão, decorado com retratos de astros como Jimi Hendrix. Nele, ocorrem as apresentações musicais dedicadas ao rock —e ,de vez em quando, a outros gêneros, como reggae e blues. Os shows são às sextas e aos sábados a partir das 20h. Aberto há quase 25 anos, oferece lanches e porções que vão bem com cerveja e cachaça.
Ter. a dom.: das 17h à 1h.
Estrela da Matriz (nº 11)
Os irmãos Diego e Ana Paula Alves abriram em 2010 este espaço em que dispõem mesas de madeira no salão e na calçada. Cervejas (R$ 14,40 a Heineken de 600 ml; e R$ 24,90 a Erdinger de 500 ml) e caipirinhas (R$ 22 a da Aninha, com vodca, caju e limão-siciliano) são opções. Entre os comes, a sugestão é o Lampião —escondidinho de abóbora com carne-seca (R$ 27,80 para dois). Não trabalha mais com música ao vivo, mas ainda passa jogos de futebol em quatro TVs.
Ter. à qui.: 16h à 1h. Sex.: 14h à 1h. Sáb.: 12h a 1h. Dom. 12h a 22h.
Grelha Burger (n° 74)
Aberto em 2017, tem duas torneiras plugadas nos chopes lager da Ravache e IPA da Schornstein. Ambos custam R$ 17 (300 ml) e R$ 22 (450 ml) —o primeiro, porém, é em dobro todos os dias. Destacam-se os hambúrgueres artesanais de angus. O que leva o nome da casa tem 150 g, maionese, cebola caramelizada no uísque, creme de gorgonzola e bacon caseiro. Roberto Garcia, o dono, anuncia para este fim de semana, a garrafa de 600 ml da Estrella Galícia a R$ 10. Em dois sábados do mês, promove show de rock.
Ter. a qui.: 18h às 23h. Sex: 17h às 24h. Sáb.: 15h às 24h. Dom.: 16h às 23h.
Maru Sushi (nº 98)
Única filial da marca, cuja matriz fica em Taboão da Serra, a casa foi aberta em novembro de 2017. Trabalha com sistema de rodízio, no almoço (R$ 44,90) e no jantar (R$ 59,90). O sequenciamento dos pratos segue a praxe: primeiro, quentes, como o guioza; depois, sushis e sashimis —sem limite de repetições. Entre as opções à la carte, há tepan de salmão, servido com legumes, gohan e missô shiru (R$ 36,90), e o yakisoba de carne. Caipirinha (R$ 19,90) e cervejas são pedidas para acompanhar.
Ter. a qui. e dom: 11h30 às 23h. Sex. e sáb.: 12h às 24h.
O Alemão (nº 134)
Em um casarão de 1864 tombado pelo patrimônio histórico, o bar funciona desde 2001. Foi fundado por Marcos Zoppi Filho, bisneto de alemão e morador da Freguesia do Ó. Abra os trabalhos com uma das cervejas alemãs (Paulaner, Erdinger ou Warsteiner). Para comer, selecione uma das opções da lista de receitas típicas daquele país. O Completão do Alemão, para até quatro pessoas, inclui eisbein (joelho de porco, dois kasslers (bisteca suína), salsichas, costelinha defumada, chouriço, chucrute, repolho roxo, batata sautée, molho páprica e purê de ervilha.
Seg. a sáb.: 12h à 1h. Dom.: 12h às 20h.
Empório Nordestino (nº 144)
Foi fundado em 2003 pela tia dos atuais donos, os irmãos Zé Paulino e Felipe Oliveira. Serve especialidades do Nordeste brasileiro. O carro-chefe é a carne de sol artesanal (contrafilé) assada na brasa, com queijo de coalho, e servida com farofa de feijão de corda, paçoca de carne de sol, arroz, vinagrete e purê e chips de mandioca (R$ 109 para dois). A novidade é a caipirosca 3M —maracujá, morango e limão (R$ 23,80 no copo de 400 ml).
Ter. a qui.: 11h30 às 24h. Sex. e sáb.: 11h30 à 1h. Dom.: 11h30 às 22h.
Frangó (nº 168)
Não só da Freguesia, este é um dos bares mais tradicionais da cidade. Aberto em 1987, como rotisseria, chamou a atenção com a torta de frango com Catupiry. Aos poucos, apostou na oferta de cervejas até então inacessíveis por aqui. A ideia deu certo e, em 1994, tornou-se o querido bar, cuja carta de cerveja é referência, com cerca de 400 rótulos entre nacionais e importados. Entre elas está a belga Boon Geuze Mariat Parfait, estilo lambic, engarrafada em 2013 (R$ 80; 375 ml). Entre os comes, o clássico é a coxinha de frango.
Ter. a qui.: 11h às 24h. Sex. e sáb.: 11h à 1h. Dom.: 11h às 24h.
Matriz Grill (nº 175)
Sem frescura, este modesto bar é muito bem quisto pelos frequentadores, vários dos quais enaltecem a receptividade e o atendimento do casal de donos Max e Vivi. Sugestões são os espetinhos na brasa e porções clássicas, como a de pancetta frita e a de fraldinha acebolada. Para acompanhar os comes, cerveja em garrafa de 600 ml.
Ter. a sex.: 18h à 0h45. Sáb. e dom.: 14h às 24h.
Top Dog (nº 167)
Aberta em 1996 e comandada pelo casal Mara e Mauricio, tem vista para a cidade. São oito versões de cachorro-quente, a partir de R$ 8. A nº 1 é a tradicional (pão, salsisha, ketchup e mostarda, R$ 8). Já a nº 7 tem acréscimo de quatro queijos e bacon (R$ 19,60). Há uma opção vegana e duas doces.
Dom. a qui.: 18h às 23h30. Sex. e sáb.:18h à 0h30.
Oh Freguês (nº 145)
Dos donos do Vila Seu Justino, na Vila Madalena, o bar foi aberto em 2018. Acomode-se sem taxa nas mesas de fora. Para entrar, mulher paga de R$ 10 a R$ 20 ou R$ 80 consumíveis, e homem, de R$ 20 a R$ 25 ou R$ 120. No térreo, há salão e pista. Quase todos, porém, rumam ao terraço, que tem uma bela vista da cidade. O cardápio é extenso. A dupla cerveja e espetinho é a mais pedida para degustar ao som de gêneros variados, como pagode, funk e pop rock.
Ter. a sex.: a partir das 18h. Sáb.: a partir das 14h. Dom.: a partir das 12h.
Pizzaria Ciccarino (n° 139)
Desde 1954, oferece pizzas, porções e pratos diversos, com opções de carne, massas, saladas e sopas. As redondas apostam em coberturas criativas, caso da Gaúcha (picanha defumada, mozarela e alho) e da Parmegiana (tiras de filé com molho da casa, mozarela, parmesão e manjericão).
Ter. a sex.: 12h às 14h45 e 18h30 às 23h. Sáb. e dom.: 12h às 24h
Pizzaria Bruno (nº 87)
Aberta em 1939, é uma das pizzarias mais antigas da cidade. Segue a tradição toscana no preparo de pizzas, assadas em forno a lenha, em uma bandeja com óleo quente, o que deixa a massa crocante. A Reinaldo leva mozarela, atum, champinhom, palmito e ovos (R$ 79). O salão tem ares de antigamente, e das janelas dá para apreciar a paisagem.
Seg.:18h às 23h30. Ter. a qui.: 11h às 23h30. Sex. e sáb.: 11h à 1h. Dom.: 11h às 24h.
Fundo da Fábrica
Na rua da Bica, paralela à praça, uma portinha sinaliza o bar inaugurado em junho de 2019 por dois amigos de infância. Avance pelo corredor para adentrar a casa, tímida por fora, mas internamente cheia de alternativas. A graça está lá no fundo, onde ficam uma churrasqueira e, subindo uma escada, um pequeno jardim, com mesinhas, varais de lâmpadas e árvores. É neste espaço que a casa promove seus shows. Além de jazz, também rolam ritmos como samba e dub, sempre aos sábados.
R. da Bica, 173b, Freguesia do Ó. Qui. a sáb.: 18h às 24h.
+ Arredores
Meo Pub & Beer Store
Aberto em 2017, a poucos metros da praça, tem nome, visual e linguagem em homenagem a São Paulo. São sete torneiras de chope, 50 rótulos de cervejas brasileiras e carta de drinques. Bolinhos de arroz ou a porção Azeitonas Firmeza escoltam as bebidas. Transmite jogos de futebol, tem área a céu aberto, promove musica ao vivo e eventos cervejeiros.
R. José de Siqueira, 20. Qua. a sex.: 19h às 24h. Sáb.: 17h às 24h.
Ó Bar’bas
Neste bar e restaurante, inaugurado em 2017, as imagens de Adoniran Barbosa e Bob Marley dividem espaço nas paredes. O ecletismo musical também se nota na programação de shows: rock, rap, forró, reggae. Por ora, sábados e domingos têm samba. A sugestão para comer são os hambúrgueres artesanais e os cortes nobres assados na grelha. Porções para petiscar também aparecem, bem como drinques clássicos e cerveja.
Rua Coronel Tristão, 12. Ter. a sex.: 17h às 24h. Sáb.: 12h às 24h. Dom.: 15h às 24h.
BBC Brew Burger & Crepes
O espaço de 2017 tem 11 versões de hambúrguer. O Original leva blend de carne bovina com bacon (150 g), queijo meia-cura, cebola caramelizada e maionese da casa no pão australiano (R$ 22). Os crepes são montados com dois sabores a escolher. O sistema é de autosserviço —sem garçom. Possui outra unidade no bairro, no mesmo espaço do Quintal do Ó.
R. Coronel Tristão, 16. Ter. a qui.: 12h às 22h. Sex.: 12h às 15h30 e 17h às 23h30. Sáb.: 14h às 16h e 17h às 23h30. Dom.: 14h às 16h e 17h às 22h.
Matriz do Açaí
Quando nasceu, em 2000, priorizava o açaí e os frutos do norte para aproximar paulistanos dos sabores da Amazônia. Isso continua valendo, mas o cardápio engordou bastante nos últimos 20 anos. Além do creme na tigela, há petiscos, sanduíches e pratos como costelinha com fritas. Às terças, quintas e sextas, promove shows de MPB, de pop rock e de sertanejo, respectivamente. Aos sábados, tem feijoada.
R. Chico de Paula, 72. Seg. a qui.: 14h ás 24h. Sex.: 14h á 1h. Sáb.: 12h à 1h. Dom.: 13h às 24h.
Esquina do Ó
Discreto, meio escondido, o bar é convidativo. O espaço abriu em junho do ano passado. Tem mesinhas na calçada e, passando pela porta, um pequeno salão com cobertura retrátil. Cerveja em garrafa de 600 ml, drinques, como o gim-tônica, e porções, como a de calabresa acebolada, estão entre as opções. Sábado tem feijoada com música ao vivo (pagode e sertanejo). O terreno é amplo, e serve de estacionamento —quiçá o aproveitem melhor.
R. Chico de Paula, 82. Ter. a dom.: 11h às 23h.
AVENIDA ITABERABA
Quando se fala em largo da Matriz, é preciso saber que existem dois: o da Matriz Nova (1901-) e o da Matriz Velha (1796-1896). O mais antigo é ladeado pela avenida Itaberaba, via de importância histórica na Freguesia. Maior, a atual igreja Nossa Senhora do Ó exigiu um terreno mais amplo, acompanhando o desenvolvimento do bairro da região norte. Na avenida, também há opções para comer e beber. Veja endereços:
Boteco do Ó (nº29)
Narga Tabacaria (nº 39)
Bar du Ó, (nº 125)
Bar’baridade (nº 141)
+ Atrações no entorno
Último ensaio
A Sociedade Rosas de Ouro, escola de samba heptacampeã do Carnaval paulistano, foi fundada na Brasilândia, mas se mudou para a Freguesia do Ó em 1980. No bairro, construiu sua quadra, na qual realiza seus ensaios. O último antes do desfile oficial deste ano é nesta sexta (14).
R. Coronel Euclides Machado, 1.066, tel. 3931-4555. Sex.: a partir das 22h. Livre. Ingr.: R$ 20.
Urubó e Urubózinho
Em 2020, o bloco idealizado por um grupo de amigos do bairro completa uma década de fundação. Os desfiles do ano passado levaram cerca de 40 mil foliões às ruas. Neste domingo (16), das 12h às 15h, será realizado o último ensaio aberto antes do Carnaval. No sábado (15), o Urubózinho, versão infantil do bloco, ocupa a praça das 9h às 11h.
Largo da Matriz, 215.
Devoção
O ano de inauguração da Matriz Velha, destruída por um incêndio em 1896, está gravado na atual igreja. Religiosidade e bairro sempre estiveram ligados. Anualmente, três tradicionais eventos ocorrem por lá: Festa do Divino, em abril; Assentamento da Cruz, em maio; e Festa à Padroeira Nossa Senhora do Ó, em dezembro. Vale entrar para visitar a igreja, erguida em 1901.
Manobras do Ó
Skatistas da região encontram-se para sessões na Skate Freguesia, pista inaugurada em 2011 a dez minutos de caminhada do largo da Matriz. A praça da Matriz Velha é outro endereço que recebe os praticantes —“pistinha de vila, em que todos querem andar. Pode colar, mas sem arrastar”, sugere a página do Facebook @skatefregesia.
Skate Freguesia - Av. Miguel Conejo, 100.
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