O que era um momento aguardado para fãs das animações da Pixar, com direito a ingressos disputados e vários deles esgotados, tem se transformado em uma experiência decepcionante para alguns dos visitantes da "Mundo Pixar", exposição sobre os filmes do estúdio em cartaz na capital paulista.
Dez dias após a inauguração, a mostra tem acumulado críticas na internet. No site Reclame Aqui, por exemplo, há ao menos 15 reclamações sobre a exposição, mais de uma por dia —todas com relatos que definem a experiência como "decepcionante", "frustrante", "péssima" e algo que "não vale a pena".
Aberta ao público no dia 20 deste mês, a exposição ocupa uma área de 2.800 m² no estacionamento do shopping Eldorado, na região oeste de São Paulo, e reúne espaços instagramáveis com réplicas de cenários de diferentes filmes da Pixar, como o quarto de brinquedos de "Toy Story", a fábrica de "Monstros S.A." e a casa de "Up - Altas Aventuras". As entradas custam entre R$ 60 e R$ 100.
A principal reclamação dos visitantes é um cordão de isolamento, daqueles geralmente usados para organizar filas, que foi colocado ao redor de alguns desses espaços. Estátuas de personagens do estúdio, como a dupla de monstrengos de "Monstros S.A." e o caubói Woody, de "Toy Story", por exemplo, estão cercados por essa barreira, o que não permite que as pessoas cheguem perto ou interajam com os objetos. O mesmo ocorre com os bonecos da família de "Os Incríveis" e a cozinha de "Ratatouille" .
A mostra, que é anunciada como imersiva, tem frustrado principalmente aqueles que querem registrar a visita em fotos nas redes sociais —os cordões, segundo os relatos, atrapalham exatamente o que mais importa para os visitantes: as fotos. As reclamações listam ainda falta de interatividade, filas longas e falta de organização no local.
As críticas surgiram nas redes sociais, principalmente, quando fãs da Pixar acompanharam fotos e vídeos publicados nas redes sociais por influenciadores que visitaram a atração antes da abertura oficial. Nas publicações, era possível observar pessoas tirando fotos ao lado dos bonecos sem qualquer tipo de restrição. Durante a visita da reportagem do Guia à exposição, no dia 18 de julho, também não havia restrições.
Mas, quando as portas foram abertas, o público se deparou com parte dos cenários e personagens isolados. Fã dos filmes da Pixar e da Disney e colecionadora de bonecos do estúdio, a advogada Larissa Christinne garantiu seu ingresso assim que as vendas foram liberadas, em maio, e aguardava ansiosa pela visita. Ao chegar à mostra um dia após a inauguração, em 21 de junho, porém, ficou desapontada com a experiência.
"Influenciadores e pessoas VIPs fizeram vários vídeos mostrando a exposição e não tinha nenhuma faixa. Fui me decepcionando cada vez mais em cada cenário que entrava. Não senti vontade nem de postar fotos. Fiquei muito chateada, pois o ingresso não é barato e sou fã dos filmes."
"Me deu uma tristeza muito grande em não poder chegar perto da Tristeza, que é minha personagem favorita", diz Christinne. "A decepção foi muito grande e eu não recomendo."
A enfermeira Bárbara Alves foi com o marido e a filha na exposição nesta sexta-feira, dia 29, e teve uma decepção semelhante. "A gente tem o cuidado de a criança não danificar os brinquedos. Mas o cordão, de certa forma, distancia a criança do personagem", conta. "As fotos também não ficaram tão bacanas, porque fica aquela corda no meio."
Outra reclamação frequente do público é que a mostra não é tão interativa. Espalhados pelo local estão placas que indicam que é proibido tocar em alguns dos objetos e cenários.
"Por ser uma exposição infantil, eu imaginei que fosse ser mais interativa e que eles poderiam tocar nos objetos", comenta a publicitária Natália Azis, que foi à mostra nesta sexta (29) em um grupo que incluía dez crianças. "A equipe tentava manter o espaço sempre organizado, mas as crianças não veem o cordão, elas veem o cenário e querem pegar as coisas."
Na contramão, a psicóloga Mariana Moreno acha que os cordões de isolamento não atrapalharam a experiência que teve ao lado dos dois filhos durante a visita, também nesta sexta-feira. "Achei a exposição interessante para tirar fotos, mas era pouco interativa", ela ressalva.
De acordo com a página da exposição no site da Eventim, onde são vendidos os ingressos, as sessões têm duração de quase duas horas, com intervalos de dez minutos, e só não é permitido entrar no local com comida, bebida, animais —exceto cão-guia— ou carrinhos de bebê.
Procurada pela reportagem, a Disney afirmou que não comentaria o assunto. A exposição "Mundo Pixar" segue em cartaz até o dia 23 de outubro, com ingressos à venda na bilheteria do shopping Eldorado e no site Eventim.
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