Quilombos do Pará surgem com suas belezas e injustiças em exposição em SP

Mostra 'Bem-Querer Marajó' reúne 50 fotografias feitas na região amazônica

Foto exposta na 'Bem-Querer Marajó', que exibe fotos de habitantes de quilombos da Ilha de Marajó, no Pará

Foto exposta na 'Bem-Querer Marajó', que exibe fotos de habitantes de quilombos da Ilha de Marajó, no Pará Paula Giordano/Divulgação

São Paulo

Um pouco das comunidades quilombolas da Ilha de Marajó, no Pará, desembarca em São Paulo. Depois de ser exibida em território paraense, a exposição "Bem-Querer Marajó" chega à capital paulista neste sábado, dia 12, com cerca de 50 fotografias para mostrar o belo nessas comunidades e as ameaças sofridas.

"A exposição quer trazer quantas coisas bonitas eles têm. Belezas de trabalho, de cultura, de dança, de costumes, do trançado, da pesca, da brincadeira das crianças. As atividades deles não param, apesar das ameaças", define João Ripper, fotógrafo e curador do projeto. A mostra estreia na Casa de Cultura Odisseia, no bairro Cerqueira César.

A ideia da empreitada surgiu depois que Ripper fez uma oficina de fotografia em parceria com um estúdio de fotografia paraense. Ele então sugeriu que fotógrafos passassem alguns dias nas comunidades quilombolas para fazer registros do dia a dia dos lugares.

Ripper já teve com outras comunidades. No Imagens do Povo, uma espécie de agência de fotógrafos populares, ele trabalhou durante oito anos no conjunto de favelas da Maré, no Rio de Janeiro. "Depois eu criei o projeto Bem-Querer, que serve para mostrar a beleza que há na realidade das populações menos favorecidas".

Os fotógrafos foram divididos em pequenos grupos e espalharam-se por 12 locais. Cada um passou cerca de sete dias lá, vivendo com os quilombolas. Dessa convivência surgiram cliques como o que exibe uma espécie de porteira bloqueando o curso de um rio, o que impedia os moradores de praticarem a pesca.

"Fizemos outras denúncias, de latifúndio, monocultura e desrespeito aos limites das terras", complementa Ripper. Os cinco registros que fazem as tais denúncias podem ser vistos juntos num só painel da exposição.

Mas a intenção da mostra era escancarar o que há de mais bonito nos quilombos. Há, por exemplo, uma foto em que uma quilombola sorridente carrega dois abacaxis. Em outras duas imagens, uma criança observa um pássaro e um menino se diverte ao escalar um tronco.

A mostra não deve parar por São Paulo e pretende chegar em breve ao Rio de Janeiro e a outros estados.

Se for sair de casa para visitar a "Bem-Querer Marajó", não se esqueça de manter a máscara no rosto durante o passeio.

Bem-Querer Marajó

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