Conheça bares escondidos dentro de floriculturas para beber drinques cercado de plantas

Flora e Bar das Flores apostam na alta coquetelaria com temperinho francês em SP

Bar no Mercado de Flores no Largo do Arouche

Bar no Mercado de Flores no largo do Arouche Gabriel Cabral/Folhapress

São Paulo

Se há alguns anos a moda em São Paulo era servir comidinhas em espaços cheios de plantas, agora brotam lugares escondidos dentro de floriculturas que criam um ambiente colorido e florido para quem busca drinques na noite paulistana —no caso, o Flora Bar, que fica nos Jardins, e a espera do Infini, local que foi apelidado de Bar das Flores, no largo do Arouche.

Separadas por cerca de quatro quilômetros, as duas casas dividem ainda outras semelhanças: apostam na alta coquetelaria, abriram as portas em outubro e têm um temperinho francês. Mas é tudo coincidência.

Montado por Guilherme Chueire, o Flora ocupa o antigo ponto de uma das casas tocadas pelo empresário, o Bottega Bernacca Due, na rua Padre João Manuel. Quando o restaurante italiano ganhou um espaço no shopping Iguatemi, Chueire viu a oportunidade de montar ali um speakeasy, nome dado aos bares clandestinos da época da Lei Seca americana.

Fachada do Flora, bar escondido atrás de floricultura nos Jardins
Fachada do Flora, bar escondido atrás de floricultura nos Jardins - Junior Peres/Divulgação

A ideia da floricultura foi circunstancial. "O speakeasy tem que ter essa coisa contrastante com o que existe dentro, e não queria perder a luz natural para quando a casa abrir de dia", explica Chueire. Assim, ele convidou uma amiga paisagista para montar sua loja ali, a Verde Uva.

O que os vasos e arranjos escondem é um corredor apertadinho de clima meio cavernoso, que é criado pela luz baixa, poltronas de couro, espelhos, letterings com jeitão de vintage e trilha sonora animada. No meio fica o coração de todo bar, o seu balcão.

"Queria encontrar alguém bem renomado para o bar, uma pessoa que pudesse dar credibilidade para a casa", explica Chueire. Assim, ele encontrou Adriana Pino, profissional premiada que se tornou chefe de bar.

A carta destaca coquetéis clássicos, apresentados em ordem cronológica. Começa em 1838, com o sazerac (R$ 64), e termina em 2014, com o macunaíma (R$ 42). Criados por Pino, por enquanto, são apenas três. "Queremos focar bem os clássicos nesse início", explica o empresário.

Para completar o time, convidou o chef Thiago Cerqueira, que trabalhou no Sympa e no Loup, para comandar a cozinha. O menu combina França e Brasil em receitas sofisticadas: há pastéis recheados com ragu de pato (R$ 34 com duas unidades), crudo de vieiras (R$ 64) e misto-quente com jamón e manteiga de trufas (R$ 45). "O pessoal vai esperando só tomar um drinque e acaba surpreendido por um cardápio bem executado."

É difícil não relacionar o Flora e o Bar das Flores ao Florería Atlántico —um bar escondido dentro de uma floricultura em Buenos Aires. O local está em terceiro lugar no ranking global do 50 Best Bars e é o melhor da América Latina. Chueire diz que a casa foi uma inspiração na hora de bolar seu speakeasy. Já Leo Henry, do Bar das Flores, diz que não foi o caso.

Instalado dentro do Mercado das Flores, tradicional espaço para compra de plantas e aberto desde 1927 no largo do Arouche, a casa é o local de espera para quem deseja entrar no Infini, o ultramoderno bar de drinques recém-inaugurado e escondido dentro do La Casserole, clássico restaurante francês que funciona há 68 anos do outro lado da rua. Não parece, mas os três pertencem, sim, à mesma família.

"O Mercado das Flores foi um dos motivos que levou os meus avós a escolher o lugar para abrir o La Casserole", conta Henry. "Essa sinergia com lojas de flores é uma coisa bem francesa." Segundo ele, o proprietário da floricultura brinca que os dois negócios namoraram todos esses anos, até que agora resolveram se casar.

Apesar de não ter qualquer sinalização —pudera, a casa nem sequer tem nome oficial—, o local ganhou o apelido de Bar das Flores e fica aberto para quem quiser sentar para bebericar. "As pessoas olham, veem as mesinhas, mas nem sempre entendem que existe um bar ali. Daí, quando entram e veem um bartender uniformizado fazendo drinques, ficam muito felizes."

E o espaço tem vida própria. Assim como no Infini, a carta é assinada por Victor Zucaroni, mas traz bebidas diferentes. São apenas cinco coquetéis, todos a R$ 30 e com receitas com algo que remete à botânica, para fazer jus ao cenário. É o caso do Mamie Taylor, com uísque, xarope de mel, limão-siciliano e espuma de gengibre. Para comer, há o club sandwich de hadoque (uma espécie de bacalhau) ou cogumelos, a R$ 30 cada um.

Além das cores, Henry diz que as pessoas gostam muito dos aromas. "Estamos o tempo todo de máscara. Mas quando o pessoal tira para tomar os drinques, sempre comenta que o lugar é muito cheiroso. Tem essa coisa sensorial também."

Flora Bar
R. Padre João Manuel, 795, Cerqueira César, zona oeste. Instagram @florabar.sp


Bar das Flores
Lgo. do Arouche, ​s/nº, República, região central. Instagram @infini.bar

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