'Não Devore Meu Coração' se passa na complicada fronteira Brasil-Paraguai




Com um pé na história e outro no realismo fantástico, "Não Devore Meu Coração" passou pelos festivais de Sundance e Berlim antes de chegar à Mostra.

Baseado em dois contos de Joca Reiners Terron, o primeiro longa solo de Felipe Bragança se passa na complicada fronteira Brasil-Paraguai. Ali, à beira das águas do rio Apa, que volta e meia carrega corpos de paraguaios mortos misteriosamente, o diretor costura um amor adolescente e uma batalha entre gangues de motoqueiros. Tudo sob o trauma ainda vivo do maior conflito armado da América Latina: a Guerra do Paraguai (1864-1870), quando o Brasil tomou do oponente o território do Mato Grosso do Sul e dizimou centenas de milhares de paraguaios.


João Carlos (Eduardo Macedo), o Joca, é um menino de 13 anos apaixonado por Basano (Adeli Benitez), uma guarani paraguaia pouco mais velha que ele. Seus desencontros são marcados por uma aura de magia mas também pelo ressentimento da menina em relação ao massacre de seu povo pelos brancos brasileiros.

Fernando (Cauã Reymond), irmão mais velho de Joca, é um agroboy envolvido com uma gangue de motoqueiros. Vive uma rotina de álcool, drogas, sexo e disputas cada vez mais violentas com a gangue rival paraguaia, formada por guaranis.

Revoltado com a mãe depressiva e ausente, que fugira com os filhos para a cidade decadente, mas longe do marido agressor, Fernando será o pivô da trama, cujo elenco tem ainda Ney Matogrosso.

Ao atualizar, por meio da vingança, as feridas abertas de um episódio sombrio da história latino-americana e alinhavá-las a um amor inocente, o filme consegue dar relevo e poesia a sua combinação de suspense, drama e romance.

Veja salas e horários de exibição.

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