O Horto Florestal está diferente. Quem visitou o local nos últimos meses logo repara num espaço de alimentação que não existia, com carrinhos que vendem comidas e bebidas e food trucks com opções de lanches como pastel e hambúrguer.
Além disso, um bufê de café da manhã é servido aos sábados e domingos num casarão que já serviu de residência de verão dos governadores paulistas.
As mudanças são consequência da privatização da gestão do espaço, em abril deste ano. Frequentado principalmente por moradores da zona norte, o parque foi concedido à empresa Urbia, assim como o Cantareira e o Ibirapuera.
Entre uma caminhada e outra, é possível observar funcionários que fazem a limpeza com mais frequência do que antes. Mas, apesar da melhoria nesse quesito, alguns banheiros estavam sem portas ou com cabines quebradas e sem papel higiênico durante a visita da reportagem. A Urbia afirma que foi um problema pontual.
Um novo portão agora também dá acesso direto ao parque da Cantareira, seu vizinho, para quem quer esticar o passeio. Foram instalados ainda um ambulatório e uma tenda que abriga atividades gratuitas como aulas de ioga e de zumba.
Mas, assim como ocorreu com o Cantareira, a mudança também foi sentida no bolso. Apesar de o parque ter entrada gratuita, o público viu serviços passarem a ser cobrados —são os casos do estacionamento, que agora custa R$ 10, e do Museu Florestal, que tem entrada de R$ 15.
O diretor da Urbia, Samuel Lloyd, justifica a cobrança ao dizer que o museu passou por uma reforma e que houve ampliação do horário de funcionamento para os fins de semana. "Tem seus prós e contras, mas tenho certeza que R$ 15 não vai fazer tanta diferença no orçamento."
Já o estacionamento foi terceirizado e pavimentado. Os valores arrecadados, afirma o diretor, serão usados em obras no parque. O passeio pode ficar mais caro para quem optar por fazer uma nova visita guiada em carros elétricos, ao preço de R$ 15, ou brincar no circuito que inclui cama elástica e pula-pula, com tíquetes a partir de R$ 7.
Nos nove primeiros meses do ano, o Horto recebeu 1 milhão de visitantes. "Chegamos a receber 20 mil pessoas num dia, o que era uma projeção para daqui a dois ou três anos. O Horto é uma joia, mas pouca gente ainda o conhece o potencial que ele tem."
A videomaker Clara Zamith, que tem 32 anos e visita o endereço desde os cinco, diz ter notado melhorias na sinalização e na organização, mas avalia que faltam iniciativas para a preservação da natureza. "O Horto sempre foi um lugar bem cuidado. Ainda não vi essas iniciativas prejudicarem o parque, mas acredito que a prioridade deveria ser a preservação da fauna e da flora."
Com 73 hectares de áreas abertas à visitação, o Horto é uma unidade de conservação tombada, ou seja, deve ser preservada a mata atlântica, seus lagos e a fauna, como os patos e capivaras que moram por lá e passeiam tranquilamente entre os visitantes.
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