Bela Vista ganha duas casas de cultura com música ao vivo e transformação drag

Espaços no bairro de SP funcionam como centros culturais, com exposições, comes e bebes

São Paulo

Separados por pouco menos de três quilômetros e plantados em duas das ruas mais famosas da Bela Vista, dois novos endereços foram inaugurados em São Paulo no momento em que a cultura retoma gradualmente a programação na cidade e se prepara para ter menos restrições, o que deve ocorrer no primeiro dia de novembro.

A conhecida rua Rui Barbosa, que já é sede do Teatro Sérgio Cardoso, do bar árabe Al Janiah e da Casa Barbosa, que promovia animadas rodas de samba antes da pandemia, ganhou em julho o Ala! Jardim.

Tocado pelas irmãs Bruna e Juliana Monteiro e pela mãe, Alaíde, o projeto ocupa o terreno que já pertenceu ao avô da dupla com comida, drinques e um jardim. Do lado de fora, mesinhas e cadeiras de brechó ficam espalhadas, e uma arquibancada acomoda os visitantes nos dias de música ao vivo ao ar livre.

O ateliê de Fernando Spaziani na Casa Fluida, em São Paulo
O ateliê de Fernando Spaziani na Casa Fluida, em São Paulo - Divulgação

Bruna, que antes da pandemia havia feito o projeto Mesa de Hóspede para recriar receitas italianas da família, ficou a cargo da parte gastronômica. A outra irmã usou a formação em arquitetura para criar o projeto e abrir um ateliê com peças de metal e concreto, mas também usou o conhecimento em coquetelaria para servir drinques clássicos como o manhattan e o negroni.

A casa ainda tem um brechó e uma galeria e promove apresentações musicais que começam cedo e mantêm o público sentado. “Nós nascemos no Bexiga, somos amigas dos comerciantes daqui e nos juntamos para retribuir tudo o que vivemos. Queremos que o bairro tenha essa retomada da valorização da cultura”, conta Juliana.

Na Casa Fluida, na Bela Cintra, o perfil que lembra um centro cultural se repete no negócio de Fernando Spaziani e Matheus Nahas, que abre as portas nesta quinta-feira, dia 9. Enquanto um bar ocupa a parte térrea e o terraço serve drinques e comidinhas, a drag queen Mahina Starlight faz transformações pagas nos visitantes, desde maquiagem e peruca até a montação completa, com direito a show de lipsync —dublagem de músicas— em um palquinho.

Mas as paredes é que devem chamar ainda mais a atenção, com obras de Ai Weiwei, Cildo Meireles, Gal Oppido e Regina Silveira, entre outros. A curadoria foi feita por Spaziani, que é artista plástico e instalou seu ateliê por lá.

“Quando decidimos abrir uma casa, pensamos no conceito de um espaço que fosse fluido, acolhedor, permeável. E aí também surgiu o conceito da exposição. Me inspirei em um texto do Charles Baudelaire que fala sobre o flâneur —essa pessoa que flutua pela cidade e consegue observá-la de cima”, explica o curador.

A ideia é que a casa também promova palestras e aulas a preços acessíveis —a agenda já prevê um curso de pintura e outro de xilogravura nas próximas semanas.

“É um desafio abrir um negócio agora, mas resolvemos acreditar nessa retomada. Percebemos que as pessoas estão ansiosas por cultura, e talvez a pandemia tenha feito elas se darem conta do quanto isso faz falta”, diz Spaziani.

Ala! Jardim
R. Rui Barbosa, 658, Bexiga, tel.: (11) 96722-5187. Instagram @ala.jardim

Casa Fluida
R. Bela Cintra, 569, Bela Vista. Instagram @casafluida

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