'Castelo Rá-Tim-Bum': diretor do MIS dá detalhes sobre a mostra em SP

O Museu da Imagem e do Som (MIS) vai abrigar, a partir de 16 de julho, uma das exposições mais esperadas do ano: o "Castelo Rá-Tim-Bum". Ocupando dois andares do museu, a mostra vai trazer ao público um pouco da magia que crianças e adultos sentiram (e ainda sentem) ao assistir ao programa que completa 20 anos.

André Sturm, diretor do MIS, foi responsável por projetar e tornar realidade a mostra do "Castelo" —a mais complexa que já passou por suas mãos. "Essa é uma exposição para todos os públicos, porque tem gente de 40 anos que é fã do 'Castelo'. Mas o que eu quero é criar uma nova geração de fãs, que são as crianças de hoje, que nunca viram na televisão o programa", diz.

Objetos de cena, figurinos e bonecos originais cedidos pela Cultura estão entre os materiais em evidência no MIS. Sturm conta que até sua filha, de 25 anos, ajudou com ideias para finalizar o projeto. Ela, por exemplo, lembrou o pai que não poderia faltar a música "Lavar as Mãos", de Arnaldo Antunes.

Com intervenções tecnológicas e expectativa de um público de 100 mil pessoas —20 mil a mais que nas últimas exposições do museu— a mostra ficará em cartaz até 12 de outubro.

ABAIXO, LEIA A ENTREVISTA COM ANDRÉ STURM:


Guia - Como surgiu a ideia da exposição do "Castelo"?
André Sturm - Há cerca de um ano, pensei em fazer uma exposição de algo brasileiro. Fiquei pensando: "será que tenho algum personagem?". Então, uma pessoa da minha equipe lembrou que em 2014 o "Castelo Rá-Tim-Bum" completava 20 anos. Comecei a ver vários motivos para fazer a mostra. Quando decidimos, falamos com a TV Cultura e eles autorizaram. E aí o arquiteto Marcelo Jacow ajudou a desenvolver o que foi pensando.

Quais foram os primeiros passos da criação do projeto?
Queria fazer uma exposição lúdica, que fosse a experiência de realizar o desejo de entrar dentro do castelo. Algo impactante, com experiência sensorial —um barulho, uma coisa que mexe, um truque, um susto. Pegamos uma folha, literalmente, e fizemos um rabisco com o espaço do MIS. Começamos a pensar na construção das salas, levando em consideração o espaço físico do museu. Só depois que fomos buscar as coisas na TV cultura.

Você quer atingir mais com o público infantil. Como você pretende se preocupar fazer isso?
Essa é uma exposição para todos os públicos, porque tem gente de 40 anos que é fã do "Castelo". Mas o que eu quero é criar uma nova geração de fãs, que são as crianças de hoje, que nunca viram na televisão o programa, mas vão conhecer o "Castelo" por dentro. Não é uma exposição que tem vitrines nas paredes, contando a história com fotos e cópias de roteiro. Nós vamos ter o lado histórico, é claro, mas 80% da exposição Nós vamos recriar os principais ambientes do "Castelo".

Como será a interatividade dos ambientes na mostra?
No átrio, as pessoas poderão subir pela escada —será o acesso para o segundo andar do castelo. Vamos ter um boneco com uma cabeça de holograma, que filmamos com o Cássio Scapin, recebendo as pessoas. Conforme passa na frente, ele cumprimenta. Também vamos recriar aquela tubulação onde o Mau e o Godofredo ficavam e, na hora que o visitante entrar, vai ouvir ruídos e ver baratas no chão. Conforme pisar, as baratas vão sair correndo. Então vai ter um monte de baratas andando no chão! São coisas assim que vamos fazer. Queremos que quem não é fã também se emocione —esse é o desafio.

Quais são suas memórias do "Castelo Rá-Tim-Bum"?
Eu tinha 20 e poucos anos quando o programa passou na TV. Então me lembro, na época, de ter torcido o nariz antes de ver "mais uma coisa infantil" e, depois, assistir e ficar impressionado com a qualidade. Mas a lembrança mais forte é de 2005, quando filmei um longa-metragem em Monte Alegre do Sul. A atriz principal era Helena Ranaldi, que tinha acabado de fazer uma novela. Sérgio Mamberti fazia um papel pequeno, mas quando apareceu foi cercado de pessoas querendo tirar fotos. Fiquei me perguntando o motivo de tanta atenção. Cheguei perto e notei que todos o chamavam de "Dr. Vitor". Já fazia dez anos que a série tinha saído do ar, mas fãs de 7 a 25 anos cercavam ele.

Qual era seu personagem favorito do programa?
A Morgana, porque o personagem com o ator certo tem uma química muito grande. E eu sempre gostei de bruxas. E ela encarnou, realmente encarnou.

E para pensar a exposição, você teve que assistir aos episódios de novo?
Tive que assistir a alguns episódios, mas há duas pessoas aqui da minha equipe que são fãs e sabem de cor as histórias. Além disso, tenho uma filha de 25 anos que também sabe de cor os capitúlos. Quando falei para ela que eu ia fazer o projeto ela quase chorou e mandou um e-mail cheio de ideias. Então eles realmente me ajudaram muito também com detalhes que são importantes para os fãs, mas poderiam não ser destaque.

Qual foi um desses detalhes?
A musiquinha de lavar a mão. Ela falou que não poderia faltar.

O que mais chama atenção hoje, para você, quando se fala no "Castelo"?
A quantidade de pessoas de diferentes idades, níveis econômicos e culturais que são fanáticos pelo "Castelo". Quando soltamos a propaganda da exposição, começaram a ligar no museu perguntando sobre a compra de ingressos, querendo saber detalhes. É impressionante.

Crédito: Bruno Poletti/Folhapress André Sturm, diretor do MIS e idealizador da mostra do Castelo
André Sturm, diretor do MIS e idealizador da mostra do Castelo

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