Em 2013, no intervalo de um ensaio de "Incêndios" —peça do libanês Wajdi Mouawad que estreou no Brasil com direção de Aderbal Freire-Filho e foi sucesso de crítica—, o ator e produtor Felipe de Carolis acompanhou pelo noticiário manifestações que pediam a intervenção militar no país. O clima de polarização acirrada fez com que se lembrasse da trama de "Céus", outro texto de Mouawad que compõe uma tetralogia com Incêndios e mais duas peças.
Carolis decidiu na hora comprar os direitos do texto. Quatro anos depois, ele e Aderbal voltam a trabalhar juntos em "Céus", que estreia nesta sexta (27) no Teatro Vivo. Além de Carolis, o elenco tem nomes como Rodrigo Pandolfo e Isaac Bernat.
A história se passa dentro de um bunker de análise de dados, onde cinco personagens avaliam indícios de possíveis atentados terroristas. Dias antes de completar o trabalho, um deles (Aderbal, que participa em vídeo) comete suicídio. Quem ocupa seu lugar é um jovem criptógrafo (Carolis), que alerta para possíveis ataques pelo mundo a partir de evidências encontradas em obras de arte.
O embate entre essa linha de raciocínio e a mais clássica, baseada na dedução lógica, é o que norteia a narrativa, que critica o senso comum que relaciona terrorismo e religião. Os atentados acabam se mostrando como uma tentativa de vingança dos jovens que, tendo sofrido com as várias guerras recentes, decidem atacar a civilização e seus valores.
O espetáculo é a conclusão da tetralogia "O Sangue das Promessas", que reflete sobre a guerra, as migrações, a importância da memória e a busca do ser humano e do próprio Mouawad, que migrou muito jovem do Líbano para a França por uma identidade.
Teatro Vivo - Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Vila Cordeiro, tel. 3279-1520. 274 lugares. Sex.: 20h. Sáb.: 21h. Dom.: 18h. Até 10/12. Ingr.: R$ 50 a R$ 60, p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.
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