'The Square' pode arrancar risos ou causar certo desconforto no espectador




Em um ano em que o Festival de Cannes não tinha um favorito claro, apesar dos bons nomes na seleção oficial, "The  Square" foi agraciado com a Palma de Ouro e alçou o diretor sueco Ruben Östlund ao patamar de queridinho do evento francês –seu filme anterior, "Força Maior" (2014), havia ganho o prêmio do júri na mostra Um Certo Olhar.

Alguns desses mesmos concorrentes de Cannes (mais tantos outros de Veneza e outros festivais) serão novamente adversários de "The Square" na busca por uma vaga entre os finalistas do Oscar de filme estrangeiro –o Brasil tenta entrar na lista com "Bingo - O Rei das Manhãs", de Daniel Rezende.

Como em "Força Maior", Östlund, também roteirista, coloca seus personagens em situações constrangedoras para discutir aspectos da sociedade atual. Aqui, no entanto, trabalha na chave do humor ao explorar os acontecimentos que rodeiam a abertura de um grande museu de arte contemporânea.

Seu personagem principal é Christian (Claes Bang), homem intelectual, todo certinho, pai de duas filhas e diretor artístico do museu. Enquanto lida com as pressões do trabalho, cai num golpe e tem celular e carteira roubados, fato que desencadeará situações estúpidas em um curto espaço de tempo.

Com participação pequena e marcante de Elisabeth Moss (atriz de "The Handmaid's Tale" que vive grande momento na carreira), o filme tem mais de um par de ótimas sequências com poder para arrancar risos ou causar certo desconforto no espectador. Em uma delas, um artista (Terry Notary) imita um gorila em uma performance durante um jantar de luxo. Em outra, em um bate-papo no museu, o entrevistado é interrompido a todo instante com xingamentos de um homem na plateia –ele sofre de síndrome de Tourette.

Presidente do júri em Cannes, Pedro Almodóvar (mestre do humor mordaz) disse que o filme aborda o que chamou de "ditadura do politicamente" correto com leveza. Coincidentemente, o mundo das artes, no Brasil e no exterior, sucumbiu mais de uma vez a essa ditadura nos meses que se seguiram ao festival, com cancelamentos de exposições e censura de obras. As discussões propostas em "The Square" nunca estiveram tão na pauta.

Veja salas e horários de exibição.

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