Longa georgiano 'Scary Mother' aborda opressão feminina e papel da loucura no processo criativo




Primeiro longa da diretora e roteirista Ana Urushadze, "Scary Mother" (mãe assustadora) aborda a busca pela identidade, a opressão feminina e o papel da loucura no processo criativo. A obra foi escolhida para representar a Geórgia na disputa pela estatueta de filme estrangeiro e ganhou o prêmio de melhor filme de estreia no Festival de Locarno.

No filme, a dona de casa de meia idade Manana dedica-se a escrever seu primeiro romance, cujo conteúdo mantém em segredo da família. A única pessoa que conhece a trama é o dono de uma papelaria de bairro, que também é editor de Manana.

A revelação do texto causa desconforto entre os parentes. A obra, uma espécie de thriller erótico, muitas vezes descrito como pornográfico, revela nuances desconhecidas da personalidade de Manana.


O livro revela a angústia da personagem diante do papel que executa como mulher, a frustração por ser uma artista reprimida e o desprezo pelos parentes. Apesar de insistir que é tudo ficção, a família custa a crer que o que está ali não tem base na realidade.

Diferentemente da personagem do livro que escreve, Manana é passiva, dorme mal e é dona de um senso de humor único. Aparenta ser uma pessoa comum, mas o marido não entende por que ela precisa escrever nos braços para se lembrar dos impulsos criativos ou porque ela diz enxergar histórias nos azulejos do banheiro.

Pouco a pouco, um delírio silencioso parece tomar conta de Manana. E, para guiar essa imersão na cabeça da personagem, a diretora Urushadze cria uma atmosfera melancólica que beira o devaneio. O clima cinzento, a altura do prédio em que se passa a maior parte da história e o uso de ruídos sonoros ajudam a dar essa impressão.

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