"Eu não sei falar sobre mim. Mas sei falar sobre o que me atravessa. E me atravessa aquela garota erguendo a carteira da escola no meio da rua. Aquela mulher esbravejando com o policial."
O trecho de "Preto", nova peça da Cia. Brasileira de Teatro, de Curitiba, ilustra a intenção do diretor Marcio Abreu: mostrar como a sociedade lida com o diálogo, as diferenças, a imagem social e a invisibilidade.
O espetáculo, que estreia temporada na quinta (9) no Sesc Campo Limpo, renova a parceria com a atriz Renata Sorrah, que encena peça do grupo pela terceira vez.
Escrita por Marcio em conjunto com as dramaturgas Grace Passô e Nadja Naira, a peça se aproxima da performance e se articula em torno da conferência de uma mulher negra sobre uma série de questões, incluindo o racismo. A partir da fala dela, os atores desenvolvem jogos de cena e de linguagem algumas partes se aproximam da dança, outras são um apanhado de frases soltas que mostram como se lida com a presença do outro.
"Preto" é fruto de um projeto iniciado em 2013, quando o grupo viajou pelo país durante cerca de um ano para estudar temas atuais e elaborar uma peça que respondesse artisticamente à situação do Brasil.
As pesquisas, que resultaram em outro espetáculo —"Projeto Brasil"—, geraram discussões sobre o racismo e a recusa em assumi-lo. Dali, os estudos desembocaram na dificuldade de dialogar com o diferente.
Esse, diz Abreu, é o mote de "Preto", criado em meio a residências artísticas, oficinas e diálogos com o público.
Sesc Campo Limpo - tenda auditório - R. Nossa Senhora do Bom Conselho, 120, Chácara Nossa Senhora do Bom Conselho, tel. 5510-2700. 150 lugares. Qui. a sáb.: 20h. Dom.: 18h. Até 17/12. Estreia 9/11. Ingr.: R$ 9 a R$ 30, p/ sescsp.org.br.
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