Em uma cena central do documentário "A Oeste do Rio Jordão", o israelense Amos Gitai questiona um garoto palestino sobre seus sonhos. O entrevistado quer ser mártir para, depois de morto, ficar ao lado de Alá. O diretor tenta demovê-lo da ideia de desejar a própria morte, mas ele permanece inflexível.
Ao retornar a um tema que está em muitos de seus filmes conflitos religiosos e políticos entre israelenses e palestinos, Gitai evita ser condescendente com o povo que vive o confinamento territorial imposto por Israel.
É firme ao colocar atos terroristas de extremistas islâmicos como um ingrediente na configuração da violência no Oriente Médio. O documentário costura entrevistas com religiosos, políticos, jornalistas e ativistas em torno do tema e expõe erros de ambos os lados.
O assassinato do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin (1922-1995) por um judeu aparece como expressão mais aguda do conflito. Rabin conduzia um processo de paz ao lado do líder palestino Yasser Arafat (1929-2004).
Mas até neste ponto os palestinos são cobrados: não teriam as explosões de ônibus nas ruas de Israel alimentado o ódio no vizinho? O filme apresenta, por fim, um lugar de conquista e reconciliação. São mulheres que tiveram filhos e maridos mortos e contam a Gitai como superaram os ressentimentos.
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