"Edukators" (2004), cultuado filme do austríaco Hans Weingartner, ganhou versão teatral no início do ano e estreia nesta sexta (12) no Sesc Belenzinho (zona leste de São Paulo) após temporada no Rio de Janeiro.
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Os ingressos para a temporada, que vai até 26/5, custam entre R$ 6 e R$ 24 e podem ser comprados em qualquer unidade do Sesc.
A adaptação de Rafael Gomes, dirigida por João Fonseca, é a primeira montagem internacional autorizada por Weingartner, que chegou a acompanhar a produção no Brasil.
A trama revoltosa mostra um grupo de jovens (Fabrício Belsoff, Natália Lage e Pablo Sanábio) que promove ações pacifistas invadindo mansões.
Para mimetizar os planos fechados do longa, a peça tenta aproximar o público da ação, como se os espectadores "invadissem" os espaços junto com os atores, explica Fonseca.
LEIA ENTREVISTA COM O DIRETOR JOÃO FONSECA
Guia - Esta é a primeira adaptação autorizada pelo autor, Hans Weingartner, fora da Alemanha. Weingartner até chegou a ir para o Rio acompanhar a estreia e fazer um vídeo. Como foi?
João Fonseca - Antes da sessão, a gente passa um vídeo feito por Weingartner com uma contextualização da história. São várias imagens de jovens em seus movimentos revolucionários, apenas para dar um clima para a peça.
E como foi a presença dele durante a produção da peça?
Foi superbacana, ele foi bastante respeitoso e empolgado com a adaptação. Acho que ele veio para cá curioso e, obviamente, cuidadoso com o que estavam fazendo com o filme dele. Ele achou que ficou muito bem adaptado e que as liberdades tomadas foram pertinentes. Ele ficou tão bem impressionado que pegou a adaptação para, de repente, poder produzi-la na Alemanha.
Você diz que a adaptação de Rafael Gomes consegue ser muito fiel ao filme e, ao mesmo tempo, original. Em que sentido ela inova?
Rafael conseguiu colocar o estilo dele e transformar a trama em teatro. Em vários momentos, os atores conversam diretamente com a plateia, o que é um expediente bastante teatral. Ele acabou, de alguma forma, dando contornos diferentes para os personagens e foi completando algumas características que eram importantes para a peça.
Você também já era um admirador do filme. Como você vê essa história encenada para a plateia brasileira?
A adaptação do Rafael não situa a história em lugar nenhum, nem Brasil ou Alemanha. É uma situação que pode acontecer em qualquer lugar. Partimos da premissa que os jovens em qualquer lugar ou época vão sempre ter esse espírito de rebeldia e inconformismo de querer mudar o mundo. Tem a revolução social e também a pessoal, que é um dos enfoques da peça: eles acabam se separando por um triângulo amoroso e têm dificuldade de lidar com a liberdade e a revolução pessoais.
Na peça, o triângulo amoroso tem mais peso do que no filme...
Sim, o triângulo acaba ficando um pouco mais destrinchado. São dois amigos que acabam dividindo a mesma mulher e começam uma disputa. Como vai funcionar esse sistema? Eles vão conseguir revolucionar e mudar essa ordem natural? Ou seja, deveria haver um rompimento por parte de um deles e esse triângulo teria que se dissolver? Ou eles vão conseguir superar isso e criar uma outra forma de viverem os três juntos? É uma discussão que a gente achou muito interessante para hoje
No filme, a câmera fica bastante próxima dos atores. Na peça, vocês também quiseram criar essa sensação de proximidade?
Sim. São dois ambiente. A primeira parte da peça, o prólogo, que acontece até a primeira invasão, é feita em um local. E, quando os atores invadem a mansão, o público é convidado a invadir junto com eles. Esse movimento acaba criando mais uma sensação de proximidade.
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