O cheiro forte que toma conta do nariz logo na entrada do Thaitai Brasil, nos Jardins, não vem da cozinha, mas de algum incenso ou essência daquelas usadas em spas.
Por um instante, parece que você está lá para receber uma massagem, não para comer. O restaurante está instalado em um sobrado, com mesas em dois pisos, bem perto do novo e badalado Z Deli Delicatessen.
Na entrada, uma estátua de ares tailandeses e um garçom com turbante dão um ar étnico ao lugar. Talvez numa tentativa de atrair clientes em busca de uma refeição exótica.
A visita aconteceu em um dia de semana, quando é possível pedir o almoço executivo. Na fórmula, é cobrado o prato principal e o cliente ganha entrada e sobremesa. Uma alternativa que parece atraente em um endereço cujas entradas começam na faixa dos R$ 70.
Apesar do perfume intenso do ambiente e dos preços salgados, a conversa do casal da mesa da frente dá uma animada. Quando a atendente pergunta o que acharam do almoço, ambos tecem elogios, dizendo que gostam muito do lugar e que é a sexta vez deles ali.
O cardápio no QR Code é confuso, com muitas opções distribuídas em abas pouco compreensíveis para quem não conhece a culinária tailandesa. Recorrer à garçonete não ajuda.
Ela nomeia os curries preparados por suas cores, mas não soube explicar como são feitos, quais ervas e especiarias são usadas e quais sabores os diferenciam —a sensação é que a picância é o único marcador.
A entrada de tod mun pla (bolinho de peixe) chegou com boa apresentação, num empanado sequinho por fora. Mas decepcionou. A última esperança para salvar o petisco, sem gosto e ressecado por dentro, foi passar no molho agridoce que o acompanhava. Não adiantou.
A porção —que no menu-executivo chega com três unidades— foi logo abandonada. No cardápio normal, a receita custa R$ 74 e vem com seis bolinhos.
De prato principal, o thai curry gai (um ensopado de frango à base de leite de coco e especiarias; R$ 97) chegou colorido, cheio de legumes e com arroz à parte.
O frango estava macio. Os vegetais (broto de feijão, ervilha, cebola roxa, cenoura, tomates-cereja, abobrinha e cogumelos) eram fartos e tinha textura al dente.
Pena que o curry tinha gosto de farinha, o que indica um problema de execução no preparo do molho. Já o arroz de acompanhamento estava frio.
De sobremesa, o khao niew mamuang (arroz doce tailandês com calda de coco servido com duas tirinhas de manga ao lado; R$ 47 no cardápio à la carte) não conseguiu destoar do padrão dos outros pratos da refeição. Seu sabor remetia ao perfume do ambiente —ou seja, era enjoativo e lembrava essências.
A sequência de receitas, que nasceu há 11 anos como food truck, foge à variedade de sabores, texturas e ervas frescas da cozinha tailandesa. Com o agravante de cobrar caro por isso: somando a água que acompanhou a refeição, a conta custou R$ 126,72. Fora do menu-executivo, teria saído por R$ 258 —com uma singela taxa de serviço sugerida de 14%.
23h00
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