O suposto "suicídio" de um anarquista em 1969, na Itália, acusado de participar de atentados a bomba em Roma e Milão, foi o ponto de partida para Dario Fo escrever "Morte Acidental de um Anarquista", que estreia nesta quarta (23) no Teatro Porto Seguro.
Para colocar em discussão essa morte sem explicação convincente, o dramaturgo italiano criou, em 1970, um personagem louco —vivido, aqui, por Dan Stulbach— que fica livre para esculhambar a política e a polícia. Tudo se passa em uma delegacia, quando o rapaz paranoico, que já esteve internado em 16 manicômios, decide se passar por um juiz encarregado de investigar o caso de um preso que "teria" se jogado do quarto andar.
Depois de despistar o comissário (Fernando Sampaio), ele dá um baile de persuasão no delegado (Henrique Stroeter) e no secretário (Riba Carlovich) —fazendo com que os dois reconstruam o que realmente aconteceu ali.
Com diálogos incisivos, engraçados e irônicos, o elenco —que se completa com Maíra Chasseraux (que faz uma jornalista) e Rodrigo Bella Dona (o guarda)— promove uma catarse em cena, com direito a menções ao "Petrolão", ao Mensalão e a Zé Dirceu.
"O escândalo é o sal de frutas da democracia", diz o louco de Stulbach em um dos trechos —ele também se transforma em capitão e em bispo durante o fingimento na delegacia. O espetáculo —que, segundo o elenco, continua atual e cria identificação onde quer que seja montado, já que fala de mentiras, corrupção e assassinatos misteriosos— foi apresentado no Brasil nos anos 1980, com Antonio Fagundes no elenco.
A trilha fica por conta de Rodrigo Geribello, que reproduz vários sons com a boca. Quem dirige o texto de Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura, é Hugo Coelho.
Teatro Porto Seguro - al. Br. de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, centro, São Paulo, SP. Tel.: 3226-7300. Ingr.: R$ 40 e R$ 50. Tem ar-condicionado. Tem acesso para deficiente. Tem local para comer. Tem conexão wi-fi. 508 lugares. Estac. (R$ 20). Estreia: 23/9.
23h00
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