Parque da Cantareira ganha café, deve ter hotel e fica mais caro após gestão privada

Segunda maior floresta urbana do país, local pretende criar complexo de aventura e tirolesas

Trilha do núcleo Engordador do parque da Cantareira, na zona norte de São Paulo

Trilha do núcleo Engordador do parque da Cantareira, na zona norte de São Paulo Raquel Cunha/Folhapress

São Paulo

Os paulistanos certamente conhecem a serra da Cantareira pelo menos de nome. E, mesmo que nunca tenham visitado a região, reconhecem sua extensa área verde nas paisagens, visível dos pontos mais altos da capital paulista. Mas talvez nem todos saibam que ali há trilhas e cachoeiras abertas para visitação.

Segunda maior floresta urbana do país, o parque da Cantareira era administrado pelo governo do estado de São Paulo desde sua fundação, em 1962. Mas, desde abril deste ano, mudou de mãos e foi concedido à gestão privada.

Vista da capital paulista a partir do mirante da Pedra Grande, no parque da Cantareira
Vista da capital paulista a partir do mirante da Pedra Grande, no parque da Cantareira - Raquel Cunha/Folhapress

Com área equivalente a quase 8.000 hectares —ou 8.000 campos de futebol— dividida em quatro núcleos que se estendem por diferentes municípios, o parque é hoje mantido pela Urbia, empresa que se tornou responsável também pelo Ibirapuera e pelo Horto Florestal. Mas a concessão corresponde a 3,6% da área total, restrita a locais de uso público, e o núcleo localizado em Guarulhos ficou de fora da gestão privada.

Nessa nova fase, o espaço mudou de nome e foi rebatizado de Floresta Cantareira. Além do nome, outra novidade foi a abertura de um acesso direto que liga o parque ao vizinho Horto Florestal.

Mas ainda são poucas as mudanças observadas por lá. A principal foi a instalação de um carrinho de comidas e bebidas e a inauguração de um café próximo ao mirante do núcleo Pedra Grande, o mais visitado –os outros são Engordador, Águas Claras e Cabuçu.

Antes, não havia qualquer opção para comer no parque. Os outros núcleos, porém, continuam sem serviço de alimentação. No cardápio, são oferecidos lanches prontos, salgados, doces, e bebidas como sucos e café.

Além disso, foram feitas melhorias na limpeza e nas sinalizações e criada uma visita monitorada, que custa R$ 10. Mas a principal transformação foi o reajuste do preço do ingresso, que passou de R$ 19 para R$ 30 —e agora pode ser adquirido online.

Em nove meses, o parque recebeu 49 mil visitantes. Para comparar, só em uma semana de agosto, o Ibirapuera recebeu 580 mil pessoas.

Moradora da zona norte, a desenvolvedora de software Mariana Herreros frequenta o parque há dez anos e diz não ter percebido muitas modificações após a concessão. "Era melhor antes, agora ficou mais caro e só mudaram as placas. E os banheiros, que estão mais limpos."

"É um trabalho contínuo que fazemos de marketing e de colocar novidades para tornar o parque mais atraente", diz Samuel Lloyd, diretor da Urbia. Segundo a empresa, a ideia é modernizar o Cantareira e transformá-lo em um complexo de aventura, com instalação de tirolesas, arvorismo, espaço para eventos e até um hotel.

"Estamos buscando o melhor modelo para criar uma experiência de dormir dentro da floresta", afirma o diretor. Enquanto isso não ocorre, ainda é possível curtir a natureza da Cantareira apenas com o som dos pássaros.

Floresta Cantareira - Núcleo Pedra Grande

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