Peça "Bull" deixa público abalado após cenas de humilhação

Para as personagens da peça "Bull", a maldade não tem limite. A história se passa enquanto três colegas de trabalho aguardam a chegada do chefe para uma reunião, que vai servir para anunciar a demissão de um deles.

Enquanto esperam, Isabela (Cynthia Falabella) e Tony (Eduardo Muniz) não fazem outra coisa a não ser debochar da cara de Thomás (Bruno Guida). Ele é do tipo quieto, que quase não tem amigos, e precisa suportar todo tipo de provocação dos dois.

Sempre acuado e com as mãos apertadas, o rapaz até tenta se defender, mas acaba sendo engolido por tantos xingamentos e ofensas em forma de "piadinhas".

O texto é do dramaturgo inglês Mike Bartlett, que fala sobre bullying e pressão psicológica no ambiente corporativo. Inédita no Brasil, a montagem tem direção de Eduardo Muniz e Flavio Tolezani (que interpreta Cesar, o chefe).

A peça fica em cartaz até 1º/6 no Tucarena (zona oeste de São Paulo), de sexta a domingo, com ingressos a R$ 40.

Informe-se sobre a peça



LEIA O BATE-PAPO COM BRUNO GUIDA:

Guia Folha - É mais tenso fazer uma personagem assim, que é humilhado o tempo todo?
Bruno Guida - Não. Na verdade eu acho que o ator tem que sentir prazer o tempo todo em cena. Nesse caso eu diria que é quase um prazer de mostrar para o público o que se passa com uma pessoa que sofre um bullying tão pesado. Se eu realmente ficar tenso ou realmente me sentir humilhado como ator, o prazer de estar em cena desaparece, e a plateia vai apenas ver o meu sofrimento e não o sentimento que a personagem, no caso o Thomás, está tendo. Fora que seria o pior trabalho do mundo sofrer de verdade assim três vezes por semana. Isso não quer dizer que a emoção não seja verdadeira e não esteja presente.

Você já passou por alguma situação de bullying ou sabe de pessoas próximas que já passaram por isso?
Eu nunca passei por essa situação mas presenciei um bullying bem pesado com um colega na escola, quando era adolescente. Tenho alguns amigos que trabalham no mercado financeiro e me contam histórias terríveis. A maioria acha a maior graça, e esse é um dos motivos pelos quais eu acho interessante montar esse texto atualmente.

As pessoas costumam sair da peça abaladas. A intenção é essa?
Realmente tem gente que sai da peça bem abalada. Muitas vezes são as mesmas pessoas que dão bastante risada. Creio que nossa intenção é refletir sobre esse tema junto com a plateia sem perder a perspectiva que o teatro tem que ser divertido. Se algumas pessoas saem abaladas da peça é consequência disso e não nossa intenção principal, mas acho uma reação super interessante. Quando isso acontece vejo que a peça comunica.

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