Foi por muito pouco que o papel de Carmen Miranda escapou das mãos de Laila Garin. A atriz, que já interpretou Elis Regina, Édith Piaf e Clara Nunes, havia passado num teste para protagonizar um musical sobre a cantora luso-brasileira que seria dirigido por João Falcão ainda em 2009.
O projeto não foi adiante, e Garin seguiu com essa frustração por quase 15 anos. A espera, entretanto, se encerra nesta quinta-feira (26) quando a artista subirá ao palco do Teatro do Sesi para estrelar "Carmen - A Grande Pequena Notável", musical dirigido por Kleber Montanheiro e adaptado do livro de Heloísa Seixas e Julia Romeu que narra a história da cantora para o público infantojuvenil.
"Estou completamente apaixonada! Eu não sabia a profundidade da artista que ela tem, todo desenho que ela tem de mãos, olhos, figurinos. É tudo muito rico, ela é um gênio", diz Garin que assume a produção substituindo Amanda Acosta, responsável por dar vida a Carmen desde que o musical estreou, em 2018.
Quem também viu o papel escapar das mãos por pouco foi Renata Ricci. Um dos principais nomes da revitalização dos grandes musicais no Brasil, a atriz tinha o desejo de contar a história das irmãs Carmen e Aurora Miranda em um musical que acabou sendo inviabilizado pela pandemia.
A impossibilidade de seguir com o projeto fez com que ela mergulhasse na história da cantora e, em parceria com o dramaturgo Guilherme Gonzalez, decidisse narrar um recorte da vida da artista, quando ela foi vaiada no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, em seu primeiro show no Brasil após o sucesso nos Estados Unidos.
"A partir daí, imaginamos como isso a teria impactado, tanto na pessoa física quanto na sua obra, que rendeu uma resposta com ‘Disseram que Voltei Americanizada’", afirma a artista. Ela lançou online o monólogo "Pra Você Gostar de Mim", que chega ao palco do Teatro Paiol Cultural a partir de 24 de fevereiro rebatizado de "Carmen Miranda: Entre Divãs e Balangandãs", sob a direção de Celso Correia Lopes.
Ambas as montagens antecipam as celebrações dos 115 anos da artista. Tanto Ricci quanto Garin ficaram fascinadas pela personagem e pelo fato de que ela, embora brasileira com fama internacional, não tenha conseguido o reconhecimento artístico que merecia.
"Ela transcende a música, porque tinha uma noção plástica, criou uma persona, um sapato, figurinos, uma imagem que ficou marcada naquela figura, além de ter sido uma grande cantora com um estilo de cantar que até pode ter ficado numa época, mas seu pensamento estético não", afirma Garin.
Ricci complementa: "Ela foi uma popstar que teve vendagens de discos comparáveis a divas como Lady Gaga e Beyoncé para o tamanho do mercado na época. Ela era uma exímia cantora e uma trabalhadora incansável das artes."
Em comum, ambas as montagens mergulham no repertório deixado pela cantora, que inclui sambas mais lentos, como "Camisa Listrada", até emboladas como "O Bambo do Bambu".
Mas, se "Entre Divãs e Balangandãs" enfoca o drama na forma de um monólogo musical, "Carmen: A Grande Pequena Notável" busca passear por toda a vida da artista a partir de quadros com influência do teatro de revista. "As cenas são curtas, rápidas, quase como um videoclipe", afirma Kleber Montanheiro.
"A ideia é fazer com que a obra crie um diálogo com toda a família, desde avós, passando pelos pais, os filhos pequenos e os adolescentes, que possivelmente já ouviram Carmen cantar em algum momento ou a conhecem através de uma herança familiar."
23h00
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