Retrospectiva 2022: Cultura de São Paulo ganhou novas casas de shows, cinemas e teatros

Na gastronomia, cidade viu pegar ondas japonesas como os 'cat' e 'maid' cafés

-
São Paulo

Embora a pandemia ainda não tenha acabado, o primeiro ano do retorno mais consistente da cultura e da gastronomia paulistana após a ressaca causada pelos meses de quarentena foi regido pela reconstrução.

Na área musical, o vácuo deixado por palcos menores que tiveram que fechar as portas —como a Casa do Mancha e o Breve— começou a ser preenchido por novos espaços de música, como a Casa Rockambole, CL Music Hall e o Bar Alto. Um palco maior, o Pavilhão Pacaembu, também foi inaugurado em abril com um show de Gal Costa, que morreu neste ano.

O cinema viu uma movimentação semelhante acontecer e São Paulo também ganhou novos espaços de rua —o Cine Bijou, Cineclube Cortina e o Cine LT3. Por outro lado, o setor também teve baixas com o fechamento de duas salas Playarte. No teatro, três novos palcos também apareceram na cidade. Além do Teatro União, do Fermenta Cultural, o Teatro Sérgio Cardoso inaugurou sua primeira sala digital.

No mundo da gastronomia, São Paulo ainda teve novidades que partiram de tendências, como as de origem japonesa —caso da inauguração de alguns "cat cafés", que unem quitutes e gatinhos no mesmo ambiente, e os "maid cafés", que fizeram sua estreia no bairro da Liberdade.

Confira, abaixo, alguns dos destaques da capital neste ano.

MÚSICA

A pandemia alterou permanentemente a cena musical paulistana —obrigou espaços formadores da música nova e independente da cidade, como a Casa do Mancha, o Breve e o Morfeus Club, a encerrar as atividades após longos períodos sem conseguir fechar as contas.

Também balançou as estruturas de alguns outros palcos que, por meio de apoios de marcas ou campanhas de arrecadação, conseguiram se reestruturar depois —foi o caso da Casa de Francisca e do Bona, que em 2023 reabre em novo endereço. O primeiro ano de reabertura, portanto, foi de algumas retomadas, mudanças e novidades que podem ajudar a preencher parte do estrago.

Surgiram, principalmente na zona oeste, palcos menores, que começaram a ser usados pela cena que ficou órfã de lugares mais intimistas para se apresentarem. Em março apareceram em Pinheiros a Casa Rockambole que ocupou a construção que antes era do Estação Rio Verde, voltada à música brasileira independente, e o CL Music Hall, braço do CityLights Hostel, que tem recebido shows de médio e grande porte.

No último mês do ano apareceu na Vila Madalena a empreitada dos sócios à frente do Grupo Tokyo, do selo Balaclava e do Popload, o Bar Alto —que mistura espaço para shows e discotecagem a bar e restaurante. A maior abertura do ano foi o Pavilhão Pacaembu, inaugurado com show de Gal Costa em uma tenda de 4.000 m² e capacidade para até 9.000 pessoas.

O ano também guardou algumas mudanças nos nomes que se dão às coisas —por causa de compras de direitos de nomes, o Tom Brasil passou a se chamar Tokio Marine Hal e o Credicard Hall agora é Vibra São Paulo.

Bar Alto - R. Aspicuelta, 194, Vila Madalena, região oeste. Instagram @baralto.sp

Casa Rockambole - R. Belmiro Braga, 119, Pinheiros, região oeste. Instagram @casarockambole. Agenda e ingressos em
rockambole.fanlink.to/Ingressos

CL Music Hall - R. Padre García Velho, 61, Pinheiros, região oeste. Instagram @citylights_sp. Agenda e ingressos em clmusichall.com

Pavilhão Pacaembu - Pça. Charles Miller, s/nº. Agenda e ingressos em pacaembuoficial.com.br


CINEMA

Este ano foi marcado pelo retorno dos cinemas de rua em São Paulo. Um dos primeiros a abrir as portas em 2022 foi o Cine Bijou, reativado pelo grupo Satyros na praça Roosevelt após 26 anos parado.

Também na região central, o Cineclube Cortina foi aberto em um antigo estacionamento, repaginado com uma pegada moderninha. No subsolo do local foi instalada uma tela de cinema e algumas espreguiçadeiras para assistir às sessões. O cinema é a base do endereço, mas a casa também tem restaurante, bar e é sede de shows e festas.

O Cine LT3 também foi inaugurado em uma sala de estilo retrô no bairro de Perdizes com a proposta de recuperar a cultura dos cinemas de rua. Em comum, a programação nos três endereços busca o escape dos blockbusters e dá prioridade a filmes nacionais, clássicos e os que fogem do circuito comercial.

Por outro lado, a rede Playarte fechou duas de suas unidades na capital, enquanto os frequentadores do anexo do Espaço Itaú de Cinema da rua Augusta tentam brecar a demolição das duas salas de projeção para a construção de um prédio.

Cine Bijou - pça. Franklin Roosevelt, 172, Consolação, região central, tel. 3255-0994 e 3258-6345. satyros.com.br

Cineclube Cortina - r. Araújo, 62, República, região central, Instagram @cineclubecortina

CINE LT3 - r. Apinajés, 135, Perdizes, região oeste, tel. 91679-5588. Instagram @cine_lt3. cinelt3.com.br


TEATRO

O período no teatro também foi de reconstrução —a cidade ganhou três novos palcos, todos eles mais intimistas. O Teatro União, revitalizado pelo ator Eduardo Martini, abriu sala dedicada a produções de pequeno porte, como monólogos, leituras e shows acústicos. Equipado com um piano de cauda e capacidade para 60 pessoas, o espaço leva o nome do diretor, ator e dramaturgo Elias Andreato.

Surgiu também o Fermenta Cultural, inaugurado em setembro dentro da Fermentaria Jandira, um bar com opções de fermentação natural próximo ao Butantã. A sala leva o nome do diretor inglês Peter Brook e tem capacidade para receber 30 pessoas.

Enquanto isso, o Teatro Sérgio Cardoso, um dos principais espaços culturais da cidade, aproveitou a experiência virtual para abrir a sua primeira sala digital, onde as peças serão gravadas. Para tentar garantir uma experiência o mais próxima possível do presencial, a instituição conta com seis câmeras de resolução digital 4K e o conteúdo é todo disponibilizado na plataforma #CulturaemCasa, da Secretaria Municipal de Cultura.

Fermenta Cultural - r. Antônio Mariani, 250, Instituto de Previdência, região oeste. Instagram @fermentacultural

Teatro Sérgio Cardoso Digital - Link

Teatro União Cultural - Sala Elias Andreato - r. Mário Amaral, 209, Paraíso, região oeste. Instagram @teatrouniaoculturaloficial


GASTRONOMIA

Ondas instagramáveis dominaram as cafeterias. Entre as modas que surgiram por aqui estão os "cat cafés", que permitem que os clientes brinquem com gatinhos. Os bichanos ficam em uma sala separada e, depois da visita, também podem ser adotados. Foram ao menos quatro locais abertos apenas neste ano: Gatcha, Gato Pingado, Ron Ron e Gateria.

A tendência ficou popular no Japão, e desse país asiático também foram importados os "maid cafés", que fizeram sua estreia no bairro da Liberdade. No Chest of Wonders e no DokiDoki, os atendentes se vestem como empregados, fazem dancinhas e chamam os clientes de mestres.

Os cafés com ilustrações em 2D também desembarcaram na cidade, pensados para as fotos das redes sociais. No Gato Griô e no Rabisco Café, toda a decoração é em preto e branco, e a impressão que dá é a de que os visitantes estão em uma história de quadrinhos.

Chest of Wonders - r. Galvão Bueno, 580, Liberdade, região central, Instagram @chestmaids.cafe. Reservas aos fins de semana

DokiDoki - r. Galvão Bueno, 351, segundo andar, Liberdade, região central, @dokimaidcafe

Gatcha - Galeria Metrópole - av. São Luís, República, centro, 2º andar. Instagram @gatchasp

Gateria - r. Dr. José de Queirós Aranha, 358A, Vila Mariana, região sul. Instagram @gateriacatcafe

Gato Griô - tv. Dona Paula, casa 115, Higienópolis, região central, WhatsApp (11) 96353-7590, Instagram @gato_grio

Gato Pingado - r. João Moura, 607, Pinheiros, região oeste, tel. (11) 97063-8783. @gatopingadocafe

Rabisco - al. Franca, 1.552, Jardim Paulista, região oeste, Instagram @rabiscocafe2d

RonRon - r. Carneiro da Silva, 28A, Vila Leopoldina, região oeste. Instagram @ronron_catcafe

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem

Últimas

Ver mais