O mapa gastronômico de São Paulo é como um tabuleiro do jogo War, dividido por territórios. Certos chefs dominam alguns cantos da cidade. Já outras regiões pertencem a outros empresários, que vão se apossando de bairros, ruas, quarteirões —numa brincadeira em que o principal inimigo é a fome.

O centrão da capital, por exemplo, viu nascer um eixo de bares, restaurantes e outros negócios da dupla Janaína e Jefferson Rueda. Em uma caminhada curta, dá para avistar A Casa do Porco, considerado o sétimo melhor restaurante do mundo, mas também o Bar da Dona Onça, a lanchonete Hot Pork e a Sorveteria do Centro.

No caso dos Rueda, por exemplo, a preferência pelo centro foi afetiva. "As pessoas me perguntavam como eu poderia abrir num lugar que só tinha travestis, prostitutas, gente muito louca. Mas, por mais que eu andasse por outros bairros, eu sempre morei no centro. Aqui sempre foi a minha vida", Janaína disse à Folha em 2021.

Além disso, há uma questão prática: A Casa do Porco fica a uma quadra da praça da República, praticamente a mesma distância que Janaína percorre até o prédio onde mora.

Outro clássico da região é a fotogênica rua Avanhandava, dominada por Walter Mancini. Por ali, dá para escolher entre alguma das cozinhas italianas da família —e aproveitar para tirar algumas fotos em frente a um grafite do Kobra ou na fonte de água ornamentada com cavalinhos.

Também há quem reúna todas as operações em um único imóvel, formando assim uma espécie de Megazord de restaurantes. É o caso do pessoal da família Temperani, que forma o grupo Vila Anália, com seis empreendimentos no imóvel de mesmo nome na região do Tatuapé.

Originalmente da zona norte, eles enxergaram uma oportunidade de empreender no Anália Franco e acabaram adotando o bairro. "A gente entende que a gastronomia fora da rota precisa acontecer. As pessoas não podem só se deslocar daqui para a zona sul ou da zona norte para outro lugar", disse Guilherme Temperani este ano.

Conheça a seguir os jogadores do War gastronômico da capital paulista e escolha quais territórios explorar na cidade.

ZONA SUL

1. Claude e Thomás Troisgros

Bem que o franco-brasileiro disse que estava de olho em abrir um império em São Paulo quando voltou à cidade em 2020, com o Chez Claude. Desde então, ele e o filho, Thomás, abriram o Boucherie e o Bar du Quartier —os três funcionam no mesmo imóvel no Itaim Bibi, batizado de Le Quartier, na rua Professor Tamandaré Toledo. A dupla ainda planeja inaugurar um restaurante mediterrâneo e um café no mesmo endereço.

Le Quartier
R. Prof. Tamandaré Toledo, 25

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2. Rodolfo de Santis
Em 2015, o italiano abriu o Nino Cucina na rua Jerônimo da Veiga, no Itaim Bibi. Desde então, inaugurou outras sete casas, todas uma pertinho da outra: há o Da Marino, com cozinha do sul da Itália, a cantina Peppino, o Giulietta, com foco na brasa, o Forno da Pino e o francês Madame Suzette. Só neste ano, nasceram o Aquiles Taberna e o Vito.

Aquiles Taberna
R. Pedroso Alvarenga, 909

Da Marino
R. Jerônimo da Veiga, 74

Forno da Pino
R. Jerônimo da Veiga, 75

Giulietta
R. Jerônimo da Veiga, 36

Madame Suzette
R. Jerônimo da Veiga, 129

Nino
R. Jerônimo da Veiga, 30

Peppino
R. João Cachoeira, 175

Vito
R. Pedroso Alvarenga, 828

ZONA OESTE

3. Mariana Fonseca
Especialista em cozinha grega, a chef abriu o Myk em 2013, na esquina das ruas Peixoto Gomide e Barão de Capanema, no Jardim Paulista. Depois, veio o Kouzina na mesma via e o Fotiá, há cerca de 500 metros dos irmãos. Nos próximos meses, ela abre o bar de vinhos Rosé na Barão de Capanema e promete mais dois restaurantes na mesma região para 2023.

Fotiá
R. Padre João Manuel, 964

Myk
R. Peixoto Gomide, 1.972

Kouzina
R. Peixoto Gomide, 1.710

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4. Erick Jacquin
Dos negócios do jurado do Masterchef na cidade, três se concentram em uma esquina na rua da Consolação, dominada por ele. Ali estão o Président, de alta gastronomia francesa, e o italiano Lvtetia —que esconde, ainda, o Bar do Vaticano. Ele ainda tem casas em Pinheiros e na Bela Vista, além de uma dark kitchen, só para delivery.

Bar do Vaticano
R. da Consolação, 3.585

Lvtetia
R. da Consolação, 3.585

Président
R. da Consolação, 3.527

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5. Renata Vanzetto

Entre as pequenas obsessões da chef estão a letra "M" e a rua Bela Cintra, na Cerqueira César. Uma quadra da via concentra sete de seus negócios: o autoral Ema, a lanchonete Matilda, o bar MeGusta, a taberna Mé, o asiático Mi.Ado, o mediterrâneo Mico e, ufa, o familiar Muquifo . Este último funcionava na rua da Consolação, mas migrou para perto da família no começo deste mês.

Ema
R. Bela Cintra, 1.551

Matilda Lanches
R. Bela Cintra, 1.541

Me Gusta e Mé
R. Bela Cintra, 1.551

Mi.Ado
R. Bela Cintra, 1.533

Mico
R. Bela Cintra, 1.533

Muquifo
R. Bela Cintra, 1.569

CENTRO

6. Família Mancini
Sozinho, ele transformou uma rua em ponto turístico na capital. Conhecida pela fonte, pela arquitetura e pelas luzinhas, a rua Avanhandava é o território de Walter Mancini desde 1980, quando abriu a cantina Famiglia Mancini. Hoje, também mantém ali a Pizzaria Famiglia Mancini e os restaurantes Walter e Madrepérola.

Madrepérola
R. Avanhandava, 22

Pizzaria Famiglia Mancini
R. Avanhandava, 25

Sweet Mamma
R. Avanhandava, 16

Trattoria Famiglia Mancini
R. Avanhandava, 81

Walter Restaurante e Música
R. Avanhandava, 126

7. Família Henry
O francês La Casserole tem raízes fincadas desde 1954 no largo do Arouche. Mas o negócio comandado por Marie e Leo Henry, mãe e filho, começou a virar um ecossistema no centro em 2019, quando Leo abriu o bar de drinques Térreo, do outro lado do largo. Há um ano, foi a vez do ultramoderno Infini, escondido no La Casserole, e do discreto bar de espera no Mercado das Flores, em frente ao restaurante.

Apesar de não ser da família, a chef Dani França Pinto também tem um pequeno domínio na região: é consultora no Casserole e no Infini e assina o menu do novato Cineclube Cortina, na rua Araújo.

Bar das Flores (espera do Infini)
Largo do Arouche, s/nº

Infini
Largo do Arouche, 346

La Casserole
Largo do Arouche, 346

Térreo Bar
Largo do Arouche, 77

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8. Janaína e Jefferson Rueda
Apesar de não serem mais um casal, a dupla mantém a sociedade que implantou o atual eixo gastronômico no entorno do edifício Copan. O prédio abriga o Bar da Dona Onça, que está a cerca de 200 metros do sétimo melhor restaurante do mundo, A Casa do Porco. Ali perto ainda funcionam a lanchonete Hot Pork e a Sorveteria do Centro, do mesmo grupo.

A Casa do Porco
R. Araújo, 124

Bar da Dona Onça
Edifício Copan - av. Ipiranga, 200, lojas 27 e 29

Hot Pork
R. Bento Freitas, 454

Sorveteria do Centro
R. Epitácio Pessoa, 94

ZONA LESTE

9. Fellipe Zanuto
Com ele, quase tudo acaba em pizza. O chef está à frente de uma das cem melhores pizzarias do mundo, A Pizza da Mooca, e da Onesttà, que faz redondas ao estilo paulistano, além de tocar o restaurante Hospedaria —tudo na Mooca. Mas ele começa a expandir as fronteiras do tabuleiro e também tem negócios em Pinheiros e, em breve, no Itaim Bibi.

A Pizza da Mooca
R. Da Mooca, 1.747

Hospedaria
R. Borges de Figueiredo, 82

Onesttà
R. do Oratório, 113

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10. Família Temperani
A família tem alguns empresários no ramo da gastronomia —Marcus Temperani, por exemplo, comanda casas como Dizzy e Compadre na zona norte. Um grupo da terceira geração resolveu seguir o mesmo caminho e criou seu território na região do Anália Franco. Começou em 2015 com o nordestino Macaxeira, hoje com sete endereços na capital. Depois, veio o Uru Mar y Parrilla e, em 2022, o complexo Vila Anália, que reúne seis restaurantes em um único prédio.

Macaxeira
R. Emília Marengo, 185

Uru Mar y Parrilla
R. Emília Marengo, 109

Vila Anália
R. Cândido Lacerda, 33

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