Os bailarinos param de dançar, mas continuam visíveis aos olhos do público. Aqueles que já se apresentaram tomam seus lugares em cadeiras iluminadas por feixes de luz, simbolizando a presença de algo divino.
A cena integra a nova produção do Grupo Corpo, "Gira", que entrou em cartaz no Teatro Alfa nesta sexta (4). O espetáculo da companhia mineira de dança desenvolve o conceito de não cenário: o palco onde a coreografia é apresentada conta apenas com tule negro e não tem coxias.
"Quando os bailarinos saem de cena, eles vão para uma zona periférica, onde vestem um véu preto e são iluminados por uma lâmpada que indica a presença de uma entidade", explica o cenógrafo Paulo Pederneiras.
Com músicas da banda Metá Metá, "Gira" foi inspirado em religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé. A coreografia foi criada por Rodrigo Pederneiras a partir da trilha sonora original do grupo paulista, dedicada a Exu, orixá responsável pela comunicação entre os mundos espiritual e material.
O contraste entre claridade e escuridão está sempre presente em cena para explorar o significado da luz em diferentes crenças. "Há uma necessidade das religiões de manter o contato com outro plano de existência", comenta Paulo, que frequentou terreiros e explorou a literatura sobre umbanda e candomblé para dar vida ao espetáculo. "Nós entramos nessa empreitada com todo o respeito do mundo por essas religiões."
Depois de São Paulo, o grupo segue com a coreografia para Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.
Teatro Alfa - R. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Jardim Dom Bosco, região sul, tel. 5693-4000. Qua. e qui.: 21h. Sex.: 21h30. Sáb.: 20h. Dom.: 18h. Até 16/8. Ingresso: R$ 50 a R$ 160. Ingr. p/ 4003-1212 ou ingressorapido.com.br.
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