Uma das mais aclamadas companhias de teatro do país, o Grupo Galpão comemora três décadas em novembro e realiza a mostra Grupo Galpão - 30 Anos de Teatro e Vida a partir deste sábado (28).
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"Romeu e Julieta", clássica montagem de 1992, dirigida por Gabriel Villela e que marcou a história do grupo, abre a programação.
Depois, os festejos continuam com "Till, a Saga de um Herói Torto", "Tio Vânia (aos que Vieram Depois de Nós)" e a peça mais recente, "Eclipse".
Os espetáculos traduzem um pouco da variedade linguística do Galpão, trupe que não tem a figura de um diretor e cujas peças, muitas vezes, são dirigidas por encenadores convidados --a companhia já trabalhou com nomes como Paulo José, Cacá Carvalho e Paulo de Moraes.
LEIA ENTREVISTA COM EDUARDO MOREIRA:
ator e um dos fundadores do Galpão
Guia Folha - Como foi a formação do grupo?
Eduardo Moreira - Nós fizemos um trabalho com uma companhia de Munique (Teatro Livre de Munique), em 1982. Eles deram oficinas e montaram "A Alma Boa de Setsuan". Cinco atores que participaram da oficina fundaram o grupo. O grupo alemão nos deu uma formação, de teatro de rua. Eles estão na gênese da formação do Galpão.
Apesar de vocês trabalharem muito com o teatro de rua, com a cultura popular, vocês já mergulharem em outras linguagens, algumas peças mais intimitas, de cunho mais dramático. Como é, para vocês, essas novas incursões?
São muito importantes. A gente é um grupo bastante eclético. Trabalha com teatro de rua, teatro de palco, com tradição, com vanguarda. E com a interação do público. É uma síntese que eu acho bem interessante: a capacidade de abarcar essas diferenças.
Vocês não têm uma figura do diretor dentro do grupo e, quase sempre, chamam encenadores convidados. Como vocês veem essa simbiose da companhia?
É uma síntese delicada, mas muito interessante. Espetáculos variam muito, mas eles trazem uma cara comum, a do Galpão. É um trabalho muito inquieto, de buscar novas aprendizagens.
Que outros diretores vocês pensam em convidar para trabalhos futuros?
Para citar alguns: Aderbal Freire-Filho, Felipe Hirsch, Enrique Diaz e Cibele Forjaz. A gente tem um leque de diretores muito interessante.
Como conseguem manter o grupo de pé e de maneira tão ativa por 30 anos?
É um desafio muito grande. A gente está sempre andando no fio da navalha. O grupo tem que ter sua força coletiva e satisfazer os projetos individuais.
O elenco do grupo tem quantas pessoas? Quantas pessoas trabalharam nos bastidores?
A gente trabalha com uns 12. Quatro técnicos, fora a equipe. O Galpão, só a estrutura, quase 20 funcionários.
No próximo ano, vocês devem montar "Gigantes da Montanha", de Luigi Pirandello, dirigido por Gabriel Villela. De certa forma, a peça --sobre uma companhia mambembe que aporta em um vilarejo para encenar o texto de um poeta morto, sem saber o que esperar do público-- não seria também um certo resumo da história do Galpão?
Tem essa ligação com a própria história do Galpão. Mas o que nos atraiu foi a discussão profunda que o texto gera sobre o lugar da poesia do mundo.
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