Na eleição de melhores eventos de 2017, os especialistas convidados pelo "Guia" escolheram a remontagem comemorativa de 50 anos de "O Rei da Vela", do Teatro Oficina, como a melhor estreia de teatro do ano.
Escrito por Oswald de Andrade (1890-1954), na década de 1930, a peça critica a sociedade da época a partir da história de Abelardo 1º, que enriquece ao abrir uma fábrica de velas quando as empresas de energia elétrica fecham, já que a população não tem dinheiro para pagar a conta. O espetáculo acumulou dez pontos.
O segundo lugar, com seis pontos, foi ocupado por "Boca de Ouro", montagem de Gabriel Villela para a tragicomédia de Nelson Rodrigues. A peça narra em retrospecto a vida de Boca de Ouro, bicheiro temido e megalomaníaco, a partir da investigação de seu assassinato.
Em terceiro lugar, empataram as peças "Tchékhov É um Cogumelo" e "Vaga Carne", com três pontos.
Na eleição entre os leitores, quem levou o prêmio foi "Grande Sertão: Veredas", espetáculo-instalação de Bia Lessa inspirado na obra homônima de Guimarães Rosa.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Cada integrante do júri elegeu três destaques em ordem de preferência. Foram distribuídos pontos da seguinte maneira:
1º lugar = 3 pontos
2º lugar = 2 pontos
3º lugar = 1 ponto
Os vencedores foram determinados pela soma dos pontos dos eleitos de cada jurado. Não houve desempate. Os jurados também puderam indicar, em suas categorias, o pior do ano (alguns preferiram não fazê-lo).
CONFIRA OS VOTOS DOS JURADOS
Amanda Ribeiro, repórter de teatro e artes plásticas do "Guia".
1º lugar: Boca de Ouro: Direção de Villela realça ainda mais o brilhantismo de Nelson Rodrigues.
2º lugar: "O Rei da Vela": Comemoração e ato de resistência do Teat(r)o Oficina que dialoga com nossos tempos
3º lugar: "A Guerra não Tem Rosto de Mulher": As palavras de Svetlana mostram a guerra brutal e humana
Pior do ano: não citou
Bruno Machado, jornalista e crítico de teatro.
1º lugar: "Tchékhov É um Cogumelo": Visão original e inquietante sobre a passagem do tempo.
2º lugar: "As Criadas": Clássico com fôlego renovado, capaz de enfrentar a questão racial brasileira.
3° lugar: "Kiev": Uma visão ao mesmo tempo amarga e hilária da Revolução Russa, cem anos depois.
Pior do ano: "Lili Carabina": Encenação amadora para um texto machista e homofóbico; constrangedor.
Lenise Pinheiro, repórter-fotográfica e editora do blog Cacilda.
1º lugar: "O Rei da Vela": Montagem comemorativa e política. Esmero de todos os envolvidos. Borghi e Zé Celso: nota 10
2º lugar: "Tom na Fazenda": Encontro de grandes artistas. Acertos entre bofetes, sopapos e revelações
3º lugar: "Refluxo": O trabalho de Eric Lenate consagra o teatro e seus oficiantes. Feitiço entre plateia e elenco
Pior do ano: Liminar cancelou a apresentação da peça de teatro "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu".
Maria Luísa Barsanelli, repórter de teatro da "Ilustrada".
1º lugar: "Boca de Ouro": Gabriel Villela e seu brilho eterno.
2º lugar: "O Rei da Vela": Velha roupa colorida.
3º lugar: "Vaga Carne": Atriz de imensa voz.
Pior do ano: O veto da Justiça a sessões de "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu".
Mariana Marinho, jornalista cultural e atriz.
1º lugar: "O Rei da Vela": O Teat(r)o Oficina em mais um ato de resistência. #vetaastorres
2º lugar: "Vaga Carne": O texto, a voz e o corpo de Grace Passô são um acontecimento, um vulcão.
3º lugar: "Grande Sertão: Veredas": O privilégio de ouvir e sentir no teatro as palavras de Guimarães.
Pior do ano: A porrada que o teatro (e toda a cultura) levou da prefeitura ao longo do ano.
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