A segunda edição da Mostra Internacional de Teatro (MIT) chegará a São Paulo em março. Do dia 6 ao 15/3, o público poderá conferir cerca de dez espetáculos (a maioria a R$ 20) vindos de países como Alemanha, Rússia, Ucrânia, Inglaterra, Itália e Israel. O festival também terá debates e workshops.
"O perfil da curadoria se mantém. Demos preferência a espetáculos experimentais e radicais", diz Antonio Araujo, diretor do Teatro da Vertigem e idealizador do projeto. Segundo ele, essa edição da MIT terá três vertentes principais: o número de espetáculos é reduzido, para que as pessoas possam ver todos; há um eixo reflexivo (que abordará, por exemplo, a relação entre teatro e cinema); e a releitura de textos clássicos –várias peças são baseadas em dramaturgos como Anton Tchékov.
Diferentemente da edição passada, os espetáculos de 2015 não serão gratuitos. Serão cobrados R$ 20, preço popular de ingressos. "É uma forma de evitarmos as enormes filas que se formaram neste ano, pois agora haverá vendas on-line", diz Araujo.
"A venda de ingressos também possibilita que pessoas que não morem em São Paulo possam vir até aqui para conferir os espetáculos, com a certeza de que vão entrar no teatro", ressalta. Na primeira edição, houve diversas reclamações de espectadores que não conseguiram ver as peças porque as salas lotavam muito rapidamente.
A venda on-line começará no dia 5/2.
Na edição de 2014, aproximadamente 14 mil pessoas assistiram às peças. Em 2015, o festival será expandido (chegará a teatros das zonas leste e norte), e a ideia é que haja cerca de 25 mil lugares. Ao longo de dez dias de programação, cada espetáculo será apresentado de três a seis vezes.
Os locais da apresentação ainda não foram completamente definidos, mas o Auditório Ibirapuera (zona sul), o Itaú Cultural (centro) e unidades do Sesc receberão peças.
Por enquanto, ao menos dez peças estão confirmadas na mostra. A ideia dos idealizadores é que, até fevereiro, mais dois ou três espetáculos latino-americanos sejam confirmados.
As mesas redondas discutirão contrastes que estarão na mostra: a relação entre teatro e cinema e conflitos de países como Rússia e Ucrânia e Israel e Palestina.
Veja, abaixo, as peças que já estão confirmadas e que virão para o Brasil em março.
Opus Nº7
Direção: Dmitry Krymov
País: Rússia
Com o uso de bonecos gigantes, o grupo do encenador Dmitry Krymov aborda a perseguição dos judeus soviéticos e a pressão no regime stalinista, principalmente a censura sofrida pelo compositor Dmitri Schostakóvich. O espetáculo é dividido em duas partes, que serão mostradas em sequência.
Senhorita Julia
Direção: Kate Mitchell e Leo Warner
País: Alemanha
A peça do grupo alemão Schaubühne am Lehniner Platz é dirigida pela britrânica Kate Mitchell. "Esse foi o espetáculo-trauma da primeira edição", brinca Araujo. "Nós tentamos de tudo para trazê-lo e naufragamos, não conseguimos. Ficou entalado na nossa garganta. Agora ele finalmente vem". Uma das características mais forte do trabalho de Mitichell é justamente a união do teatro e da projeção de vídeo. Ela traz, portanto, o clássico de August Strindberg para um âmbito contemporâneo.
Canção de Muito Longe
Direção: Ivo van Hove
País: Holanda
Esta peça terá sua estreia mundial durante a MIT. "É um grande risco", comenta Araujo. "A peça ainda está sendo ensaiada, e o trabalho de van Hove é muito bom; talvez seja hoje um dos encenadores mais importantes da Holanda". Ainda se sabe pouco da sinopse, mas a história trata de um jovem banqueiro holandês que retorna à Amsterdã para o funeral de seu irmão. Através de cartas, registros e fotos, ele tenta firmar uma relação com esse irmão, com quem tinha pouco contato. O espetáculo terá música ao vivo.
O diretor van Hove ministrará um workshop, no qual profissionais (em direção, dramaturgia, música, etc.) poderão fazer um estágio para finalizar o espetáculo.
A Gaivota
Direção: Yury Butusov
País: Rússia
Nesta releitura do clássico de Tchékhov, as mesmas cenas são apresentadas várias vezes, sob pontos de vista diferentes. Ganhador do Máscara de Ouro, importante prêmio de teatro na Rússia, o espetáculo tem 4h45 de duração.
As Irmãs Macaluso
Direção: Emma Dante
País: Itália
Segundo Araujo, este é um espetáculo que explora a vitalidade dos atores no palco. Na trama, com aspectos cômicos, sete irmãs retomam memórias de sua família.
Stifters Dinge
Diretor: Heiner Goebbels
País: Alemanhã
A peça é como uma instalação teatral e não tem atores. O cenário é formado por pianos mecânicos, aquários, imagens e piscinas de gelo seco. Um texto, traduzido em português, é projetado na parede.
Arquivo
Direção: Arkadi Zaides
País: Israel
O coreógrafo israelense Zaides propôs que palestinos filmassem os conflitos em territórios ocupados. As imagens são projetadas, e Zaides dança com base nos vídeos, que têm características de documentário.
Woyzeck
Direção: Andriy Zholdak
País: Ucrânia
Talvez esta peça seja a abertura da MIT. A releitura do clássico de Georg Büchner é dirigida pelo ucraniano Andriy Zholdak, cujo trabalho não é muito bem aceito no país. Atualmente, ele mora em Berlim, cidade que lhe deu mais liberdade para se expressar. Nesta versão, os atores se movimentam dentro de caixas de vidro.
E Se Elas Fossem para Moscou?
Direção: Chrtistiane Jatahy
País: Brasil
O traço principal do trabalho de Christiane Jatahy é justamente a relação entre teatro e vídeo. Quando apresentado no Sesc Belenzinho, onde estreou neste ano, o espetáculo (releitura de "As Três Irmãs", de Tchékhov) era filmado e projetado ao vivo em outra sala, o que permitiu que o espectador optasse por ver a peça ou ver o filme.
Julia
Direção: Chrtistiane Jatahy
País: Brasil
A revisitação do clássico "Senhorita Julia", de August Strindberg, também usa projeção de vídeos. Conta a história de Julia, uma jovem rica de 17 anos de idade, se envolve com o motorista de sua família.
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