Ao contrário de grande parte das pessoas, que abandonam a obra de Guimarães Rosa (1908 -1967) pela dificuldade em compreender a maneira única como o escritor trabalha com a língua —inventando e reinventando palavras—, a diretora de teatro e cinema Bia Lessa sofreu para largar "Grande Sertão: Veredas" porque havia se apaixonado pela história.
A angústia se dissipou, no entanto, quando recebeu o seguinte conselho do escritor e crítico Antonio Candido (1918-2017): "Mas, Bia, você pode ler de novo".
E foi isso que ela fez: leu, leu de novo, inaugurou, em 2006, uma exposição que recriava o sertão do autor por meio de palavras, e, a partir deste sábado (9), apresenta sua primeira adaptação da obra para os palcos.
Adaptação, de acordo com ela, não é bem a palavra certa. "É mais uma transposição. Todas as palavras do espetáculo são do Guimarães. Quisemos deixar a linguagem dele viva".
Para ser fiel à ideia de manter o texto vivo, até mesmo fora dos horários do espetáculo, também foi criada uma instalação —dessa vez não só com palavras, mas com cenário e objetos concretos— que representa o sertão do autor mineiro e serve de palco para a interpretação de atores como Caio Blat e Luiza Lemmertz. Durante o dia, a instalação-palco fica aberta à visitação do público no espaço de convivência do Sesc Consolação.
"Grande Sertão: Veredas" conta em retrospecto a história de Riobaldo (Blat) que, para vencer uma briga de bandos no sertão, vende a alma para o diabo. Além de lidar com dúvidas e arrependimentos, o jagunço precisa também reprimir o amor que sente por Diadorim (Lemmertz), seu colega de bando.
Sesc Consolação - área de convivência - R. Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, região central, tel. 3234-3000. 160 lugares. Qui. a sáb.: 20h30. Dom.: 18h30. Estreia 9/9. Até 22/10. Ingressos esgotados.
23h00
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