Chega o fim de semana e, muitas vezes, não sobra dinheiro para aproveitar tudo o que a cidade tem de melhor. Porém, nos últimos anos, inovações no mundo digital têm possibilitado ao público que assista a espetáculos mesmo em períodos e em locais sem nada em cartaz. E que os veja em casa. É o caso do site Cennarium, que foi criado em março de 2010, e do Teatro para Alguém, no ar há três anos.
Diferentes na essência, a ideia central é a mesma: permitir que o público tenha acesso às peças sempre e quando quiser.
O Cennarium tem cerca de cem peças em seu banco de dados. Espetáculos convencionais, que estão ou já estiveram em cartaz em São Paulo ou no Rio de Janeiro --comédias, dramas, "stand-ups comedys" e infantis fazem parte do cardápio.
Uma das peças de maior sucesso, e há mais tempo, é "Tango, Bolero e Cha Cha Cha", com Edwin Luisi, que já foi reproduzida mais de 150 mil vezes.
O site nasceu de um projeto ambicioso, com um investimento de cerca de R$ 10 milhões. Para fazer a gravação, uma unidade móvel vai até o teatro e instala 13 câmeras em pontos que não atrapalhem a visão do palco e filmam enquanto o espetáculo acontece, ao mesmo tempo em que a plateia está presente.
"Não colocamos microfone nos atores, não mudamos a iluminação e não editamos caso o público interfira", explica o gerente de marketing do Cennarium, Paulo Garcia. Por mês, são gravadas e colocadas no ar entre dez e 15 novas peças.
As companhias que concordam em participar do site não pagam nada e, segundo Garcia, ainda recebem 50% da receita líquida da audiência. Essa renda vem do espectador, que paga R$ 7,90 para assistir a uma peça (num dos pacotes ofertados pelo site).
As capitais com maior número de assinantes estão em São Paulo (48%) e Rio de Janeiro (19%), as mesmas que possuem mais teatros de tijolo e cimento no país.
Outro pioneiro na encenação digital é o Teatro para Alguém, uma companhia que busca a interatividade por meio do mundo digital.
O site hospeda e apresenta peças originais, criadas para a internet. Os textos são montados numa pequena sala, com a presença de atores e plateia e transmitidos ao vivo pela internet e, depois, ficam armazenados no portal. Hoje, são cerca de 80 peças no banco de dados.
Renata Jesion, uma das criadoras do grupo, diz que o foco é expandir as possibilidades de interatividade e hibridismo das linguagens. "Não temos muita preocupação em contar histórias. O que fazemos é teatro, mas é algo a mais também', explica. "Estamos planejando uma história que será filmada numa locação, fora do palco, como cenário de cinema, mas que convidaremos o público para participar da encenação. "
Jesion afirma que, desde que passaram a incluir legendas em inglês em suas peças, o site é visitado por pessoas de 25 países e tem cerca de 40 mil acessos por mês. Os artistas que colaboram não recebem cachês e também não pagam para expor seus trabalhos, já que o conteúdo é distribuído gratuitamente para os internautas.
CONFIRA ALGUMAS PEÇAS QUE VALEM A PENA VER NOS SITES:
Nunca Feche o Cruzamento, com com Gilda Nomacce e Lourenço Mutarelli
O Teatro dos Outros, com Arrigo Barnabé e Melissa Schleich
Corpo Estranho 2, com José Mojica Marins, Paulo César Peréio e outros
Não Existe Mulher Difícil, com Marcelo Serradi
Cachorro!, com Carolina Pismel, Paulo Verlings e outros
Comédia em Pé, com Cláudio Torres Gonzaga, Fábio Porchat e outros
Um Navio no Espaço ou Ana Cristina César, com Paulo José
O Livro dos Monstros Guardados, com Sandra Corveloni, Otávio Martins e outros
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