Num movimento de fechar e abrir as portas, os teatros paulistanos oscilam entre aderir à retomada cultural e cancelar eventos diante da nova explosão de casos de Covid no país. Provas disso são o Teatro Eva Herz e o Oficina, que só agora anunciam o retorno de suas atividades.
O Eva Herz, localizado dentro da Livraria Cultura, na avenida Paulista, se prepara para reabrir no dia 15, com uma agenda que reúne nove atrações –seis delas gratuitas. Já o Oficina, espaço tombado no Bexiga, volta a funcionar no dia 17, com o projeto "{Teatrão} $odoma\G/omorra: Antunes Filho".
Com o ator Luiz Päetow, "{Teatrão}" traz um texto dramatúrgico escrito pelo encenador Antunes Filho –morto no início de 2019— e surge após uma curta temporada, ocorrida no fim de 2021 e cancelada após a onda de ômicron que vem assolando o país e fazendo aumentar o número de infecções por coronavírus.
Segundo Päetow, pôr a peça em cartaz novamente é uma "volta em voltagem máxima", já que a obra está programada para sete semanas, entre fevereiro e março. O ator diz ainda que é interessante notar que o espetáculo discorra sobre narrativas cíclicas em meio a um cenário pandêmico, marcado por incertezas.
A obra promete oferecer uma investigação cênica da peça, do mundo externo, da humanidade e do cosmos. "As temporadas que vêm depois de '{Teatrão}' já estão fortalecidas", diz Päetow.
Ao contrário do Oficina, o Eva Herz não havia chegado a abrir as portas nenhuma vez desde o início da pandemia, há quase dois anos. Agora celebra o retorno com eventos que ocorrem em seis dias e homenageiam a Semana de Arte Moderna de 1922.
A programação tem início no dia 15 de fevereiro. Segundo André Acioli, responsável pela curadoria do local, a ideia é que essa reabertura resgate o modernismo com artistas da atualidade. "Pensei em reunir artistas que compuseram a história do Eva Herz e outros que não estiveram lá, mas que têm temas importantes para o nosso novo modernismo", diz.
A peça que reinaugura o teatro é "A Alma Imoral", uma performance solo da artista Clarice Niskier que já estava sendo apresentada por lá antes, quando o coronavírus começou a se espalhar pelo Brasil. O espetáculo vai ocorrer no dia 15, às 20h, com ingressos vendidos a R$ 80 no site sympla.com.br.
A programação segue com Nilton Bicudo fazendo o papel de uma mulher que dá conselhos amorosos em "Myrna Na 3ª Dose" com uma apresentação no dia 17, às 20h. No dia seguinte, quem sobe no palco do teatro é o músico Bemti, que apresenta canções do seu disco "Logo Ali", também às 20h. As entradas de ambos os eventos custam R$ 50 e são vendidas também na Sympla.
Há opções para quem não quiser pagar também, com acesso por ordem de chegada. Os amantes de leituras dramáticas podem apreciar a apresentação do texto "Nelson - Uma Entrevista Imaginária", às 20h do dia 16. Dá para fazer até uma dobradinha de atrações no dia 19, com as performances dos textos "No Meio do Caminho" e "Autópsia" às 16h e às 20h, respectivamente.
Há até um spoiler da agenda de março do teatro, que oferece ao público no dia 20, às 14h, a possibilidade de assistir a um ensaio da peça "Maria Thereza e Dener", que fala sobre a relação entre a primeira-dama Maria Thereza Fontella Goulart e seu estilista.
Outra opção gratuita no dia 20 é o espetáculo "O Ovo de Ouro", dirigido por Ricardo Grasson, que fala das experiências traumáticas que um homem teve durante o Holocausto. A peça, que está agendada para as 16h30, reforça o que foi o período nazista.
"O Ovo de Ouro", aliás, era protagonizada por Sérgio Mamberti, que morreu em setembro do ano passado. Em homenagem a ele, o Eva Herz reúne para um bate-papo também no dia 20, às 18h, o elenco que esteve em cartaz com o ator em seu último espetáculo feito presencialmente —a atração fecha a programação de reabertura do teatro.
Aberto em 2007, o reduto intimista é uma espécie de irmão mais novo da Livraria Cultura, empresa criada pela própria Eva Herz.
Se for sair de casa para ir ao teatro, não se esqueça de usar a melhor máscara que tiver e manter distanciamento.
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