Crítica: Ao questionar padrões, peça infantil repete contos de fadas

Questionar os padrões de beleza das heroínas dos contos de fadas, algo bastante em voga nesses tempos, é o mote da peça "O Cabelo da Princesa", com direção de Gilda Vandenbrande e dramaturgia de João Carlos Filho.

Na peça, Isis (Lara Mitchel) é uma menina negra que vive sozinha num sótão e tem um boneco (Rodrigo de Castro) como amigo fiel e confidente. Em seu aniversário, ela ganha uma peruca para esconder seus cabelos crespos.

A menina e o boneco, que magicamente ganha vida, brincam de "completar a história" dos contos de fadas mais clássicos, como "Cinderela" e "Rapunzel". Às vezes divertido, o jogo se estende por boa parte do espetáculo, com diálogos que nem sempre focam o conflito central.

O Cabelo da Princesa
O Cabelo da Princesa - Cristian Mazzetti/Divulgação

Na tentativa de questionar padrões, a peça repete as fórmulas das velhas princesas. A menina que quer enaltecer sua própria identidade usa trajes similares aos das protagonistas eurocêntricas, faz pedidos à fada madrinha e sonha com um príncipe –ainda que encarnado num boneco trapalhão.

Esperava-se ao menos uma transformação, mas tudo ocorre como num passe de mágica, sem grandes recursos no enredo. O encantamento também falta ao cenário, em MDF cru, e aos figurinos, com perucas similares às usadas nas brincadeiras das festas de aniversário.

Lá pelas tantas, a menina diz que prefere os contos de fadas –"de real já basta a minha vida!". Mas é justamente a realidade que as meninas precisam transcender. Nem sempre tudo se resolve só com varinha de condão.

Avaliação: regular
Indicação da crítica: a partir de 5 anos

Teatro Viradalata - R. Apinajés, 1.387, Sumaré, região central, tel. 3868-2535. 270 lugares. Sáb. e dom.: 16h. 50 min. Até 16/4. Ingresso: R$ 20 a R$ 40. 

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