Entenda seis vertentes da dança e saiba onde ver espetáculos em SP

Em busca de novos caminhos, linguagens e jeitos de dançar, bailarinos e coreógrafos procuram conectar-se ao seu tempo. Assim, o cinema, a fotografia, a música, as artes plásticas, o teatro e a performance, entre outras artes, são fontes inesgotáveis de pesquisa para a dança que se faz hoje. Isso sem falar em política, filosofia, tecnologia...

Ou seja, não basta apenas beber nos clássicos. Ousadia, pesquisa e criatividade são essenciais aos criadores. Muito mais do que definir um estilo de dança, esses artistas buscam formas de expressão que refletem seu modo de ver o mundo. "O que mais se vê hoje é uma dança sem fronteiras. Não dá mais para falar em apenas um estilo", diz Andréa Bardawil, diretora da Cia. de Arte Andanças (CE) e curadora artística do Festival de Dança de Joinville. Ao lado, você confere alguns tipos de dança, que, para permanecerem vivos, estão em constante transformação.

CONFIRA 6 VERTENTES DA DANÇA

Clássica
De origem aristocrática, nasceu nas cortes da Renascença na segunda metade do século 16, primeiro na Itália e depois na França. O rei Luís 16 foi quem incentivou a sua profissionalização, criando a Academia Real de Dança. Foi lá que foram criadas as cinco posições básicas do balé pelo mestre Pierre Beauchamp. Certamente você conhece alguns dos balés clássicos que ganharam o mundo: "O Lago dos Cisnes", "O Quebra-Nozes", "Gisele", "Don Quixote", "A Bela Adormecida" e "La Sylphide", entre outros.

Moderna
Saem as sapatilhas, entram os pés descalços. A bailarina Isadora Duncan (1877-1927) foi uma das principais representantes da dança moderna, que investiga um novo jeito de dançar, mais livre que o clássico, explorando movimentos de contrações, torções e desencaixes. Loie Fuller, Martha Graham, Rudolf von Laban e Émile Dalcroze foram outros importantes nomes que ajudaram na difusão dessa arte.

Crédito: Divulgação Cena do espetáculo "Ten Chi", da Pina Bausch Tanztheater Wuppertal, pesquisa de Pina sobre o Japão
Cena do espetáculo "Ten Chi", da Pina Bausch Tanztheater Wuppertal, pesquisa de Pina sobre o Japão

Dança-teatro
Esta dança, que trabalha com movimentos teatralizados e na qual os bailarinos interpretam personagens, foi criada nos anos 1970, na Alemanha, por Kurt Joss. No entanto, sua mais notória representante foi a coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009) e sua companhia, a Tanztheater Wuppertal. A experiência de vida de quem dança costuma ser importante para o processo de criação do trabalho, como na série de espetáculos que Pina fez em diferentes países do mundo. Em 2001 foi a vez do Brasil, com a montagem "Água".

Contemporânea
Utiliza as mais variadas técnicas sem impor limites à criatividade, tanto na movimentação como no uso de cenários, figurinos, roteiros e músicas. Nela, não existe um corpo ou um movimento ideal: todos podem contribuir com seu jeito único de dançar. Cabe ao coreógrafo, que muitas vezes conta com a ajuda dos bailarinos, construir um conceito do que deseja transmitir. Sentimentos, questionamentos e reflexões são bastante comuns nesse tipo de dança.

Popular e folclórica
Passadas de geração em geração, essas danças refletem o modo de vida, as histórias e os costumes de uma determinada região do país. Ciranda, coco, maracatu, cavalo-marinho, frevo, forró, xaxado e bumba-meu-boi são apenas alguns exemplos. O multiartista pernambucano Antonio Nóbrega é um dos maiores pesquisadores das danças populares brasileiras e acaba de fundar a sua própria companhia, A Cia. Antonio Nóbrega de Dança, que foca o estudo desses ritmos.

Crédito: Fernanda Ligabue/Divulgação Ensaio de "Humus", espetáculo do músico, coreógrafo e bailarino Antonio Nóbrega
Ensaio de "Humus", espetáculo do músico, coreógrafo e bailarino Antonio Nóbrega

Dança urbana
Originária dos guetos e centros urbanos norte-americanos, a chamada "street dance" é conduzida por uma forte batida musical. Composta de diferentes estilos (como popper, locker e breaking), é influenciada pelo hip-hop e pela cultura negra. Esse estilo de dança cresce cada vez mais no Brasil, a exemplo da 12ª edição do Festival Internacional de Hip-Hop, realizado em Curitiba. Outro expoente é o Grupo de Rua de Niterói, criado por Bruno Beltrão e Rodrigo Bernardi em 1996 e que realiza espetáculos internacionais desde 2002.

(KATIA CALSAVARA)


ONDE VER DANÇA EM SÃO PAULO?

Theatro Municipal
Além de histórico, é um dos teatros com maior capacidade da capital paulista (1.500 lugares) e a casa do Balé da Cidade de São Paulo, companhia fundada em 1968 que mantém o perfil de dança contemporânea. O Municipal costuma receber espetáculos grandiosos de repertório variado.

Tatro Alfa
Abriga sua tradicional Temporada de Dança (leia abaixo) no segundo semestre de cada ano. É palco de grandes montagens de diversos estilos.

Auditório Ibirapuera
Recebe temporadas populares (com ingressos gratuitos ou a R$ 20) e, neste ano, foi palco do 1º Festival O Boticário na Dança, com importantes atrações nacionais e estrangeiras.

Teatro Sérgio Cardoso
Há cerca de dois anos, abriga na sala Paschoal Carlos Magno o Teatro de Dança. Desde junho, tem recebido uma temporada com novos espetáculos da São Paulo Cia. de Dança, grupo cujo repertório trafega entre o clássico e o contemporâneo.

Sesc
Algumas unidades do Sesc têm seus projetos específicos dedicados à dança:
Pinheiros: Improviso, em que intérpretes criam junto com o público
Belenzinho: Série Trajeto, em que artistas mostram seu repertório
Santana: Dança-Ocupação, com improviso e adaptação de repertório de grupos
Pompeia: Tudo Dança, com performances que estudam o espaço urbano
Consolação: Primeiro Sinal (também para teatro), com primeiras produções de artistas
Ipiranga: Performances, com experimentações artísticas de diferentes linguagens

Centros Culturais
A Galeria Olido abre muitas portas para novos artistas e experimentações, assim como a Funarte, que atualmente recebe projetos como a Mostra Primeiras Obras. O Centro Cultural São Paulo é outro palco importante da dança e, até o fim de agosto, recebe as Semanas de Dança.

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