Amor é ponto comum de monólogos femininos em cartaz na capital

Elas já dominam os mais diversos ambientes de trabalho e, nos palcos, não poderia ser diferente. Sozinhas, mulheres expõem personalidades dúbias, medos e segredos em ao menos cinco espetáculos teatrais em cartaz na capital paulista.

Os monólogos estrelados atualmente por atrizes retratam personagens reais e fictícias, mas sempre tendo como eixo a condição do ser feminino. São peças que exploram a maternidade, a independência e o amor.

Crédito: Ary Brandi/Divulgação
A atriz Suzan Damasceno caracterizada para a montagem de "A Obscena Senhora D" em SP

Como esperado, é justamente o amor que tornam parelhos esses espetáculos e, em especial, os encenados por Elisa Lucinda, Mônica Martelli e Suzan Damasceno.

Crua e suja

Um diferente prisma sobre a existência feminina é exibido em "A Obscena Senhora D", com Suzan Damasceno, no espaço Parlapatões (região central de São Paulo). Inspirada em texto de Hilda Hilst, a personagem é um bom exemplo da produção criativa da autora --crua e suja, com traços filosóficos e psicológicos significativos.

E Suzan Damasceno a interpreta com precisão. Traz à tona o espírito libertário de Hilst ao dar vida a uma viúva que se recolhe no vão da escada de sua casa, assustando vizinhos, questionando o divino, relembrando o ser amado e revivendo a própria sexualidade.

Crédito: Divulgação
Cena de "Os Homens São de Marte...E É pra Lá que Eu Vou", monólogo com Mônica Martelli

Já "Os Homens São de Marte...E É pra Lá que Eu Vou", em cartaz no teatro Procópio Ferreira (região oeste da cidade), é o oposto da densidade da peça com Suzan Damasceno. Responsável pelo texto e pela interpretação, Mônica Martelli recebeu, graças à obra, os prêmios Qualidade Brasil 2006 de melhor espetáculo, melhor atriz e melhor diretor, além de uma indicação ao prêmio Shell como melhor atriz.

A comédia retrata a história de uma jornalista balzaquiana que sofre com o fato de ser solteira. A fórmula do sucesso é simples e até vulgar --interação e identificação com o público presente. A diferença talvez se revele na contemporaneidade do texto, que descreve de forma bem-sucedida a dualidade entre os sexos.

Em casa

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Elisa Lucinda declama suas próprias poesias no espetáculo "Parem de Falar Mal da Rotina"

Por fim, Elisa Lucinda não interpreta --apenas desnuda sua própria personalidade-- em "Parem de Falar Mal da Rotina", que reestréia no teatro Imprensa (região central da capital paulista).

Talentosa poetisa, Lucinda faz do palco a extensão de sua casa. A despeito dos muitos problemas técnicos apresentados no dia da pré-estréia, o que é considerado aceitável, a atriz desfilou seu carisma e sua feminilidade diante de um público cativo.

O espetáculo, porém, poderia se restringir à interpretação das poesias da autora e ao bate-papo agradável com o público. A montagem fica comprometida no momento em que o ego da atriz, o improviso e a interatividade com o público transcendem seus devidos limites.

"A Obscena Senhora D"
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"Os Homens São de Marte...E É pra Lá que Eu Vou"
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"Parem de Falar Mal da Rotina"
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