Brunch na Catedral da Sé volta a ser servido com passeio por bastidores da igreja; saiba como ir

Evento em SP custa R$ 350 por pessoa e passa por espaços como cripta, torre e sinos do local

São Paulo

Uma longa fila se forma ao lado do altar-mor da Catedral da Sé assim que a missa da manhã de domingo se encerra. A fileira não é composta apenas por fiéis, mas também por visitantes que tiraram do armário sua melhor roupa de domingo para conhecer os bastidores da mais importante igreja de São Paulo.

Criado há seis anos, o Brunch da Catedral serve comida para grupos, seguido de um tour pela igreja. O ingresso, que custa R$ 350 por pessoa, garante comida e bebida à vontade aos visitantes e uma renda extra para a arquidiocese, que diz que o dinheiro é usado para a manutenção do prédio e para obras sociais da Missão Belém.

Detalhe do bufê do Brunch da Catedral, servido na Catedral da Sé, no centro de São Paulo
Detalhe do bufê do Brunch da Catedral, servido na Catedral da Sé, no centro de São Paulo - Divulgação

Após o hiato motivado pela pandemia, o evento retomou a agenda em outubro do ano passado. Mas foi só no começo deste ano que o brunch conquistou, de vez, o público —com um empurrãozinho de perfis no TikTok e no Instagram. Até então, a Sé realizava apenas uma edição por mês. Agora são três. A agenda, assim como as demais informações, é divulgada no perfil @brunchnacatedral. O próximo evento está marcado para o outro fim de semana, nos dias 2 e 3 de julho.

Após passar pela fila, o público sobe alguns lances de escada e chega ao salão superior, atrás do órgão da catedral, que precisa ser restaurado e está há 20 anos sem uso. O espaço, de paredes brancas iluminadas por vitrais coloridos, ganha mesas, cadeiras e decoração especial a cada brunch. Um violinista caminha por entre as mesas, enquanto garçons servem bebidas ao público. É possível escolher entre vinho tinto, espumante, água e suco.

Assinado pela chef Gil Godim, voluntária do projeto, o menu muda a cada edição. Mas sempre há as receitas clássicas, como o queijo brie folhado e o carpaccio de salmão. Os preparos ganham espaço em estações frias e quentes, além da ala das sobremesas. Na hora de se servir, é bom lembrar-se de e ter uma bela paciência, pois há fila. Muita. O público estimado para cada refeição é de 200 pessoas.

Se a espera é compensada pela fartura de comida, a digestão é feita com o passeio guiado pela catedral —são cerca de duas horas de caminhada, marcadas por escadarias e curiosidades, em uma turnê por todo o prédio, da cripta aos sinos. Por isso, é bom ir preparado, com sapatos confortáveis. Além disso, o circuito não é recomendado para crianças ou idosos.

O tour começa pelo altar, onde o público, já com o celular em punhos, ouve o guia contar um pouco da história da Catedral da Sé, construção de estilo neogótico que começou a ser levantada em 1913. Sua inauguração ocorreu só em 25 de janeiro de 1954, nas comemorações dos 400 anos da cidade de São Paulo, mas as duas torres principais do edifício ainda não estavam prontas.

Apesar de seguir um estilo de arquitetura europeia, existem alguns detalhes que conectam o imóvel ao Brasil, como os animais que aparecem nas colunas da entrada principal e as peças de mármore verdes e amarelas —que vêm da África, como o guia frisa.

Depois, é a vez de conhecer a cripta, embaixo do altar. Marcado por um piso quadriculado, o salão abriga restos mortais de bispos e arcebispos de São Paulo, além de figuras históricas como o cacique Tibiriçá, líder indígena que participou da fundação da cidade. Até Bartolomeu de Gusmão, que inventou o aeróstato, que pode ser considerado o primeiro tipo de balão, em 1709, encontra-se por lá. O espaço abriga, ainda, uma exposição sobre o Santo Sudário.

E então começa a parte mais difícil —e um pouco perigosa— do trajeto, quando é preciso subir cerca de 300 degraus até as torres, momento que permite ao visitante observar o centro de São Paulo do alto. O caminho até o topo não é exatamente bonito, mas envolto por um pedaço da construção que lembra as coxias de teatros, com aquela bagunça que a gente não sabe onde esconder.

Há uma pausa para o cafezinho e para o fôlego antes da chegada à reta final do passeio. Apesar do clima de bastidores, o público sempre encontra algum ângulo interessante para fotografar, seja com a luz que passa os vitrais, seja em selfies com o melhor ângulo possível.

A paisagem vista das torres é a principal atração. O caminho pelo telhado esverdeado é feito por passagens estreitas e escadas curvilíneas, com degraus igualmente apertados. Depois da volta, o guia leva parte do grupo até a torre que abriga os sinos —a outra, ele diz, está vazia, mas pode virar um museu ou um café. "Estamos estudando as possibilidades", diz. E depois brinca, falando que não vai deixar ninguém tocar os sinos: "Senão a gente não sai nunca daqui".

É então que a romaria chega ao fim, com o público satisfeito pela comilança e pelo passeio. "Parece que a gente precisa ir até a Europa para dar valor para o que tem aqui, né?", reflete, em voz alta, uma das visitantes, entre um selfie e outro.

Brunch na Catedral

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