Sou um entusiasta das lojas de vinho da cidade que instalam restaurantes no seu interior e cobram pela bebida preços de prateleira. A mais nova a entrar nessa onda é a importadora Ravin. Sua primeira loja própria, nos Jardins, sedia também o restaurante Vinho & Pasta, uma alternativa simpática para a região.
A iniciativa é manobrada cuidadosamente. A loja é pequena, mas com tamanho suficiente para expor as centenas de rótulos de todas as origens —e todos os preços— oferecidos pela importadora.
E, para o cardápio, foi buscada a expertise de quem está há muito na área, o proprietário, homônimo, da cantina Pasquale, que aqui está presente sem estardalhaço em um menu enxutíssimo —e somente de massas (apenas seis!), além de alguns antepastos e duas sobremesas.
A cozinha, como sempre no Pasquale, tem o desempenho na medida certa, sem arroubos, mas satisfatória e barata. Acompanhada por vinhos de preços igualmente comedidos, proporciona bons momentos.
A linguiça calabresa curada do antepasto, feita na casa (R$ 15), não terá o brilho da suculência das melhores do mercado, mas cumpre seu papel de alertar o paladar. O molho carbonara, com spaghetti (R$ 45), tenta ser correto nos ingredientes, mas lhe falta a mão precisa (e as proporções corretas) para que seja untuoso e não quase líquido.
Em compensação, os ares cantineiros dos molhos de tomate não decepcionam: conseguem se equilibrar mesmo na profusão quase carnavalesca de ingredientes no penne Pérola Negra (com mozarela de búfala, alho, azeitona preta, pancetta, manjericão, queijo pecorino... R$ 55) e no prato do dia (R$ 57), sempre orecchiette (na forma de conchinhas) mas com molho que pode ser de tomate e linguiça, saboroso, ou de bem temperado ragu de cordeiro (as receitas variam diariamente).
Um tiramisù com boa dose de café, vinho do Porto... e está feita a refeição sem decepções e sem doer no bolso.
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